Cultura africana influencia o Brasil

por Ex-alunos
Cultura africana influencia o Brasil

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Toda cultura é diferente e tem algo a oferecer para a sociedade, mas nenhuma é superior

Por Patricia Munhoz

 

A cultura brasileira foi e ainda é influenciada por diversas outras culturas. A sociedade brasileira tem sua própria identidade, no entanto, pouco se conhece da sua origem.

Culturas africanas e indígenas são as que mais influenciaram a formação da identidade cultural brasileira. Além, de o Brasil ser formado por essas etnias, por exemplo, a Bahia onde predomina a população negra que é descendente de africanos.

Mas também há os que nasceram e moram na África e vêm ao Brasil para poder estudar ou trabalhar e, dessa forma, dar uma condição de vida melhor à família.

Como a Janete Mabuie que é moçambicana. Ela está no Brasil há dez meses, devido ao seu mestrado em nutrição na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Ela deixou marido e filhos na África. Além da dificuldade de estar longe de sua família, outro problema que enfrenta todos os dias é o fato de estar longe de sua cultura e suas tradições.

Mesmo assim, ela disse que está sempre tentando manter a sua identidade cultural, até para não perder o contato com suas raízes. A raiz cultural de uma pessoa não é algo que precisa ser ensinado ou decorado, “a minha identidade cultural é natural para mim”, constatou.

Janete afirmou que não existe cultura superior ou mais evoluída. Todas são diferentes e têm algo a oferecer aos indivíduos que estão dispostos a respeitar toda forma de cultura.

A futura professora Estefanie Santos, 30 anos, nunca esteve na África, mas desde pequena esteve próxima da cultura africana, a sua maior influência foi a avó que passou para ela e seus primos os costumes, principalmente em relação a culinária.

Ela contou que quando criança sofria na escola por ser negra e por ter um cabelo diferente. Na época ela não entendia a implicância dos colegas, pois já tinha a concepção de que todos somos diferentes e isso não é um problema, contou.

Hoje, ela credita que o preconceito é bem menor e, também, não se importa mais com o que os outros pensam. Estefanie afirmou que “se eu me acho bonita como sou, então, de nada vale a opinião do outro”.

Com o tempo, ela e toda a geração mais jovem de sua família foram perdendo as tradições, os costumes e os hábitos da terra africana. Ela atribui essa perda cultural devido, em grande parte, por interesse próprio e, também, por causa do meio geográfico em que estão inseridos.

O Brasil ainda não incentiva muito a cultura africana e não abre espaço para a prática da cultura, constatou Estafanie.

 

BrasAfro é mais que uma banda

 A banda é um projeto que pretende mostrar ao Brasil como a cultura africana e brasileira estão próximas e a influência que a cultura africana teve na história do Brasil e na sua própria formação cultural.

O criador da banda Evangivaldo dos Santos que é da cidade de Cachueira, na Bahia, contou que as pessoas vivem em uma sociedade em que cada um é de uma cultura, seja europeia, italiana ou americana, “mas ninguém quer ser descendente de índio ou africano”, afirmou.

Santos afirmou, no entanto, que as pessoas se apropriam da cultura africana. Como os jovens que curtem a música rap, mas não sabem e não procuram saber a origem do rap que está nas raízes africanas.

Ele indagou que a população não tem conhecimento dos feitos realizados por africanos e admitiu que “nem os negros conhecem a história de suas raízes”.

 

Como o Brasil acolhe as culturas?

 A diversidade cultural está presente em todos os cantos do Brasil. Mas ainda falta conhecimento dessas diferentes etnias presentes no país por grande parte da população.

O professor de sociologia Sérgio do Nascimento afirmou que “a questão está presente no cenário socio-político-cultural brasileiro, mas de forma distorcida e hierarquizada”, pois a cultura européia é colocada como superior em detrimento das outras culturas. Mesmo assim, houve avanços no reconhecimento e no respeito às manifestações de diferentes culturas, completou.

Isso causa um grande problema social. Nascimento disse que “a falta de percepção gerou e gera discriminação, preconceito, racismo e intolerância”, dessa forma, há uma negação da imensa contribuição dos povos indígenas e africanos para o país.

Para o sociólogo o que falta é o reconhecimentos dessas culturas, até porque essas contribuíram para a formação cultural do Brasil e fazem parte da cultura brasileira.

Lucia Xavier que é da Educação em Direitos Humanos na Secretária Municipal de Educação (SME) explicou que “para reparar às violações de direitos sofridos por grupos não europeus, foi criada a lei de 2003”. Essa lei prevê que todas as escolas de ensino fundamental e médio devem trabalhar conteúdos que englobem a cultura africana e indígena.

Ela contou que esse trabalho é desenvolvido nas escolas durante o ano letivo e o currículo do Ensino Fundamental contempla conteúdos que abordam essas culturas. Entretanto, a professora admitiu que os costumes e práticas africanas e indígenas ainda são percebidas como exóticas para os jovens.