Pandemia aumentam o debate sobre a violência doméstica

por Lucca Marreiros
Pandemia aumentam o debate sobre a violência doméstica

Casos de violência doméstica no Paraná aumentaram 8,5% no 1º trimestre de 2020. Dados complexos revelam amplitude do tema

Por Daniela Cintra, Diogo Santos, Isabella Serena e Lucca Marreiros

* Este é um conteúdo patrocinado, desenvolvido na disciplina de Branded Content, sem, contudo, remuneração efetiva aos estudantes que o desenvolveram.*

O coronavírus vêm impactando diretamente a vida dos cidadãos curitibanos. Não à toa, estão se tornando cada vez mais comuns debates acerca da saúde mental das pessoas, principalmente em um momento em que imperam as restrições, cuidados, medo e a insegurança.

Enquanto muitas pessoas lutam para manter uma rotina dentro do que se classifica como “novo normal”, outras lutam para se manter seguras. A violência doméstica, seja física, mental ou sexual, reacende o debate sobre a importância do tema, justamente em meio à uma situação tão difícil como a que o mundo vive.

De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (Sesp), apenas no primeiro semestre do ano de 2020, foram registradas cerca de 41.626 ocorrências criminais de violência doméstica no Paraná. Os números ainda são menores ao se comparar com o mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 46.011 casos. Entre outras naturezas, os dados incluem crimes de ocorrência em ambientes domésticos, tais como ameaça, lesão corporal, injúria, vias de fato, e perturbação da tranquilidade.

Todavia, os números sofrem uma inversão, ao se substituir a análise semestral pela trimestral. Ainda de acordo com a própria Sesp, os casos de violência doméstica no Paraná aumentaram 8,5% no 1º trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019. Durante este tempo, foram registrados 14.989 casos de violência doméstica, enquanto que, em 2019, o valor de ocorrências na primeira metade do ano foram 13.807 casos. Com base neste quesito, também houve um aumento específico de casos em Curitiba. Foram 2.023 ocorrências registradas no primeiro trimestre de 2020, contra 1.992 no mesmo período do ano passado, totalizando um aumento de 1,56%.

Para a advogada Maressa Pavlak, o isolamento social pode ter contribuído para que mais casos não fossem registrados ou denunciados. Essa situação reflete principalmente a realidades de muitas mulheres, as maiores vítimas das agressões. A profissional explica que a falta de denúncia pode ser motivada por uma série de fatores, como a falta de recursos financeiros provocada pela pandemia e o medo pela consequência desta situação. “Muitas mulheres não trabalham e acabam se submetendo a um regime dentro de casa. Como muitas vezes a única fonte provedora de renda é o marido. Se ela sai de casa, o que ela vai fazer? Aonde vai trabalhar?”

ONG CURITIBANA É EXEMPLO NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Tendo em vista esta problemática, diversos órgãos buscam através de ações realizadas em comunidade, realizar um grande trabalho que vise a preservação das vidas e o acolhimento das pessoas que estejam precisando de ajuda, seja durante ou depois de vivenciar algum caso de violência. Criado em 2015 por Goretti Bussolo, o Instituto Todas Marias atua no enfrentamento da violência contra às mulheres, crianças, adolescentes, LGBTs e a qualquer pessoa em situação de violência de qualquer natureza. Além disso, disponibiliza ainda apoio jurídico, psicológico, encaminhamentos e palestras às vítimas.

Vítima de violência sexual ainda na adolescência, a fundadora decidiu romper com o passado e dar início a um projeto que não transformaria apenas a sua vida, mas sim a de toda uma sociedade dependente dos serviços prestados pela organização. A rotina incessante de trabalho se confunde com o interesse mútuo de Goretti e dos outros funcionários da ONG em ajudar a todos aqueles que precisam de auxílio, carinho e conforto. “A proposta é transformar a dor em sorriso, estimulando todos à sorrirem e seguirem com a vida”.

Após ter obtido apoio da ONG, Arlete Tomazella, de 63 anos, que era uma das vítimas, hoje dá o seu testemunho de superação, incentivando que outras mulheres procurem ajuda. Tendo sofrido violência doméstica por duas vezes, ela relata a importância do instituto na sua vida. “Eu me senti confiante e acolhida, pois foram 3 anos de luta. A ONG fez tudo o que poderia para me ajudar, divulgando o meu caso e pedindo ajuda. E quando passei por outra agressão que veio da minha filha um tempo depois, novamente eles me acolheram.”

Arlete, que mora em Londrina, ainda ressalta para quem esteja passando pelo que ela passou, a importância de pedir ajuda. “Sozinhas nós não temos força. Eu só me sentia bem quando conversava com eles, quando via o quão interessados estavam em me ajudar. Quando você tem uma equipe te oferecendo suporte, você cria coragem para enfrentar a situação, e ter forças para superar tudo.”

Em pouco mais de cinco anos de trabalho, a instituição já atendeu cerca de 7 mil mulheres. O alto valor também corresponde ao que vem acontecendo durante o período de quarentena e isolamento social. Desde março, quando o Brasil começou a conviver com o vírus da COVID-19, 1077 pessoas entraram em contato com a organização solicitando auxílio. Deste valor, não se incluem apenas mulheres, mas também homens, LGBTs e crianças. “Precisamos subir na mesa e romper com a violência. Queremos levar às pessoas motivos para sorrir, mesmo que elas nem percebam”.

PROJETOS SOCIAIS SÃO SUCESSO NO INSTITUTO

Um dos principais responsáveis por ajudar Goretti na realização dos serviços é Denis Souza. Responsável pela área de captação de marketing e comunicação do Instituto Todas Marias afirma que a maior parte dos atendimentos não é feita presencialmente: “Nos contactamos mais por telefone ou vídeo chamada, já fazíamos isso antes porém aumentou com a questão do Coronavírus”. 

Além dos trabalhos de atendimento, a ONG também disponibiliza diversos projetos de âmbito cultural, que auxiliam as vítimas a retratar, seja em forma de poesias ou peças teatrais suas manifestações artísticas, fundamentais no processo de construção de um novo eu.  O “Todas Marias são Poesias” é um dos trabalhos sociais de maior destaque. Segundo a própria Goretti, 86 mulheres participam do trabalho, que envolve o desenvolvimento de diversas atividades culturais, como a recitação de poesia e a pintura.

Além deste projeto, a ONG também disponibiliza a “Todas Marias na Balada”, que retrata e discute questões sobre o assédio sexual em baladas, responsáveis por gerar diversas denúncias. 

COMO BUSCAR CONTATO COM A ONG?

O Instituto Todas Marias disponibiliza principalmente o site oficial da ONG, além dos três canais de acesso aos nossos serviços: Chat online, E-mail e Messenger pelo Facebook. Além disso, é possível enviar mensagem pelo Instagram oficial. Por uma questão de segurança, não são marcados encontros presenciais na sede oficial. 

Site oficial: www.todasmarias.org.br

Instagram oficial: @institutotodasmarias

Facebook oficial:  @institutotodasmarias