Plebisul alcança 96,26% de aprovação em votação informal

por Ex-alunos
Plebisul alcança 96,26% de aprovação em votação informal

Consulta realizada teve número de votos abaixo do esperado

Por Beatriz Tedesco, Guilherme Levorato e Luiza Remez

O movimento separatista “O Sul é o meu país” promoveu no sábado (7) um plebiscito informal em diversas cidades do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A consulta popular chamada Plebisul, teve um total de 364.256 votos, sendo 96,26% a favor e 3,74% contra. A participação, porém, foi menor do que em 2016, no qual o número total de eleitores foi 616.917, sendo 95,74% a favor e 4,26% contra a separação. Apesar de uma menor participação dos sulistas este ano, o número seria o suficiente para que um projeto de lei de iniciativa popular seja apresentado às assembleias dos três estados. Caso aprovado, um plebiscito formal será convocado no próximo ano, simultaneamente às eleições.

Menos de 2% do total de eleitores registrados nos estados do Sul do país participaram das votações do Plebisul. De acordo com as estatísticas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o PR, SC e RS juntos representam 21.284.501 eleitores brasileiros.

A votação foi por meio de voto impresso, no qual as pessoas responderam à pergunta: “Você quer que o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente? ”. Os eleitores tinham as opções SIM e NÃO como resposta e depois de depositarem os votos na urna, eram convidados a assinar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP), que será apresentado no XXV Congresso Nacional do Movimento O Sul é o Meu País, ainda este mês. O movimento espera entregar o PLIP com cerca de 3 milhões de assinaturas às Assembleias Legislativas Estaduais em maio de 2018, para que um plebiscito consultivo oficial seja aprovado pelos deputados do Sul.

Suene Rocha é mineira e mora em Curitiba há 12 anos. Para ela, a ideia de separação parece piada. “Cada vez que vejo alguma publicação sobre esse assunto penso se é sério ou brincadeira. As pessoas não separam nem o lixo vão querer separar o Brasil”, brinca. Para a administradora, essa é uma questão de preconceito. “As pessoas não têm noção da realidade do Norte/Nordeste. Além do estudo não ter a mesma importância que tem aqui, lá se começa a trabalhar cedo e sem contar o fato de que muitos não têm o que comer. ” Suene ainda complementa que a solução é o incentivo à educação. “Penso que esse incentivo seja o início de um processo no qual a população do Norte/Nordeste pare de ser vista como inferior. Além disso, contribuirá para que eles aprendam coisas necessárias, como a importância do voto. ”

O livreiro Aramis Chain, pensa que a separação do Sul do resto do Brasil dará chance para que o novo país seja controlado pela mesma gama de políticos presente no cenário atual. “A mudança não virá com a separação da região, muito menos com os políticos que temos hoje. ”

O caso de Pontal do Paraná

A Constituição brasileira não permite que regiões ou estados se tornem independentes do resto do país. Apesar disso, existem, hoje, muitos movimentos separatistas, entre eles o “O Sul é o meu país”, que possui um alto número de simpatizantes. Além do movimento sulista, encontra-se no Brasil grupos separatistas no Norte, Nordeste e até em Brasília. Os exemplos mais recentes de emancipação política na história brasileira reportam-se a criação de estados e municípios. No Paraná, um dos exemplos é a emancipação política de Pontal do Paraná que se separou do município de Paranaguá em 1995.

Para o fundador da Associação Comunitária Pontal do Paraná, Jorge Luiz B. de Oliveira, a emancipação na época pareceu ser a melhor alternativa. “Fizemos um estudo de viabilidade econômica e chegamos à conclusão que a solução para desenvolver a região dos balneários seria por meio de sua emancipação. Hoje, considerando a sucessão de prefeitos e vereadores ineptos e o custo da máquina pública tenho a impressão de que garantir maior autonomia da região e assegurar que os recursos nela gerados fossem nela utilizados seria mais eficaz considerando um melhor uso para os recursos públicos”.