Crítica: Com sensibilidade e leveza, “Um Monstro e Meia” é uma linda carta de amor

por Carolina Senff
Crítica: Com sensibilidade e leveza, “Um Monstro e Meia” é uma linda carta de amor

Filme de estudantes da PUCPR, “Um Monstro e Meia”, discute os obstáculos da infância e como a imaginação infantil pode ser uma grande amiga dos pequenos

Por Carolina Senff | Fotos: Divulgação Um Monstro e Meia

A mostra Pequenos Olhares do Festival Olhar de Cinema é uma celebração do cinema voltado para as crianças, mas também traz reflexos sociais para os adultos presentes nas sessões. Desse modo, o filme Um Monstro e Meia encaixou de forma perfeita na exibição do domingo de manhã na sala Cine Luz no Cine Passeio.

A história de Lola, uma garotinha de 8 anos que perde seu melhor amigo após ele se mudar de casa, é um lindo reflexo das dificuldades de uma criança quando passa por grandes mudanças na sua vida. O curta ainda se preocupa em mostrar o lado de uma mãe solo que se esforça diariamente ao tentar dar a melhor educação para sua filha, mas como ela é humana ela também erra. 

Um Monstro e Meia é a materialização cinematográfica da ambiguidade da magia da infância e da dureza da vida adulta. O monstrinho que rouba meias debaixo da cama de Lola, Tofu, encantou o público do Cine Passeio na manhã chuvosa de Curitiba e trouxe várias risadas na sala. Foi impossível não lembrar dos meus tempos de criança quando imaginar era uma das minhas brincadeiras preferidas. Tofu é isso, imaginação. Trazido com uma animação criativa e divertida, o monstrinho que solta vários grunhidos é o novo amigo e companheiro de Lola, depois dela ficar sozinha.

Rafa Gricolo no set de Um Monstro e Meia

Um amigo imaginário é o responsável por trazer alegria de novo para vida de uma jovem menina. Enquanto isso as notas dela caem na escola, ela tem medo de conversar com sua mãe sobre seus problemas e você não vê uma infantilização da personagem. Rama Rambo e Mariana Leal, diretoras do curta, foram inteligentes e corajosas ao mostrar que crianças também são gente, elas possuem sentimentos, ansiedades, obstáculos e não é porque são de pequena estatura que a vida é um conto de fadas. A atriz, Rafa Gricolo, que interpreta Lola coroa o roteiro muito bem escrito. Sua atuação faz você se sentir criança de novo. O que me agrada muito no filme é a montagem. A montadora Nicole Scremin uniu todos os elementos do filme (live-action, animação, fotografia, arte, som, trilha sonora, etc) como uma dança muito bem ensaiada que tira aplausos do público ao subir os créditos.

Acredito piamente que as mães que assistem ao filme se identificam. Não posso falar com tanta propriedade sobre esse aspecto já que ainda não ocupo este papel na sociedade, mas sei que ser mãe é uma missão diária de amor. A personagem da mãe de Lola é tudo e mais um pouco da representação de maternidade que muitas mães não sabem, mas precisam assistir para se verem na tela.

Ver este filme em um festival do tamanho do Olhar de Cinema é poderoso. Um Monstro e Meia é um projeto de TCC da PUCPR, 100% realizado por estudantes. “É um projeto de muito amor e carinho pelo cinema”, a fala de Mariana Leal no bate papo após a sessão é a mais pura verdade da realidade estudantil. É o amor que cria narrativas e faz com que histórias como a de Lola cheguem ao público.

Um Monstro e Meia é gentil, simples, tocante, profundo e sincero. Uma carta de amor a todas as crianças que imaginam e a todas as mamães que constantemente tentam ser sua melhor versão para os filhos. É a força dos novos cineastas no mercado, uma luz para o cinema nacional e uma belíssima reticências no sonho de jovens que querem contar histórias para pessoas que precisam ouvi-las.



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