Grupo Croquis Urbanos homenageia Curitiba em desenhos

por Ex-alunos
Grupo Croquis Urbanos homenageia Curitiba em desenhos

Coletivo criado em 2013 se dedica a registrar a cidade em desenhos despretensiosos

Por Maria Carolina Oliveira, com colaboração de Mariana Balan

“Do alto de seu apartamento na Praça Generoso Marques, no centro de Curitiba, os designers Lia Monica e José Marconi avistaram o arquiteto Reinoldo Klein desenhando o prédio do Paço Municipal. Desceram e pediram para acompanhá-lo na aventura. Na mesma semana, Marconi recebeu um telefonema do arquiteto Wagner Polak propondo a reunião de um grupo para desenhar cenários da cidade para uma possível história em quadrinhos”. Foi assim que, nas palavras do ilustrador Fabiano Vianna, surgiu o projeto Croquis Urbanos.

Vianna é um dos colaboradores mais antigos (e assíduos) do grupo, que se formou em março de 2013 em Curitiba e busca registrar a cidade e seus habitantes por meio de desenhos despretensiosos. Aberto a desenhistas iniciantes, amadores e profissionais (“participam conosco desde crianças, desenhistas iniciantes a mestres dos desenhos!”, diz), o coletivo já chegou a registrar cem participantes em um encontro, que acontecem em manhãs pré-definidas, e é inspirado em grupos de “Urban Sketchers” espalhados pelo mundo.

“Os encontros têm um clima descontraído, tranquilo, para relaxar. Qualquer um que tenha interesse em aprender ou em trocar experiências é convidado a ir, seja para fotografar lugares bonitos, para tentar desenhar ou trocar conhecimentos”, conta a estudante de design Luanna Soares, que participou do grupo por mais ou menos um ano.

A jovem, que desenha por hobby, começou a ir no Croquis porque queria estudar um pouco mais sobre perspectiva, mas acabou aprendendo mais do que o esperado e fazendo muitas amizades.

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Regras

Apesar de ser receptivo a qualquer interessado, de qualquer idade e nível técnico, os “croquizeiros” devem respeitar algumas regras. Além de acordar cedo e disposto e estar munido de um banquinho (ou cadeira de praia) e de seus materiais de desenho favoritos, o participante deve desenvolver seu desenho em até duas horas, das 9h30 às 11h30.

O Croquis Urbanos também segue nove regras, numa espécie de manifesto, sendo que oito já existiam no “Urban Sketchers” e a nona foi criada pelo grupo curitibano:

1. Desenhamos in loco, no interior e no exterior, registrando diretamente o que observamos;

2. Os nossos desenhos contam a história do que nos rodeia, os lugares onde vivemos e por onde viajamos;

3. Os nossos desenhos são um registro do tempo e do lugar;

4. Somos fiéis às cenas que presenciamos;

5. Usamos qualquer tipo de técnica e valorizamos cada estilo individual;

6. Apoiamo-nos uns aos outros e desenhamos em grupo;

7. Partilhamos os nossos desenhos online;

8. Registramos o mundo, um desenho de cada vez

9. O croqui deve ser desenvolvido no tempo estipulado dentro do encontro, embora acabamentos possam ser acrescentados depois.

 

Lugar preferido

Fabiano diz ser difícil escolher qual foi o lugar mais legal de desenhar, pois “cada ‘croquizeiro’ teve um local diferente que foi especial”.

Para ele, desenhar a casa do escritor Dalton Trevisan, de quem é fã, foi muito instigante. “Casa enigmática, misteriosa. Croquizamos na expectativa de vê-lo entre uma e outra nesga de cortina. Mas, como era esperado, ele não foi visto. Depois ficamos sabemos que ele nos viu, de alguma maneira, de algum lugar oculto, e se perguntou o que estávamos fazendo ali”, conta.

 

Casa de Dalton Trevisan por Fabiano Vianna

 

Já Luanna diz que o local que mais gostou de registrar foi a Casa Estrela, localizada na PUC (campus Prado Velho). “Foi um dia bem gostoso, ensolarado, com café da manhã, muita arte e conversa boa”.

 

Além de Curitiba

Apesar de em São Paulo um grupo com o nome de “Urban Sketchers Brasil” ter surgido antes do coletivo curitibano, a capital paranaense foi a primeira a utilizar o título em português.

Segundo Vianna, a turma de Curitiba é a com mais membros fixos e maior número de participantes esporádicos do Brasil. Inspirados no Croquis Urbanos curitibano, surgiram os Croquis Urbanos Campo Grande, Croquis Urbanos Blumenau, Croquis Urbanos Ponta Grossa e Croquis Urbanos Londrina.

Em “fase embrionária”, como define o ilustrador, estão os Croquis Urbanos Fortaleza, Croquis Urbanos João Pessoa, Croquis Urbanos Brasília e o Croquis Urbanos Pato Branco, no oeste do Paraná.

 

Histórias curiosas

Para quem se interessou pelo grupo, Vianna ainda mantém um blog, o Croquizeiro Curitibano, no qual conta casos curiosos e engraçados que aconteceram em encontros do Croquis.

Um morador de rua quem mantém um “guarda-roupa” num bueiro da Praça Zacarias, um casal de velhinhos que discutiu na frente do ilustrador e um guardador de carros “chapado” que ficou encantado com os desenhos são só algumas das histórias registradas no endereço eletrônico.