Aumento na taxa de suicídios entre jovens, jovens adultos e universitários gera alerta

Dados apontam números preocupantes sobre saúde mental de estudantes em graduação e faixa etária dos 15 a 39 anos.
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento nos casos de suicídio na faixa etária dos jovens e jovens adultos. Dentro das universidades, uma maioria dentre os estudantes tem lidado com problemas emocionais. Segundo o Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em setembro de 2021, com levantamento de dados de 2010 a 2019, nos últimos dez anos houve um aumento de aproximadamente 25% nos casos de suicídio de pessoas com 20 a 39 anos e de quase 75% entre 15 a 19 anos.
De acordo com o levantamento ”Perfil Socioeconômico dos Universitários” pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), 80% dos estudantes de graduação relataram que já tiveram a problemas emocionais, dentre eles aproximadamente 60% tiveram ansiedade, 32% insônia , 20% tristeza permanente, 10% medo ou pânico, 6% idéia de morte e 4% pensamento suicida. O estudo foi realizado em 2018, e em todas as regiões do país.
Recentemente, no dia 30 de março deste ano, um estudante de medicina veterinária faleceu devido a uma queda do terceiro andar da Universidade Tuiuti do Paraná. A causa ainda é investigada pela Policia Civil do Paraná, mas a possibilidade de suicídio não foi descartada.
O acontecimento gera um alerta para a pressão que os universitários experienciam. Um estudante de medicina veterinária que não quis ser identificado, 22 anos, acredita que caso comprovado como suicídio, pode existir uma relação muito forte a vida universitária. “Muitos professores de universidade são muito insensíveis e não pensam muito nos alunos, apenas em dar a matéria e cumprir o plano de aula. Carga muito pesada, muita matéria, muita cobrança e pouca empatia.” Ele cita como exemplo que no momento do ocorrido a professora que estava lecionando, queria prosseguir a aula no laboratório, alegando que apenas o bloco do incidente estava interditado. Apesar disso, todos os alunos foram liberados das aulas na universidade.
O psicólogo clínico Pedro Henrique Machado Gaiad, 29 anos, relata sobre sua experiência em seus atendimentos e afirma que desde antes da pandemia o número de adolescentes e jovens adultos com ansiedade e depressão já era bem elevado no contexto clínico, sendo as principais queixas que motivam a busca do atendimento psicoterapêutico. Ele acrescenta que é inegável que durante o período de pandemia houve um aumento significativo destes casos não só nesta faixa etária, mas na população como um todo.
Para Pedro, a prevenção desse aumento persistente poderia ser realizada por meio da divulgação da importância da saúde mental de forma contínua, além disso, ainda se faz necessário a normalização do tratamento psicoterapêutico, coisa que ainda não foi atingido. “Vivemos em uma sociedade onde há uma obrigatoriedade para sermos felizes, porém a vida infelizmente não é assim, vivemos altos e baixos e é isso que define o nosso equilíbrio psíquico, não o estado ilusório de estabilidade continua.”
O terapeuta ainda afirma que o suicídio é a última escolha, segundo ele geralmente quem chega ao ato sente que já tentou todas as possibilidadese caminhos para a mudança da sua situação, e todas foram compreendidas como um fracasso. “Isso quer nos dizer que a grande maioria das pessoas que pensam em cometer suicídio na verdade busca uma nova forma de viver, seja ela em um paraíso, renascendo, ou simplesmente a ausência de sofrimento.”