Chegada do Outono sobrecarrega UPAs com casos de doença respiratória

Após aumento de casos da dengue e doenças respiratórias, prefeitura anuncia mudanças no atendimento das UPAs. Procura por atendimento cresceu 25% nos últimos meses.
Por Gustavo dos Reis, Gustavo Malinowski e Leticia Hamm.
Foto: Gustavo dos Reis
Segundo a Secretaria de Saúde de Curitiba, a procura pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba cresceu 25% entre os meses de fevereiro e março. Estima-se que as regiões Sul e Sudeste terão casos de Gripe Influenza, COVID e dengue combinados. Todos esses fatores resultam em um sistema de saúde caótico, situação que já é vista também em postos de saúde de Curitiba.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (SESA), doenças que atingem vias respiratórias, como a gripe e a pneumonia, são comuns nesta época do ano devido à queda da temperatura e mudanças repentinas do clima. Também há diversas ocorrências de otite, sinusite, resfriados e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que atingem majoritariamente idosos, crianças e pessoas com baixa imunidade.
O mais recente boletim InfoGripe, realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz, afirma que tanto o estado quanto a capital registraram um aumento de 95% em casos de SRAG. Foram adotados a separação de pacientes com sintomas de dengue e de doenças respiratórias, chamada de fluxo em Y, além da expansão do teleatendimento e ainda ampliação da carga horária dos médicos.
Contudo, segundo o Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (SIMEPAR), as doenças respiratórias e a epidemia de dengue não são os únicos fatores agravantes da superlotação das Unidades de saúde. Os motivos principais para a sobrecarga das UPAs são a baixa demanda de médicos/as para realizar os atendimentos e as Unidades Básicas de Saúde não conseguem absorver a demanda de casos menos urgentes.
O que a Prefeitura de Curitiba tem feito?
O cenário epidemiológico que a cidade tem vivido é alarmante. Segundo dados da prefeitura, cerca de 4.300 casos são atendidos nos postos de saúde todos os dias, 25% a mais do que no ano anterior. Além disso, foram registrados aproximadamente 19.893 atendimentos por suspeita de dengue desde o início deste ano, número 42 vezes maior comparado ao período homólogo.
Isso fez com que a secretaria da saúde adotasse novas medidas para conseguir suprir a demanda de atendimentos e se adaptar ao cenário grave que a cidade está passando.
Além do fluxo de atendimento em Y e do aumento da carga horária de médicos que atendem as UPAs, outra ação realizada foi a instalação de tendas nas regionais do Cajuru e Boa Vista e um canal direto de teleatendimento de casos leves para a central Saúde Já Curitiba.
“Nosso monitoramento do sistema de saúde é constante. Ele é modulado conforme a demanda, a gravidade e os tipos de problemas de saúde que surgem”, afirma a Secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.
A Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), órgão vinculado à SMS, contratou 355 funcionários para o SUS. Desses números, 55 funcionários são da área administrativa e outros 300 são assistenciais. Essas contratações simbolizam a recomposição de equipes, majoritariamente em quadros de urgência e emergência.
Segundo o Diretor-geral da Fundação, Sezifredo Paz, serão realizadas mais contratações para atender a demanda de casos.
“A Feas tem um banco de profissionais aprovados do seu processo seletivo público (concurso) homologado no último 26 de março, que garante o chamamento de outros 182 profissionais ainda em abril”, declara Sezifredo.
E qual a situação dos hospitais?
O Hospital Universitário Cajuru, em nota ao Portal, afirmou que seus leitos operam na sua capacidade máxima atualmente, com algumas restrições periódicas de encaminhamentos, por conta da demanda alta de emergências. O Hospital possui 206 leitos, sendo oito unidades de internação com 167 camas no total, os demais leitos são divididos em Unidades de Terapia Intensiva e no Pronto Socorro.
Já o Hospital São Marcelino Champagnat informa que, no mês de abril de 2024, foi registrado um aumento de 30% na movimentação do Pronto atendimento em relação ao mesmo período do ano anterior. Tanto o Cajuru quanto o Marcelino estão presentes em áreas onde a doença se faz fortemente presente, não se contendo apenas à rede pública de saúde.