Igreja da Terceira Ordem de São Francisco de Chagas

por Ex-alunos
Igreja da Terceira Ordem de São Francisco de Chagas

1- Igreja da Terceira Ordem de São Francisco de Chagas

Quem já passou pelo largo da ordem, no centro de Curitiba, com certeza já deve ter atravessado o caminho da pequena Igreja da Ordem. Nem todos reparam nela, com sua humilde construção, quase tão antiga quanto a própria cidade, mas os que escolhem vê-la mais de perto não se arrependem. Dentro, é forrada de histórias e vestígios de um tempo antigo, uma época em que tudo era diferente. Ao entrar nela, o relógio volta atrás, e conta sobre um passado extraordinário, repleto de conquistas.

Construída em 1737, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Chagas, mais conhecida como Igreja da Ordem, foi fundada pelos padres franciscanos em 1746 e contou com muitas mudanças para manter-se de pé.

“Estes lustres foram doados pela princesa Izabel”, conta Dona Helena, uma das fiéis mais assíduas da igreja. Dona Helena fez sua vocação ali dentro e viveu por muitos anos sob os cuidados daquelas paredes. Quando jovem, ajudava o antigo padre em tudo o que podia, e foi aprendendo, com o passar do tempo, sobre a história do lugar.

Antes mesmo da cidade vir a se chamar Curitiba, uma pequena gruta de pedras foi construída para atender à necessidade espiritual dos primeiros habitantes. Logo mais, os poucos tornaram-se muitos e a humilde gruta cresceu, e virou Capela do Terço. Lá ficaram, por muito tempo instalados, os franciscanos, que depois de alguns anos, devido à I Guerra Mundial, tiveram de retornar à Europa, abandonando completamente a igreja, que permaneceu fechada.

Passada a guerra, e com a igreja aberta novamente, o imperador do Brasil, Dom Pedro II, e sua filha, princesa Izabel, decidiram visitar a capela. Foi quando houve a necessidade de melhorias para a recepcionar a família real e todo seu cortejo, aumentando o espaço físico da capela e as ornamentações. “Essas duas janelas que vemos, na realidade são portas, hoje trancadas, por onde saíam os senhores de suas carruagens e entravam diretamente dentro da igreja, sem que pisassem no chão enlameado da época”, disse Dona Helena sobre a fachada anterior, agora lateral da igreja.

Quando Dom Pedro II chegou na fronteira da cidade, não havia como entrar, pois muita chuva e lama impediam-no de prosseguir, Enfim, ao chegar, teve ainda mais frustrações, quando viu o quão singela era a capela que viera conhecer. Mesmo com todas as melhorias preparadas para sua chegada, tudo era muito simples, com uma iluminação fraca a base de tochas e lampiões, paredes azuis sem pinturas ornamentais e nenhuma mobília mais ostentativa. Dessa grande decepção veio uma carta, redigida pelo imperador, mais tarde, expressando a péssima imagem que teve da capela e da cidade. Nela, inclusive, apelida os moradores da cidade de “sapos”, pois viviam sob a água.

Mesmo frustrado, Dom Pedro II doou algumas peças à Capela do Terço, como os lustres de ouro e cristais, que ainda hoje ornamentam o teto da igreja. Azulejos portugueses continuam enfeitando as paredes e alguns móveis, cujo brasão português já quase se apagou, ainda permanecem lá. Muitas das imagens antigas foram restauradas pela atual secretária, Jane Vaneli, de 79 anos.

Pequenas memórias como essas, nos revelam uma história cuja veracidade está nos detalhes, que fizeram desta capela uma igreja e, ainda mais, uma testemunha do progresso do nosso país.
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