Completando 34 anos, Deivid começa a projetar final de carreira

por Ex-alunos
Completando 34 anos, Deivid começa a projetar final de carreira

Atacante diz que pretende jogar mais dois anos e depois quer virar treinador. 

Gabriel Sawaf

Deivid completa hoje 34 anos / Foto: Gabriel Sawaf

Deivid completa 34 anos
Foto: Gabriel Sawaf

O dia 22 de outubro é uma data especial para o atacante Deivid, do Coritiba. Nesta terça-feira, o atleta completa 34 anos de idade, sendo boa parte deles dedicados ao futebol. Com dois Campeonatos Brasileiros, duas Copas do Brasil, um Torneio Rio-São Paulo e vários estaduais, o jogador é um dos mais conhecidos do Brasil na sua posição.

Nascido em Nova Iguaçu (RJ), Deivid começou sua carreira futebolística na equipe que leva o nome da cidade. Na equipe da Baixada Fluminense atingiu a marca de 82 gols em 148. Depois foi para o Joinville, onde alcançou a média de 0,7 gols por partida. De lá foi para o Santos, onde jogou por três anos, mas sem atingir todo o sucesso que viria.

Somente em 2002 o Brasil conheceu o menino Deivid, que brilhou nas conquista do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil, defendendo a equipe do Corinthians. Em 2003 foi para o Cruzeiro, conquistando seu primeiro título Brasileiro e mais uma Copa do Brasil na incrível equipe da Celeste daquele ano. Depois foi para o Bordeaux da França mas não demorou muito para voltar ao Brasil, vestindo a camisa do Peixe, se tornando essencial para a conquista do Brasileiro de 2004 para a equipe da Vila.

Após a segunda passagem pelo litoral paulista, retornou a Europa, para jogar no Sporting Lisboa, onde perdeu espaço para o brasileiro Liedson e acabou sendo vendido para o Fenerbahçe, de Istambul. Na equipe turca, Deivid conseguiu seu grande momento no Velho Continente, sendo um dos protagonistas da campanha que levou os turcos para as quartas de final da Champions League. Após cinco anos na Turquia, voltou ao Brasil para jogar no Flamengo. Na Gávea, não viveu bons momentos e acabou saindo após várias insatisfações, principalmente financeiras. Hoje, está no Coritiba, e é a principal referência ofensiva do Verdão. O jogador, que está lesionado, pretende voltar aos campos neste domingo.

Para comentar melhor sobre a sua carreira, Deivid recebeu a equipe do Portal Comunicare no CT do Coritiba, para uma entrevista exclusiva. Na conversa, o atacante falou sobre seus grandes momentos no Corinthians, no Cruzeiro, no Santos e no Fenerbahçe. Sobre seus momentos ruins no Flamengo, sobre o atual momento do Coritiba na temporada e sobre seus planos para o futuro.

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA: 

PC: Qual o balanço da sua carreira?

Deivid: Um balanço bom, de altos e baixos, tive momentos bons na minha carreira, tive momentos ruins, mas num contexto geral foi bom para mim, porque comecei por baixo e depois fui subindo aos poucos e até onde estou agora. Mas uma carreira que tá sendo até agora brilhante, com bastantes títulos, então espero encerrar da mesma maneira que comecei.

PC: Qual o segredo para manter uma média de gols tão alta?

Deivid: Eu sou um jogador muito versátil, tanto dentro da área como fora. Então quando você vem de fora, você consegue se desmarcar da defesa, porque normalmente a defesa não espera você chegando de trás. Então treinei bastante no início da carreira esse estilo de finalização e quando tenho oportunidade eu consigo fazer o gol.

PC: A má-fama espalhada por alguns que você perde muito gol atrapalha dentro de campo?

Deivid: Não, pelo contrário, isso me dá forças. Eu tive uma passagem muito ruim pelo Flamengo, fiz 21 gols, mas o que ficou marcado foi aquele gol diante do Vasco, mas pra mim, a minha carreira foi muito brilhante, tenho muito o que agradecer por tudo que aconteceu, nem de glórias você vive, também de derrotas, e essa foi uma das poucas derrotas que eu tive na carreira, mas sempre de cabeça em pé.

PC: Qual o momento mais especial da sua carreira?

Deivid: Em cada clube eu tive um momento especial. Tive um momento especial no Santos, quando fui campeão Brasileiro. Momento especial no Corinthians, em um ano em que cheguei a três finais (Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Torneio Rio-São Paulo), ganhamos duas e perdemos uma. Momento especial no Cruzeiro, quando ganhamos as três competições (Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro). Momento especial lá na Turquia, no Fenerbahçe,  quando chegamos nas quartas de final da Champions League, perdemos pro Chelsea. Então cada clube eu tive um momento especial. Único momento triste que eu tive foi no Flamengo.

