Curitiba tem 807 vacinados no primeiro dia de imunização contra a Covid-19

Um grupo de idosos aguardava, equivocadamente, a abertura do pavilhão do Barigui para vacinação, por enquanto destinada apenas a profissionais de saúde
Por: Allanis Menuci & Guilherme Araki / Foto: Guilherme Araki
Pelo menos dez idosos aguardavam equivocadamente na entrada do pavilhão do Parque Barigui, na capital paranaense, a abertura da vacinação contra a Covid-19 nesta quarta-feira (20). A vez das pessoasl com mais de 60 anos, que estão incluídas no segundo grupo de vacinação, só vai chegar depois que forem vacinados os profissionais que atuam na linha de frente da Covid-19, indígenas da aldeia do Tatuquara e moradores e funcionários de asilos.
Somando a CoronaVac e a Astrazeneca, Curitiba conseguiu 46.320 doses nesta primeira etapa da vacinação. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, cerca de 23.000 pessoas serão vacinadas com o primeiro lote, considerando as duas aplicações do imunizante para cada cidadão.
Na cerimônia de início da vacinação dos profissionais durante a manhã, a secretária municipal de saúde, Márcia Huçulak, comentou que o uso de máscaras e as prevenções ainda serão necessárias para conter a doença. Além disso, ela pediu para que as pessoas não comparecessem ao local procurando tomar a vacina, já que todo o processo de organização para isso será feito por meio de agendamento, seguindo a ordem dos grupos pré-selecionados. (confira como checar seu agendamento ao final da matéria.)
Contudo, muitos idosos não conseguiram receber a informação de maneira clara sobre como será feita a vacinação, acabaram comparecendo ao local e tiveram que voltar para casa sem a vacina.
Para os curitibanos Alba Cipriani (68) e João Maria Cipriani (75), a falta de informação está sendo uma das maiores dificuldades na pandemia. Na manhã desta quarta-feira (20), ambos se encaminharam até o pavilhão do Parque Barigui porque ouviram que a imunização começaria durante a manhã. “Eu vim ver se por acaso era verdade que ia dar vacina aqui, que era pros idosos, daí eu vim pra saber se era hoje”, comentou Alba. Além disso, tiveram dúvidas sobre como será o processo de vacinação para as pessoas com mais de 60 anos. “Queremos saber se vão marcar data. Não tem um prazo para sermos vacinados?”, perguntava.
Agendamento para idosos
Os cidadãos idosos serão convocados para a vacinação por meio de mensagem enviada pelo aplicativo Saúde Já, disponível em Android, IOS e Web. De acordo com a Secretária Márcia Huçulak, o aplicativo permite vincular o cadastro de pessoas idosas ao de outras pessoas de menor faixa etária. Assim, seja o neto ou filho – por exemplo – podem informar o idoso sobre o seu horário e local de vacinação. No caso de instituições de longa permanência, o agendamento não é necessário, já que uma equipe de vacinadores está indo até os locais para realizar o processo com os moradores e seus cuidadores, número que se aproxima de 6.000 pessoas.
Para os idosos de 80 anos ou mais, há a possibilidade tanto de agendar pelo aplicativo, quanto o agendamento por domicílio (no caso de idosos acamados.). Segundo Huçulak, as vacinas para imunizar os idosos ainda não chegaram, mas estão em análise de liberação pelo Instituto Butantan. “O Brasil precisa que a Anvisa seja rápida.”, complementou o prefeito Rafael Greca.
Instituições de idosos e tribo indígena
Na tarde desta quarta-feira (20), equipes da Secretaria Municipal da Saúde visitaram 19 instituições de longa permanência e vacinaram 697 idosos que residem nesses lugares. Além disso, a Secretaria Márcia Huçulak – que é enfermeira – foi responsável por vacinar a primeira mulher no Pequeno Cotolengo, Lídia Alves Santos.
A prefeitura estima que até sexta-feira (22) sejam vacinados 768 moradores e funcionários do Pequeno Cotolengo, com idades acima de 18 anos.
Ainda continuando a vacinar as pessoas do Pequeno Cotolengo, na quinta-feira (21) as equipes de vacinadores seguirão para a aldeia Kakané Porã, que conta com 97 indígenas.
Emoção e alívio
Ana Luiza Bueno Jacob conta que sua avó Leny Antônia Wahl Jacob recebeu a vacina contra a Covid-19 no Lar Iracy, no primeiro dia da campanha. Ela comenta que descobriu que isso ocorreria quando o para o pai dela recebeu uma ligação pedindo a autorização. Ana também conta que a avó está há um mês no lar por conta de problemas de saúde, e ficou muito emocionada quando recebeu a notícia.
“Não consegui falar com ela ainda, vou ligar para lá amanhã. Mas eu não sei nem explicar o alívio que eu estou sentindo. Eu não vejo minha vó há dez meses por conta da pandemia e eu sou muito apegada a ela”, diz a neta. “Tinha medo de estar tomando a decisão errada em não ir vê-la, mas percebo que foi a melhor decisão. Agora eu finalmente sei quantos dias faltam para vê-la. Parte de mim simplesmente sente paz.”
Desde o início da pandemia, o Paraná teve 7.762 mortes por coronavírus. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde do (SESP), os idosos correspondem a 76,42% das mortes pela doença.