Jornalismo se reinventa em época de pandemia

por Hellena César
Jornalismo se reinventa em época de pandemia

Em roda de conversa com estudantes de jornalismo da PUCPR, profissionais de TV e rádio revelam como estão driblando dificuldades para honrar o compromisso com a informação Por Hellena César | Foto: Narley Resende 

Com a pandemia de coronavírus, o mundo percebe o importante papel de uma profissão que há anos vem sendo atacada: a do jornalista. Esses profissionais assumem a linha linha de frente na busca por informação de credibilidade, seja se arriscando nas ruas ou trabalhando dentro das redações. Os alunos do terceiro período de Jornalismo da PUCPR receberam recentemente, em aulas realizadas por videoconferência, profissionais do meio para discutir situações atípicas deste momento e para ouvir relatos a respeito de mudanças nas rotinas produtivas neste período de distanciamento social.

O primeiro convidado foi Gudryan Neufert, jornalista da FOX Sports, formado em jornalismo pela PUCPR e em História pela UFPR. “A FOX não parou em nenhum momento”, contou Gudryan. Ele diz que a emissora diminuiu a carga de trabalho e os jornalistas estão entrando ao vivo de casa para reduzir a quantidade de pessoas tanto na rua quanto no estúdio. Segundo Neufert, a qualidade do vídeo pode atrapalhar um pouco, mas, por outro lado, facilita o contato com muitos entrevistados, já que se pode fazer a entrevista por vídeo chamada com qualquer pessoa, em qualquer lugar do país ou do mundo. “O esporte ficou em segundo plano, e mesmo quando a situação melhorar, não será a mesma coisa.”

A segunda roda de conversa foi composta pelos jornalistas Thaissa Martiniuk, produtora da Globo News, James Alberti, produtor do Fantástico, da Rede Globo, e Douglas Santucci, chefe de produção nacional da TV Band, apresentador e repórter. Todos relatam uma mudança drástica na rotina desde que a pandemia levou ao distanciamento social. Thaissa conta que a redação da Globo News costuma ser cheia de jornalistas em situações normais. Mas hoje os telejornais são produzidos com a equipe reduzida, para que se mantenha o distanciamento mínimo. Segundo ela, os jornalistas também estão usando os espaços dos programas que ficaram fora do ar por conta da pandemia. Muitos repórteres estão sendo remanejados para conseguir cobrir todas as notícias que envolvem o coronavírus, como Douglas Santucci, que era responsável pela produção da programação jornalística nacional da Band e agora voltou pra frente das câmeras, com boletins que são veiculados a cada trinta minutos.

A missão do jornalista de averiguar e escolher o tipo de informação que será divulgada se tornou ainda mais difícil. Decidir entre o direito da população de saber o que está acontecendo e ao mesmo tempo não gerar pânico tem sido um grande desafio para esses profissionais. “Eu acho que toda a informação é melhor sempre”, diz James Alberti. Para ele, o papel da imprensa é medir o que dizer, mas não esconder.

Os convidados da última videochamada foram a âncora nacional da Rádio CBN Tatiana Vasconcellos e o produtor e repórter nacional da Rádio BandNews Narley Resende. Ambos comentam que estão alternando seus dias de trabalho para evitar  aglomeração, tanto nos transportes públicos quanto na redação e no estúdio. Alguns dos jornais são transmitidos a partir de locais diferentes. Duplas de âncoras se revezam para não permanecer no mesmo ambiente – enquanto um fica no estúdio, outro apresenta o radiojornal de casa.

A produção do conteúdo tem sido toda voltada para a pandemia do coronavírus, por conta da importância que o assunto assumiu na vida de todas as pessoas. O desafio, segundo os jornalistas, é escolher abordagens diferentes e cobrir todas as áreas afetadas pela pandemia, desde a saúde, passando pelo comportamento, até a economia.

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