Arte sustentável ainda é pouco visível em Curitiba

por Ex-alunos
Arte sustentável ainda é pouco visível em Curitiba

Tema não está presente nos principais museus da cidade

Por  Nathalia Gorte e Thaís Mota

A arte sustentável, que utiliza materiais recicláveis, em Curitiba, ainda não tem muita visibilidade nos institutos artísticos e são poucas escolas que abordam esse tema com pais e alunos. Alguns projetos educativos, porém, estão surgindo para mudar a falta dessa temática.

Em quase 50 anos, dois dos principais museus de Curitiba só apresentaram uma exposição que envolvesse o tema de sustentabilidade na arte. Um deles é o Museu Oscar Niemayer (MON), o qual afirma em nota que somente em 2013 houve uma exposição sustentável, da artista Efigênia Rolim, mas foi realizada pela Bienal de Curitiba, que só utilizou o espaço.

Já o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC) não apresentou nenhuma exposição que envolvesse materiais recicláveis ou o tema desde a década de 70. “Sustentabilidade” começou a ser discutida na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na Suécia, em 1972.

Luíz Antônio Gagliastri, artista plástico que trabalha com sustentabilidade e ex-aluno do Centro Juvenil de Artes Plásticas, diz que a preocupação ecológica está crescendo e abrindo horizontes, porém, poucos museus ainda trabalham com sustentabilidade. “Os museus, no geral, estão mais preocupados com o nível das exposições, os nomes dos artistas do que com a mensagem que os artistas podem levar”.

 

Projeto abre espaço para a arte sustentável

Em oposição a essa invisibilidade da arte sustentável, o Centro Juvenil de Artes Plásticas (CJAP) está realizando uma oficina com matérias recicláveis até 29 de junho: “Arte Sustentável-Articulando o Reciclável”. Segundo a diretora do CJAP, Débora Maria Russo, a oficina foi criada para trabalhar a conscientização de crianças e adolescentes, juntamente com os seus responsáveis. Os materiais recicláveis são utilizados de forma artística, não somente de forma lúdica. Além disso, todo o lixo do centro é reciclado e separado – o mínimo é jogado fora.

Débora, entretanto, afirmou que a procura muito baixa do curso causou decepção. “A consciência dos pais realmente ainda precisa ser trabalhada, visto que não teria gasto, com exceção do transporte da criança até o centro uma vez por semana. Foi triste nesse sentido”.

O professor autônomo, artista plástico e gráfico responsável por administrar a oficina, Joba Tridente, trouxe o “Articulando o Reciclável” com o objetivo de fazer os alunos enxergarem a arte sustentável não somente como garrafas pets usadas, e sim como uma arte original – com técnica de trabalho exclusivo, mas que ainda pode ser diferenciada de outros artistas – que precisa ser pensada. A arte sustentável tem como base a prática e autodidatismo. “Ninguém ensina isso nas escolas, você tem que procurar sua originalidade” afirma Tridente.

O artista ainda procura expandir suas oficinas para dar visibilidade a essa arte e mudar o modo como se confunde artesanato barato com a reciclagem de materiais.

A estudante Alice Nardelli, 14 anos, está participando do CJAP há quatro anos e conta suas experiências com as oficinas e aulas do professor Joba Tridente: “Essa aula de arte sustentável é muito importante para conscientizar as pessoas, pois o consumismo é bem grande, principalmente no Brasil”.

Alice ainda acrescenta que “Isso [arte sustentável] requer muita habilidade, criatividade e exige um esforço pessoal, não é só pegar um pedaço aqui, colar e pronto: é uma obra de arte. Tem que ser uma coisa bem detalhada, com cuidados”.

 

Festival de música traz inovação em sustentabilidade na arte

Unindo arte e sustentabilidade, no dia 13 de maio na Pedreira Paulo Leminski, o festival de música Coolritiba será um diferencial na capital paranaense. O objetivo é reunir jovens preocupados com o futuro e o meio ambiente, apresentando diversas propostas culturais reunidas: dança, música, arte e moda, todas ligadas às questões da preservação do meio ambiente, sustentabilidade, diversidade que reforçam a democratização da cultura.

O festival, em parceria com a prefeitura, também aborda ações feitas em prol da natureza e da sociedade: para cada pagante será plantada uma árvore na cidade – pela organização do evento – e doação de um livro na entrada do evento, pelos participantes.
Completando as promoções, também haverá arte sendo feita ao vivo durante o festival e decoração feita por artistas locais com materiais recicláveis. O evento conta com atitudes positivas que podem mudar o mundo e continuar trazendo os benefícios sustentáveis a Curitiba.