Nível socioeconômico não interfere na qualidade da educação básica

por Julius Nunes
Nível socioeconômico não interfere na qualidade da educação básica

A Escola Municipal Leonor Castellano, do bairro Boqueirão de Curitiba, conquistou o 1º lugar no Ideb

Por Izabela Weber e Sâmela Rodrigues

De acordo com dados do Ideb de 2013, na Escola Municipal Leonor Castellano, com 555 alunos, atingiu a pontuação de 7,7 (Foto: Brunno Covello/SMCS)

De acordo com dados do Ideb de 2013, na Escola Municipal Leonor Castellano, com 555 alunos, atingiu a pontuação de 7,7 (Foto: Brunno Covello/SMCS)

A Escola Municipal Leonor Castellano, apesar de ser localizada no bairro Boqueirão, que apresenta nível socioeconômico regular segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), foi a melhor colocada no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de anos iniciais da rede municipal de ensino de Curitiba, e é a quinta melhor entre as escolas municipais das capitais do país. A escola atingiu a pontuação de 7,7 pela primeira vez no Ideb, e em anos anteriores alcançou o terceiro lugar em Curitiba, já no núcleo do bairro a escola esteve em primeiro lugar por três vezes.

Conforme dados do IPPUC, o bairro Boqueirão possui rendimento mediano mensal de 4,0 a 6,9 salários mínimos, o que é considerado um nível baixo, porém o fator econômico não influenciou na qualidade da educação municipal, que conquistou 1º lugar da cidade.

De acordo com dados do Ideb de 2013, na Escola Municipal Leonor Castellano, na qual estão matriculados cerca de 555 alunos da educação infantil e ensino fundamental, 77% dos alunos aprenderam língua portuguesa e interpretação de maneira adequada e satisfatório. Em matemática 73% dos alunos da escola aprenderam adequadamente a disciplina, segundo indicadores do Ideb.

Infográfico_Reportagem_Ideb Fonte Ideb Infografia Equipe de reportagemA escola apresentou crescimento desde os anos anteriores. No ano de 2009, a média da escola foi de 6,8 sendo que a meta era 5,7 e em 2011 foi de 6,9 ultrapassando a meta que era de 6,1. Comparando o índice atual com outras escolas municipais apenas 35% dos alunos da rede municipal de Curitiba aprenderam o adequado em língua portuguesa.

Segundo a professora do 5° ano, Claudia Regina Barbosa, a união dos professores, a responsabilidade, e o amor e dedicação pelos alunos é o que constrói a qualidade da escola. “É o construir junto com a criança, uma somatória que vem desde o 1° ano, não é só no 5° ano que eles ficam bons’’, conta a Claudia.

A professora destaca que na escola há a participação ativa da direção, e da família dos alunos, e uma excelente equipe de docentes, o que para ela é um ponto importante para o desenvolvimento escolar dos alunos.

O recreio dirigido no intervalo também é um dos diferencias da escola, para que não haja correria e possíveis acidentes entre as crianças. Os alunos do 5° ano monitoram atividades para as crianças, com auxílio dos professores de educação física e os inspetores da escola. Quando o final de ano se aproxima, os alunos do 5° ano preparam os do 4° para serem os próximos monitores, do ano seguinte.

A diretora interina da escola, Angela Miqueletto, conta que os alunos levam todos os dias lição para casa, que necessita do acompanhamento dos pais, e que os professores desenvolvem projetos em todas as matérias na sala de aula com todos os anos escolares. Ela explica que há a troca de experiências em todas as áreas e que o conselho escolar também acontece com as crianças: ‘‘as professoras vão na sala de aula e perguntam como foi aquele meio semestre, se foi tudo bem, o que aconteceu, eles escrevem o que acham que tem que melhorar, eles pedem até piscina. É chamado conselho participativo e depois tem o com os professores’’, explica Angela.

A escola oferece várias atividades extras que são gratuitas e podem ser feitas no contra turno escolar, como judô, balé, futsal, inglês, guarda-mirim, fanfarra, coral, e baliza (que é o corpo coreográfico na frente da fanfarra). Para alunos com dificuldade nos conteúdos há o apoio pedagógico.

‘’Quando você trabalha e a família está te ajudando junto, não tem o porquê as crianças não aprenderem, e não dar certo. Então é essa toca entre família, escola, e comunidade’’, declara a professora Claudia, colocando ênfase nessa relação família e escola que é tão importante para a educação segundo ela.

Ela conta que uma atividade diferente que fez com os alunos e que obteve bom resultado, foi levar pizzas para a sala de aula, onde as crianças comeram e depois fizeram contas matemáticas com frações com as quantidades que haviam usado da pizza. Ela avalia que oferecer atividades que saiam do tradicional é importante para fazer o aluno pensar, refletir e construir, usando a criatividade deles nos conteúdos.

Para um aluno do 5° ano, a escola é diferente pelo jeito que os professores ensinam. ‘’O recreio é organizado, na outra escola que eu estudei não era assim, minha educação mudou’’, conta o aluno que foi transferido de escola no terceiro ano e percebe a diferença no ensino e na organização do ambiente escolar.

Segundo a pedagoga Rocio Santos, que atua na rede estadual de ensino, mesmo em uma escola que não tenha infraestrutura, ou que fique localizada em um local carente, o que realmente faz a diferença são os profissionais dedicados que lá trabalham juntamente com a família e a comunidade. “Nessa escola, fica claro que o diferencial encontra-se na gestão e sua equipe. E com certeza é possível avançar em todas as escolas, não só nas municipais, mas também nas estaduais, fazendo com que as crianças aprendam mais e melhor, a tal ponto que não deixemos nenhuma criança sem saber ler, escrever e interpretar”. Para ela seria necessário um desenvolvimento coletivo com a gestão, que tenha uma visão a curto e médio prazo, e uma comunidade presente na escola, para buscar os recursos necessários que atendam às demandas.

Rosangela da Cruz, mãe de dois alunos da Escola Municipal Leonor Castellano, ressalta que a escola é ótima para seus filhos, que nela estudam desde o 1° ano. Segundo ela, disciplina, organização, e os vários projetos que a escola desenvolve são diferenciais que ajudam na qualidade da educação passada às crianças. ‘’Como mãe não tenho o que reclamar, desde a direção, pedagogas até os inspetores, todos fazem seu trabalho com muito carinho com as crianças e visando o pedagógico. Pois é bem organizada, sabem fazer um bom trabalho em equipe e valorizam muito todos os profissionais da escola’’, declara Rosangela.