Retorno das aulas em Curitiba é prorrogado para agosto

por Sophia Becker da Gama
Retorno das aulas em Curitiba é prorrogado para agosto

Devido ao crescente número de casos de COVID-19 na cidade, o retorno das aulas da rede municipal de educação foi adiado de maio para agosto 

Por Guilherme Kruklis, Laura Luzzi e Sophia Gama.

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, anunciou no dia 28 de abril, a prorrogação da data do retorno às aulas da rede municipal de educação para o mês de agosto. São mais de 145 mil estudantes divididos em escolas, centros de educação infantil e centros de educação para jovens e adultos (EJA) que serão afetados por esta medida. 

A suspensão das aulas presenciais se deu pelo decreto de isolamento social baixado pela prefeitura por conta do novo coronavírus e o constante crescimento de contaminados no país. Como forma de diminuir os danos causados na educação, foram ofertadas aulas à distância. As aulas foram preparadas pela Secretaria Municipal de Educação e estão disponíveis online, no canal do Youtube TV Escola Curitiba, e na televisão, no canal 9.2 da TV Paraná Turismo. Segundo a secretária municipal da Educação, Maria Sílvia Bacila, todo o conteúdo faz parte do currículo da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, e serão retomados uma vez que as aulas presenciais retornarem. As videoaulas contam com as propostas para a educação infantil, aulas de matemática, língua portuguesa, robótica, geografia, educação física, artes, ciências, história, ensino religioso, literatura, direitos humanos e família. Já nos sábados o conteúdo é repassado com adaptações metodológicas para estudantes em inclusão.

Para a professora da rede municipal, Márcia Francisca de Freitas, apenas 30% dos alunos estão assistindo as aulas, que são essenciais na realização das atividades remotas. “Temos que levar em consideração que muitos não têm acesso às tecnologias necessárias, e nem o acompanhamento e apoio dos pais, que são primordiais no Ensino Fundamental I”, pondera Márcia em relação às dificuldades da aprendizagem dos alunos de idades menores. A professora da educação infantil ainda acredita que as dificuldades crescem exponencialmente quando há fechamento de escolas em período prolongado, porque elas cumprem um papel de equalização na sociedade e quando são fechadas, as desigualdades tornam-se maiores. “Certamente, quando voltarmos teremos uma dificuldade muito grande em relação ao que precisamos fazer com a alfabetização, que é um aprendizado contínuo e estabelece a união de dois processos: escrita e leitura, processo esse que pode ser perdido neste período de estudos à distância”, afirma a educadora. Ela ainda reconhece que, no retorno das aulas presenciais, será necessária a realização de provas diagnósticas para mensurar as perdas ocorridas neste período, que será de, no mínimo, 6 meses. Para Márcia, as escolas deverão retomar alguns conteúdos, para que os alunos possam ter o requisitos básicos para avançarem ao ano seguinte.

A diretora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (SISMMAC), Dulce Chaves, afirma que o Sindicato é contra o método de educação à distância para o ensino municipal, uma vez que nem todos têm acesso as aulas online, e que as mesmas não possuem uma garantia do aprendizado. Chaves conta que o SISMMAC propõe como alternativa o adiamento do ano letivo, para garantir o acesso e o comprometimento de todos. A diretora afirma que, por ordem da Secretaria Municipal da Educação, os professores devem assistir também as aulas online, como os alunos, e enviar um relatório de cada aula para seus superiores. Outro problema seria também a falta de acessibilidade para os professores, já que grande parte já são idosos que têm dificuldade com as tecnologias, portanto não conseguem passar as atividades para seus alunos de forma eficiente ou realizar seus relatórios diários. Como solução para a falta de acesso, a Secretaria de Educação instalou computadores para os docentes nas Ruas da Cidadania de cada regional da cidade, contudo estão sendo pouco usados devido à quarentena.