Um a cada cinco jovens curitibanos já experimentou cigarro, segundo o IBGE

por José Henrique de Souza
Um a cada cinco jovens curitibanos já experimentou cigarro, segundo o IBGE

Pesquisa realizada pelo IBGE coloca Curitiba em primeiro lugar entre as capitais do Sul em porcentagem de  jovens de 13 anos ou menos que já fumou um cigarro.

Por José Henrique de Souza 

Um a cada cinco jovens curitibanos já experimentou o cigarro, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar(PeNSE) em sua última edição, realizada em 2019. A pesquisa mostra que 19% dos meninos entre 13 e 17 anos já experimentou o cigarro, para meninas a porcentagem foi  de 27%, com um total de 23,2%, com 13 anos a porcentagem é de 11,7%, primeiro lugar entre as capitais sulistas.

Muitos desses fumantes permanecem no vício até depois dos 17 anos, como relata Rodrigo, 20 anos, estudante de Engenharia da Computação: “Comecei a fumar aos 15 anos, porque era conveniente fumar socialmente e não sinto muita diferença”.

Segundo Dagoberto Hungria psiquiatra e professor do curso de Medicina da PUCPR e ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas(ABEAD): ”O cigarro é atrativo porque causa uma sensação de bem-estar, por conta de estímulos gratificantes no circuito de prazer do cérebro, com o aumento da quantidade de dopamina.”

Não só os estímulos químicos criam essa dependência a nicotina e a experimentação dela, há também os estímulos sociais de grupos e a curiosidade jovem,  como complementa o psiquiatra: “A pressão do grupo sobre o indivíduo é um dos momentos mais importantes para a experimentação , nos familiares o que ocorre é a imitação(muitos dos familiares inclusive falam que eles não devem fumar) e o fator de curiosidade, de ir e pegar um cigarro da carteira de cigarros do familiar para experimentar”.

A influência de grupos e de pressão na questão do gênero que criou a disparidade entre meninos e meninas na pesquisa, com uma diferença de 8% a mais para meninas, pode ser explicado por uma questão muito social e não biológica.

“A competitividade entre homens e mulheres é um fator, elas em tempos recentes estão ficando mais independentes, ganhando espaço no mercado de trabalho e os jovens , principalmente, querem se mostrar e ter prazer a qualquer custo, isso se percebe também com outras drogas.” como dito por Hungria

Muitos jovens tem contato com outros produtos do tabaco como o cigarro eletrônico(e-cigarrete), o narguilé, o cigarro de cravo entre outros,  acreditando ser menos danoso ao organismo, como relata outro estudante de Cinema de 20 anos de idade: “Fumei meu primeiro cigarro com 14 anos, porém comecei a fumar efetivamente com 17 anos, comecei pela influência amigos, fumava esporadicamente cigarros de cravo gudang garan, com o tempo me enjoei do cravo, mas já me encontrava dependente da nicotina, então migrei para os cigarros sem sabor”.

Os efeitos desses cigarros no organismo são idênticos ao cigarro tradicional, de acordo com Hungria:

”Não há diferença do ponto de vista da saúde entre o cigarro tradicional e outras formas de fumo por conta da nicotina. É como se alguém com alergia de camarão rejeitasse um prato de camarão mas aceitasse um prato que tenha como um dos ingredientes camarão picado, o efeito é o mesmo independente do formato.”

O estudante  de Cinema também relatou como o cigarro o afetou: “Nos 2 anos e meio que passei fumando, percebi uma piora no meu fôlego e uma melhora no humor. Todo mundo sabe que faz mal, estive ciente já no meu primeiro cigarro, mas a parte boa de fumar é ter momentos de prazer e alívio em meio às tarefas do dia a dia”.

Os efeitos do fumo, como fora relatado pelo estudante os quais ele disse estar ciente quando começou a fumar se dá pelo fato de o sangue ter maior afinidade ao carbono do que ao oxigênio, e quando ele chega no pulmão ele engrossa o muco pulmonar e mata os alvéolos, esse efeito não é tão diferente entre jovens e adultos, a diferença mais significativamente na questão do vício como fala o psiquiatra: “Não há diferença dos efeitos da nicotina entre jovens e adultos. Os efeitos no cérebro em formação(até 27 anos) por terem uma maior absorção da nicotina, causa uma maior dependência física e psicológica.”

As campanhas antitabagistas  tem, desde a década de 80, tentado combater esse vício dentro da população durante as últimas 4 décadas, segundo Dagoberto que durante anos foi presidente da ABEAD:“(A campanha antitabagista)Tem tido sucesso, o Brasil é um país modelo em campanha antitabagista, vários países imitam a campanha antitabagista brasileira.”

Mas mesmo com esse desempenho modelo há muito a melhorar para combater esse problema de saúde pública em especial com os jovens, como complementa o profissional: “Esse é o grande desafio(como melhor combater o tabagismo jovem), o diálogo familiar honesto, sem a pedagogia do medo , não só sobre o cigarro mas outros tipos de drogas é o primeiro passo e também campanhas escolares com a demonstração dos danos causados pelos drogas.”

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