Escolas e universidades migram do presencial para o virtual

por Rebeca Trevizani
Escolas e universidades migram do presencial para o virtual

Alunos desde o maternal até o Ensino Superior contam como têm sido suas experiências com as aulas em casa por conta do COVID-19 

Por André Festa, Gustavo Barossi e Rebeca Trevizani 

Em meio às diversas mudanças causadas pela pandemia do coronavírus que vem se espalhando pelo mundo, as escolas e universidades de Curitiba tiveram que se adaptar às medidas de isolamento. As chamadas aulas remotas se iniciaram a partir do decreto do Governo do Paraná de suspensão geral de aulas presenciais  

 

Com tais providências tomadas para diminuir o contágio do vírus, as aulas precisaram se reinventar. As instituições universitárias aderiram rapidamente ao modelo de aulas remotas, utilizando de plataformas como zoom, teams e portais próprios como salas de aulas virtuais. A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) deu autonomia para os estudantes a não irem mais para as aulas caso não se sentissem seguros no dia 16 de março e suspendeu totalmente as aulas presenciais no dia 19. 

Professores, alunos e pais foram atingidos pelas mudanças e também precisam se adaptar para manter o ritmo durante o período de quarentena. Estudantes da Universidade Positivo dizem estar tendo dificuldade com a organização dos estudos à distância “as Universidades tinham que pensar melhor na empatia com os alunos que não estão conseguindo fazer os trabalhos, nos pais que não estão recebendo salário, remanejar mensalidades” diz Isadora Freitas, aluna de jornalismo da Universidade Positivo.

Nas escolas de ensino fundamental o desafio é ainda maior. A dona de casa Adriane Fagundes diz estar tendo dificuldades na rotina de estudos da filha mais nova, aluna do Colégio Bom Jesus. Ela não se adaptou com a plataforma online nem eu. Ela tem dúvidas e o ensino fica defasado, pois nas primeiras dificuldades as crianças acabam desistindo de fazer as lições eu não consigo fazer [o papel] de professora”. 

A professora da educação infantil do Colégio Positivo e estudante de pedagogia na PUCPR, Gabrielli Brandl, diz ter sido assustador ver a escola vazia e os pais indo buscar os materiais. Todo o grupo positivo aderiu às aulas remotas, o que Gabrielli vê como algo positivo “ A adaptação como todas no início não é fácil, mas o importante é os alunos estarem com conteúdo em dia, dentro de casa, seguros! Acho que o lado positivo é as famílias participando do estudo dos filhos o que é uma coisa bem difícil que faz total diferença”. 

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) suspenderam o calendário acadêmico por tempo indeterminado para os cursos de graduação e pós graduação no dia 30. A aluna de Engenharia Civil Ana Carolina de Bastos diz entender o posicionamento da UFPR uma vez que não haveria como implantar o sistema de educação à distância em consideração aos que não teriam os acessos necessários para as aulas “Dentro da Federal não pode fazer a generalização de que todos têm computador e internet”. 

A estudante Nathália Freitas, aluna do 9o ano do Colégio adventista, aponta os pontos positivos negativos das aulas em casa  “Depois de um certo período me acostumei, mas tenho melhor desempenho em aulas presenciais. Me distraio fácil e tenho problemas de concentração”. Ela diz aproveitar melhor o espaço de estudo e o ritmo em casa facilita no processo de aprendizagem. A escola desenvolveu um novo sistema para auxiliar os alunos com a rotina em casa. Com o login da matrícula, os estudantes têm acesso a uma plataforma com vídeo aulas, slides disponibilizados e entregas de exercícios e trabalhos. Alguns professores da Instituição estão fazendo aulas ao vivo nas plataformas do Zoom para auxiliar nas dúvidas e no conteúdo para os alunos. 

Já a Rede de Ensino Estadual  recebeu uma deliberação do Governo Federal no dia 2 de abril  que aprovava a Medida Provisória que permite e organiza as aulas remotas para escolas estaduais do Paraná. Apesar de algumas delas já estarem tomando providências de auxílio para os alunos durante a quarentena, a partir do dia 6 foi oficialmente dado início às aulas remotas que utilizarão do Google Classroom, Aula Paraná, Youtube e canais de televisão aberta. Os professores da rede estadual foram convidados a ajudar nas vídeo aulas, enviando currículos para participarem da produção de conteúdo e ensino via vídeo. Segundo a pedagoga e funcionária da Secretaria de Educação do Paraná Joelma Silveira, a demanda de trabalho tem aumentado nesse período. “Nosso trabalho tem sido intenso e muito puxado. Atendemos os técnicos pedagógicos dos Núcleos Regionais de Educação, que são 32 no Paraná”.

As medidas tomadas durante o período de quarentena não se limitam às escolas e universidades brasileiras. A estudante de relações internacionais na Universidade Portucalense do Porto, em Portugal, Beatriz Fagundes, veio passar os dias de isolamento no Brasil mas mantém as rotinas de estudo em casa. Beatriz tem enfrentado dificuldades com o fuso horário e a maneira com que as aulas tem sido lecionadas “Não tem tanta participação ou dinâmica, o que acaba deixando a aula mais massante”. Para ela, um dos pontos positivos tem sido os trabalhos online, pela ausência da pressão presente em sala de aula e a maior comodidade.

Segundo a pedagoga Neusa Duarte, apesar das muitas adaptações e esforços por parte das instituições educacionais, a volta às aulas será turbulenta e haverá prejuízos causados pela quarentena. “Haverá um aumento nos casos de abandono escolar pelo agravamento da crise econômica”. A pedagoga aponta que ocorrerá um desgaste físico e emocional para professores e funcionários causado pelo período de afastamento, o que poderá refletir na qualidade de ensino. Não há previsão de retorno às aulas presenciais. 

Autor