Atividades não essenciais continuam abertas em Curitiba

por Nathalia Miguel Brum
Atividades não essenciais continuam abertas em Curitiba

 

Em meio a pandemia de coronavírus empresas mantém seu funcionamento, comprometendo a contenção do vírus e a saúde de seus funcionários

Por Beatriz Artigas, Beatriz Tsutsumi e Nathalia Brum

No dia 1º de abril, o prefeito Rafael Greca anunciou, por meio das redes sociais da  Prefeitura de Curitiba, que a administração está analisando a reabertura dos comércios na cidade. Entre as atividades comerciais citadas pelo gestor em entrevistas estão o comércio de rua, lotéricas e serviços de telemarketing. Com tais medidas a serem tomadas pelo município houve crescimento no número de estabelecimentos não essenciais funcionando na capital, gerando preocupação e indignação por parte dos trabalhadores.

As atividades que permanecerem abertas nesse período de quarentena devem cumprir as medidas de prevenção e contenção ao novo coronavírus deliberadas pelo Centro de Operações de Emergência (COE) em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde. Entre os cuidados oficializados pela secretaria estão o de disponibilizar o álcool a 70% gel antisséptico, colocar avisos sobre a importância da higienização adequada das mãos em local visível e de fácil acesso aos clientes e funcionários, manter o ambiente aberto e ventilado, evitar aglomerações, manter a distância mínima de um metro entre as pessoas e reforçar a higienização do ambiente de trabalho.

Apesar das normas de prevenção a COVID-19 e das fiscalizações feitas pela Prefeitura Municipal de Curitiba terem se intensificado, empresas continuam seu funcionamento sem se adequar totalmente aos cuidados estabelecidos. “Falta álcool em gel, falta o uso correto do ar condicionado e janelas, porém a maior falta é a de humanidade por parte da empresa”, afirma um funcionário de uma empresa de telemarketing da cidade, que preferiu não se identificar. Segundo a fonte, a empresa até disponibiliza álcool em gel, higienização dos pontos de atendimento (PAs), distância de um metro entre os atendentes e abertura de janelas, mas as medidas não são suficientes uma vez que o estabelecimento possui uma média de 4 mil funcionários. 

Segundo Viviane Favretto, assessora de comunicação da Prefeitura de Curitiba, o Decreto 470 estabeleceu medidas para lidar com a situação de emergência. Entre elas está a recomendação da “suspensão dos serviços e atividades não essenciais, que não atendem as necessidades inadiáveis da comunidade”. Os estabelecimentos em funcionamento devem seguir as orientações e protocolos da Secretaria Municipal da Saúde referentes à prevenção da transmissão pelo novo coronavírus. As repreensões para os serviços expressamente vetados são as previstas em lei (como possibilidade de multas, interdições e outros). “A avaliação do município é permanente e haverá adaptações que se mostrarem necessárias. Denúncias e reclamações podem ser feitas pela Central 156” afirma.

De acordo com médico infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, 62, professor da FAMED MS e pesquisador na FIOCRUZ, é necessário o afastamento físico para o controle das contaminações, sejam estas diretas ou indiretas. “Quanto mais nós estivermos afastados, evidentemente, menor a chance desta transmissão. Por isso a gente defende esse distanciamento físico, com um relacionamento social na medida do possível”, diz. 

Para Fabiano de Brito, analista de planejamento de uma operadora de telefonia, a demora pela liberação da maioria dos funcionários e dos programas para o trabalho remoto trouxe muita insegurança. “Foi um momento muito difícil e uma situação preocupante”, relata. “Eu e meus colegas exigimos muito que a empresa tomasse uma atitude e uma solução para que conseguíssemos ficar seguros naquele momento”.  

Funcionária em uma lotérica de Curitiba, Edilene Moreira, 48, afirma que devido ao isolamento houve uma redução no movimento em comparação. Ela avalia que o fluxo de pessoas poderia ser ainda menor se as pessoas utilizassem a internet para resolver os serviços de lotérica. Quando questionada sobre o retorno de alguns comércios, a atendente disse estar bastante preocupada, pois além de não serem atividades essenciais, isso leva a população a relacionar uma melhora no cenário da epidemia e que possam voltar com suas rotinas, o que não é o caso. “Por causa de alguns poucos que estão achando que o coronavírus não é nada e já dá para voltar às atividades normalmente, a maioria vai ser prejudicada”, desabafa.

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