O Grande Sertão Veredas intriga público com peça fora dos padrões

Apresentação contou com atores globais e interatividade da platéia
Por Maria Fernanda Coutinho e Marina Darie
Nos dias 7 e 8 de abril o espetáculo “O Grande Sertão Veredas”, adaptação do livro de João Guimarães Rosa, chega ao palco do Festival de Curitiba, no SEPT (Setor de Educação Profissional e Tecnológica). Trazendo um cenário interativo, com o palco centralizado e cercado por grades, o público ficou instigado ao entrar no espaço.
Além da disposição diferenciada do local, a apresentação contou com vários elementos curiosos. Na entrada, foram servidas doses de cachaça para quem fosse assistir, por exemplo. Já na hora de começar, fones de ouvido foram distribuídos, para que a platéia escutasse separadamente as vozes dos atores, a trilha sonora do espetáculo e os sons ambientes. Isso tudo proporcionou uma imersão completa na trama.
A casa atingiu sua capacidade máxima e foi uma das primeiras atrações do Festival a ter seus ingressos esgotados. “Minha maior expectativa é essa peça!”, conta Lucas Komechen, que já assistiu outras mostras teatrais e se sentiu desapontado com a maioria delas, principalmente por problemas de estrutura.
Com relação aos elementos diferenciados, a estudante de Teatro Beatriz Barreto Alves acredita que eles são de extrema importância. “Eu acho muito bom pra quebrar o padrão que a gente tem do clássico”, defende. Para ela, as palavras que resumem o Grande Sertão Veredas são: tensão e densidade.
A peça teve duração de 140 minutos e conta a história do jagunço Riobaldo, interpretado por Caio Blat, e a sua jornada de descoberta do Sertão, de reconhecimento e autoconhecimento. Em suas performances, os atores alternavam entre cenas leves e de extremo desgaste físico, em que imitavam animais típicos do Nordeste. Em breves momentos de selvageria, a equipe em cena escalava as grades que os separavam da platéia e os olhavam fixamente.
Produzida e dirigida por Bia Lessa, que volta ao Teatro após 8 anos afastada, a atração intrigou a platéia por seu trabalho intenso, físico e emocional.