Pesquisa online mostra quem sofre cyberbullying

por Ex-alunos
Pesquisa online mostra quem sofre cyberbullying

Segundo questionário, 43 % dos paranaenses já sofreram cyberbullying

Por Nathalia Gorte

Uma pesquisa online, feita através da rede social Facebook, mostrou como está o cenário virtual em relação ao cyberbullying: 268 entrevistados responderam o questionário e mais da metade afirmou que conhece algum amigo que sofre com cyberbullying.

Em fevereiro, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) criou um guia de orientação sobre segurança na internet. Um dos temas do guia era a exposição na internet e o cyberbullying. O NIC foi desenvolvido para efetivar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)

Segundo a gerente jurídica do NIC.br, Kelli Angelini, o propósito do projeto é aconselhar pais, educadores, crianças e adolescentes para evitar o excesso de exposição virtual e a existência de casos judiciais com o mau uso das redes sociais. Kelli afirma que mais de 20 mil downloads do guia foram feitos. Além disso, foram produzidas versões impressas do guia e recebidas solicitações do material para escolas. O conteúdo interativo do guia garante diversão para as crianças enquanto aprendem a se proteger do risco da exposição no mundo digital.

Foto|reprodução da capa do guia internet segura do NIC.

Cyberbullying é difamação, exposição e repetição de violência verbal através da comunicação virtual, por exemplo: redes sociais. A maioria dessa formas de violência digital tem cunho psicológico, já que o agressor não está presente fisicamente.

Porém, o alcance dessas agressões podem tomar proporções maiores que o bullying não virtual. Ou seja, o ambiente virtual permite afetar muito mais a vítima e o poder do agressor se torna maior.

Cyberbullying em forma de “meme”

Ricardo (nome fictício), 20 anos, foi avisado por uma amiga, no final de janeiro de 2016, que uma foto sua sem camisa estava sendo usada na produção de memes na internet, em uma página do Facebook com mais de 200 mil curtidas. O conteúdo utilizava um “humor ridículo” e a exposição virtual prejudicou muito sua autoestima. Segundo Ricardo, a propagação dessas mentiras abalou muito sua confiança, pois foi ridicularizado por estar acima do peso. O caso acabou chegando à delegacia e o criador da página ainda está sendo procurado. Para Ricardo*, a melhor maneira de quebrar o ciclo é fazer denúncia das agressões e procurar ajuda para a busca do agressor.

Esse caso é a exemplificação de como uma comunicação virtual e a tecnologia conseguem expandir o público, que é espectador de agressões virtuais. Como consequência o agressor pode ser anônimo e garantir que não exista hora nem lugar para que o cyberbullying aconteça.

 

Foto|reprodução de uma página do guia do NIC

Pesquisa online

Uma pesquisa realizada para essa reportagem, com 268 pessoas, trouxe dados alarmantes sobre o cyberbullying:

• 76 entrevistados já sofreram cyberbullying, e 43% são do Paraná;

• 190 respostas não obrigatórias do questionário revelaram que pelo menos 90% nunca procurou ajuda de profissionais quando o cyberbullying aconteceu;

• 189 respostas não obrigatórias do questionário mostraram que 79,4% nunca procurou ajuda na instituição de ensino;

• O dado mais alarmante foi que 52,6% de todos os entrevistados conhecem algum amigo(a) que sofreu cyberbulling.

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Como o cyberbullying afeta a saúde?

A pediatra associada à Sociedade Brasileira de Pediatria Beatriz Elisabeth Bagatin Veleda Bermudez alerta para as consequências do cyberbullying na saúde. Segundo ela, o cyberbullying pode gerar transtornos tanto físicos como psiquiátricos, estes podem ser: depressão, ansiedade, síndrome do estresse pós-traumático. Além disso, a recomendação médica e legal, de acordo com Beatriz, é a vigilância parental quanto ao excesso de uso da internet e exposição virtual.

A médica afirma que a Sociedade Brasileira de Pediatria busca pela prevenção, por isso o lançamento em 2016 do “Manual de Orientação do Departamento da Adolescência: Saúde de crianças e adolescentes na era digital” é justamente para informar como deverá ser o papel dos pais, dos educadores, dos pediatras e das crianças e adolescentes.

“Mesmo com o uso de antivírus, antispam, ou bloqueio de mensagens ofensivas, as famílias devem rever os valores familiares, as regras de proteção social. Existem outras formas de lazer além da internet, valorizar formas de lazer ao ar livre e contribuir para a família dar o embasamento que um filho precisa para seu pleno desenvolvimento”, explica a pediatra.

 

Como a escola dá suporte ao estudante?

Segundo a gestora do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Positivo, Izabella Millo Bini, a instituição orienta os alunos e professores quando há um caso de cyberbullying. O protocolo da instituição recomenda arquivar as conversas, fotos ou textos ofensivos para fazer a denúncia. Além disso, o colégio ainda procura tratar tanto as vítimas como os agressores e mediar o conflito antes de ter um encaminhamento legal. O colégio também promove programas de conscientização multidisciplinares para orientar alunos, professores e a família dos estudantes na prevenção do bullying e do cyberbullying.

 

Saiba como fazer denúncia

Para realizar a denúncia de um ataque virtual é preciso seguir alguns passos:

• Guardar as provas: salvar todas as ameaças recebidas em forma de texto ou imagens;

• Procurar uma delegacia especializada em crimes virtuais: fazer um boletim de ocorrência ajuda a procurar os responsáveis pela postagem ofensiva;

• Denunciar na própria rede social ou site que está sendo vítima de cyberbullying;

• Se for alguém conhecido de sua instituição de ensino: procurar diretores e professores para mediar o conflito antes de envolver um processo judicial;

• Procurar suporte de amigos e familiares: ter alguém com quem contar possibilita que o emocional não fique mais prejudicado;
Conheça formas de prevenção

• Educadores e instituições de ensino devem fornecer palestras sobre a ameaça virtual;

• Pais manterem um controle no uso excessivo da internet;

• Ensinar a criança e o adolescente a manter relacionamentos saudáveis;

• Se colocar no lugar da vítima: “e se fosse comigo” e não propagar mensagens ofensivas.