“Negro não nego” trata a resistência e força dos negros na sociedade

por Fatos
“Negro não nego” trata a resistência e força dos negros na sociedade

Peça faz menções ao caso Guarda-Chuva e a morte de Marielle Franco

Por Andrey Ribeiro e Stephanie Friesen

“Negro não nego”, peça do Fringe no Festival de Curitiba, teve sua primeira apresentação na noite de quinta-feira (27). O espetáculo está em cartaz pela primeira vez no evento após ter passado pela ocupação do dia 29 de março em São Miguel, pelos palcos do Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Colégio Estadual do Paraná (CEP). Os principais temas abordados são humanidade, força, resistência, poder, memória e história negra. Além de quebrar estereótipos e preconceitos, a peça gera reflexões sobre como o negro está inserido nas questões políticas e sociais da sociedade.

O espetáculo é apresentado por oito atores no palco que, com danças, músicas e falas dão voz à resistência negra. A criação da peça parte de um projeto cênico de final de curso que durava 15 minutos. O diretor Glayson Cintra de Souza conta que sentiu a necessidade de continuar falando sobre o assunto e reformulou o texto original, que considera a adição de textos e coreografias e que transformou a duração da peça, agora com aproximadamente 40 minutos.

O diretor do espetáculo afirma, ainda, que a peça se resume em chamar atenção para questões de respeito e humanidade para comunidade negra e serve para dar voz a essas pessoas. “No cenário atual brasileiro, o preconceito é muito pertinente, então se faz importante mostrar essa questão para que as pessoas enxerguem que nós existimos e somos humanos”, enfatiza.

A atriz Marina Pfelr, que estava na plateia, comenta que a harmonia da dança e música presentes na peça completam a referência do propósito do espetáculo. “Eu acho incrível, o jeito com que eles introduziram o canto, as danças, o figurino, acho que peça faz com que uma nova pessoa volte para casa”.

Além de contar com ajustes regulares para abordar temáticas atuais como o assassinato de Marielle Franco e o caso do garoto sufocado pelo segurança no Rio de Janeiro, também são apresentadas estatísticas como as de assassinato da população negra: um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no Brasil.

O ator Luan Maciel, que faz parte do elenco, diz que o processo contribuiu bastante para o autodescobrimento e o fez refletir sobre questões de identidade. “A peça me trouxe um crescimento pessoal. Em 2017 eu me descobri negro, sempre fui criado pela parte branca da minha família, achava que a política de cotas não funcionava para mim e quando fui convidado para o processo, achava que iria apenas representar os negros. Quando li os textos e emergi na peça, pensei: sou negro, sim”.

Serviço

Última apresentação hoje às 21:00h no Teatro Cena Hum.

Endereço: Rua Senador Xavier da Silva, 166 São Francisco.

Classificação:+16

Duração: 30 min

Valor: R$ 20,00

Ingressos disponíveis no site diskingressos.com.br

 

 

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