Flores na estante

por Ex-alunos
Flores na estante

A caminhada da editora Tulipas Negras

Bruno Dal Piccolo

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Selo da editora.

“Conto não vende? Ótimo. Só publicamos contos”. Foi com esse slogan desafiador que surgiu no início de 2012, a Editora Tulipas Negras. Um projeto inovador e corajoso, com a proposta de distribuir gratuitamente livros-conto de autores curitibanos de diferentes gerações.

Idealizada pelo jornalista, escritor e funcionário da Biblioteca Pública do Paraná, Marcio Renato dos Santos, a editora já realizou quatro fornadas, após um ano e meio de atividade. Em cada uma delas foram impressos quatro mil livros, sendo mil de cada autor. A primeira ocorreu no dia 25 de fevereiro de 2012, durante a Quadra Cultural no centro histórico de Curitiba. “Não tínhamos, mesmo, nenhuma expectativa. E não é que conseguimos distribuir toda a tiragem em menos de 6 horas?”, comenta Santos.

Com exceção da primeira leva de publicações, as outras três foram financiadas pelo próprio Marcio dos Santos. “Ao invés de ir para a Europa passear, eu invisto o meu dinheiro para publicar e distribuir livros”. Segundo o jornalista, a editora foi impulsionada, primeiramente, pela necessidade de garantir a circulação da obra dos escritores, e o único jeito de circular com maior fluidez seria distribuir de forma gratuita.

Renan Machado, estudante de Jornalismo da PUCPR, teve seu primeiro conto, ‘Helena’, publicado pela editora com 18 anos, ao lado de nomes conhecidos do cenário curitibano. “Isso é uma coisa legal da Tulipas: mesclar gerações, convidar e dar chance a quem gosta do negócio”, acrescenta o jovem.

A fornada mais recente saiu no início de agosto, no Museu Guido Viaro. Segundo o idealizador do projeto, só aconteceria uma quarta edição se Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba, aceitasse participar. Ele aceitou. “Foi um sucesso. Os livros tiveram boa aceitação e ainda há exemplares no Museu”.

Ao todo, já foram publicados 16 mil livros. O sucesso da distribuição contraria a lógica do mercado editorial brasileiro. Para Marcio, a divulgação do início do projeto pela imprensa foi crucial para a trajetória da Tulipas Negras.

O futuro do selo, por hora, é incerto, devido à falta de tempo e exaustão do editor. O sonho de Marcio desde o início era publicar um conto do Vampiro. “A presença de Dalton consolida e prova que o projeto está certo. Há um sentimento de missão cumprida. Quem sabe eu use um pouco do meu dinheirinho numa viagem”, conta.