PC: Qual o seu jogo inesquecível?

Deivid: Apesar de a gente não ter se classificado, foi o jogo contra o Chelsea, que eu fiz um gol de fora da área. Mas um momento mais especial foi um Corinthians x Atlético/MG, no Mineirão, que eu fiz quatro gols, pelas quartas de finais do Campeonato Brasileiro de 2002.

PC: Qual a sua conquista mais importante?

Deivid: Foi o Campeonato Brasileiro de 2004. A mãe do Robinho foi sequestrada e nós ficamos três ou quatro meses sem o Robinho, e nós tivemos que modificar o esquema tático, o Wanderley Luxemburgo na época falou “Agora é com você”. E nós conseguimos se manter ali atrás do Atlético/PR e na penúltima rodada nós passamos o Atlético e fomos campeões. Então esse até hoje é o título mais importante.

PC: Teve algum time que você saiu com alguma mágoa?

Deivid: Não, mágoa não tive.

PC: Você jogou em três países da Europa, em qual deles você se sentiu mais a vontade?

Deivid: Turquia,tive uma identificação com o povo turco, que é um povo igual o brasileiro, igual o carioca, um povo alegre. Então eu me identifiquei mais com o povo turco

PC: É a terceira vez que você joga com o Alex. Qual a diferença de ter um cara como ele como companheiro?

Deivid: Nós tivemos um momento bom no Cruzeiro, no Fenerbahçe e agora aqui, apesar de nós estarmos brigando na zona de rebaixamento, mas ganhamos o Paranaense, que queira ou não é uma conquista, onde nós passamos pelo mesmo tipo de jogo. Então isso foi muito bom, foi muito especial.

PC: Você está feliz no Coritiba?

Deivid: Estou. Teve uma declaração de cobrança de salário atrasado, isso não quer dizer que eu não esteja feliz, por contrário, estou contente. Eu já falei, o dia que eu não estiver contente eu pego as minhas coisas e vou embora, como eu fiz no Flamengo, que eu não estava contente, peguei as minhas coisas e vim para cá. Tenho que reclamar das coisas que eu acho que eu tenha que reclamar, que eu acho que estou certo, porque se estou errado tenho  que abaixar a cabeça. Eu estou muito feliz aqui, o presidente me dá um suporte muito grande, tenho admiração pelo presidente, que é um cara espetacular, está fazendo um trabalho brilhante no Coritiba e esperamos que a gente possa ajudar ele a sair dessa situação.

PC: Qual a lesão que você sofreu? Qual a previsão de volta?

Deivid: Eu espero voltar no domingo agora. A lesão que eu sofri, normalmente os médicos dizem que não precisa operar, mas é um pouco demora, precisa de um trabalho de três meses de recuperação. E eu sofri a lesão em um momento ruim, que a equipe mais precisava, mas faz parte, isto é a nossa carreira e espero que possa melhor e voltar 100%.

PC: Como você avalia o momento da equipe?

Deivid: Para ser campeão brasileiro você não tem que ter 11 jogadores, você tem 18 ou 20 jogadores de alto nível. Então como você trabalha em um clube de fora do eixo Rio-São Paulo, você acaba não tendo tanto jogadores, porque a receita do clube não é tão grande como a receita dos times de Rio e de São Paulo. Então você tem que fazer o seu time de acordo com o seu orçamento, então você não consegue fazer um time bom, com jogadores de alto nível. Então você acaba apostando em categorias de base e em alguns meninos que trazem da Série B, e às vezes os meninos chegam aqui e se assustam. Então nisso ai a gente teve dificuldade. Então quando eu, o Alex, Júnior Urso, Lincoln, Willian, se machucamos nós tivemos uma caída muito grande. Mas esperamos que a gente possa sair dessa situação.

PC: Qual são seus planos para o futuro?

Deivid: Eu penso em jogar mais dois anos e depois estudar, fazer um curso de treinador, pretendo ser treinador, vamos ver se vai dar certo.

PC: Você pretende se aposentar no Coritiba?

Deivid: Pretendo, é onde eu penso. Mas toda hora está mudando, a gente vive de resultado, a gente não sabe como vai ser no ano que vem, se o presidente vai me manter, se ele vai ter que fazer corte. Então o destino tem que entregar a Deus, você tem que trabalhar no dia a dia e acordar amanhã para fazer o mesmo trabalho, você pode ter uma surpresa… Mas eu pretendo encerrar aqui, se não der a gente tem que encerrar em outro clube.

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