Campanha defende mulheres de assédio sexual no dia a dia

por Ex-alunos
Campanha defende mulheres de assédio sexual no dia a dia

Ofensivas para a maioria das mulheres, cantadas em locais públicos começam a ser combatidas por campanha

Por Amanda Bedide

Infográfico - Campanha Chega de Fiu Fiu

Infográfico da Campanha Chega de Fiu Fiu | Guilherme Liça

As insistentes cantadas que acompanham as mulheres por quaisquer lugares que estejam passando têm ganhado um status diferente nos últimos tempos. O que para muitos homens é apenas um elogio inofensivo, para as mulheres é uma tortura diária, que amedronta, constrange e irrita. A jornalista Juliana de Faria criou a Campanha Chega de Fiu Fiu, que aborda o assunto, até então ignorado. Pesquisas realizadas em 2013, mostram que os assovios e cantadas em locais públicos incomodam a maioria das mulheres. De 7.762 mulheres brasileiras entrevistadas, 83% não gostam desse tipo de atitude.

Apesar de afetar a vida das mulheres todos os dias, não havia dados ou informações sobre esse problema. Mas, quanto mais nos posicionávamos contra o assédio, mais claro ficava o quanto esse tema era pertinente”, reforça a colaboradora da campanha, Luíse Bello.

Segundo ela, a principal diferença entre elogio e cantada está no respeito à mulher e na consideração ao interesse dela nessa interação. “Um elogio tem a intenção de agradar a mulher e dá a ela o direito de resposta. Já a cantada é um exercício de poder masculino, independente da vontade dela, e sem se importar se ela vai gostar ou não”, afirma.

Isso se confirma com a jornalista Luciane Belin que responde à maioria das cantadas que recebe nas ruas. “A maneira como eu reajo depende muito da situação. Se não é perigosa, respondo mesmo. Lembro de várias vezes, em que se tratava de um grupo de homens, que eles revidaram com xingamentos ainda mais ofensivos do que da primeira vez”, conta. Já a estudante de Agronomia, Anna Nogueira, afirma não revidar este tipo de abordagem. “Mesmo isso me incomodando muito, prefiro não reagir, não olhar e fingir que nem ouvi”, comenta.

Como reagir

Quando o assédio sexual parte de um desconhecido, pela lei é considerado perturbação à tranquilidade, que por ser um crime de menor potencial ofensivo garante apenas um termo circunstanciado, no distrito policial. Já quando as agressões verbais partem de alguém que tenha algum grau de parentesco ou de um superior hierárquico, a mulher pode recorrer à Delegacia da Mulher e abrir um inquérito policial. “Nesses casos, nós encaminhamos o procedimento para o local correto dar sequência ao caso”, informa a delegada Iara Laurek Dechice.

Segundo Luíze, o objetivo da campanha é justamente lembrar à mulher que ela tem voz ativa para se defender deste tipo de ação. “Se tiver a oportunidade, que reaja, demonstre a sua insatisfação e corra atrás do seu direito de não ser assediada simplesmente por estar andando na rua ou de transporte público. Cada vez mais mulheres têm feito isso e o número de prisões por esse tipo de assédio em São Paulo, por exemplo, está bem mais alto”, finaliza. Conheça mais sobre a campanha clicando aqui.