Número de adolescentes que recorrem à cirurgia plástica aumenta

por Ex-alunos
Número de adolescentes que recorrem à cirurgia plástica aumenta

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Especialistas afirmam que na maioria dos casos,são procedimentos estéticos

Lara Pessôa 

Beleza, na adolescência, é sinônimo de corpo bonito. E é nesse caso, que a tecnologia, e a quantidade turbulenta de informações, confundem a cabeça de muitos jovens. É o seio que está grande ou pequeno demais; a barriga que tem a gordurinha sobrando; o nariz que podia ser mais fino, entre outras inúmeras reclamações.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP), nos últimos quatro anos, a procura por procedimentos em pessoas entre 14 e 18 anos saltou de 37.740 para 91.100. O aumento quase triplicou se comparado ao número das intervenções em adultos.

De acordo com o cirurgião plástico Rodrigo Martello, de São Paulo, os jovens buscam esses tipos de procedimentos para que possam ser encaixados no padrão estético vigente e pertencer ao grupo. Além disso, o cirurgião alerta sobre os riscos existentes em qualquer cirurgia e afirma que “a cirurgia plástica na adolescência não tem sua melhor indicação, pois o jovem ainda não alcançou a plenitude de seu desenvolvimento físico e psicológico”.

O cirurgião plástico dá dicas e conselhos para quem pretende realizar esse tipo de procedimento /  Rodrigo Martello

O cirurgião plástico Rodrigo Martello dá dicas e conselhos para quem pretende realizar esse tipo de procedimento
Foto: Rodrigo Martello

Um dos motivos para tamanha procura é a diminuição no número de adolescentes que praticam exercícios físicos. A personal trainer, Silvana Dias, enfatiza que as cirurgias estão banalizadas pelas pessoas. “Parece que qualquer problema pode ser resolvido pela cirurgia, isso é um absurdo. Atividade física de nenhuma forma pode ser substituída por um procedimento cirúrgico, os benefícios vão muito além da estética. Analisando hoje, a maioria dos meus alunos passaram dos 30 anos” , completa.

Concordando com o cirurgião, quando o assunto é a indicação dos procedimentos, a psicóloga Maria Rita Drula, salienta que “se envolve padrões de beleza a serem seguidos e a percepção corporal que cada jovem tem de si, é evidente que serão mutáveis ao longo da vida. Diante disso, a decisão de uma cirurgia estética é muito séria e não recomendada, já que até os 20 anos a cortical cerebral não terminou sua mielinização”.

BULLYING
A psicóloga afirma que os pais são permissivos em diversos motivos quando se trata das intervenções. Dentre eles, está a questão relacionada ao bullying quando aceitam que seus filhos recorram a esses procedimentos a fim de amenizar o sofrimento. Outra questão seria a falta de autoridade dos pais em manter a palavra. “No caso do bullying, precisa ser avaliado o nível de sofrimento e o que o estimulou. Quando é algo angustiante e repetitivo, não vejo maiores problemas dos pais em autorizarem. Porém, quando envolve mais de um aspecto físico e o problema é internalizante, o jovem e sua família precisam ser avaliados por um profissional da saúde mental”, adverte.

A estudante  Bruna Vieira, de 18 anos, recorreu a um procedimento de redução das mamas. O motivo foi por muitas dores nas costas a ponto de estar lhe causando um problema mais grave, desvio na coluna. Bruna declara que muitos de seus amigos colocaram apelidos nela, mas não via como bullying e na maioria das vezes, levava na brincadeira.

A verdade é que as novas gerações estão tão acostumadas ao mundo digital, em que o imediatismo é palavra de ordem, que não podem esquecer que um dialogo com os pais é fundamental na hora da decisão.

 

Equipe: Gabriela Fialho, Gabriela Kuzma, Lara Pessôa e Manuella Niclewicz