Autistas sem carteira de identificação ainda são maioria em Curitiba

Segundo levantamento, quase 70% das pessoas com o Espectro Autista ainda não possuem a carteira de identificação da Pessoa Com Espectro Autista (CIPTEA)
Por Yudi Hiroki | Foto: Yudi Hiroki
O aumento no número de diagnósticos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista tem levado a novas políticas públicas para acessibilidade dessa população. Umas das principais em Curitiba é a (CIPTEA), que completa cinco anos de implementação em 2025.
O ex-deputado federal Ney Leprevost foi o responsável pela implementação da carteira de identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA). A lei que criou a CIPTEA foi assinada e implementada em 2020. A carteira garante a prioridade no atendimento em serviços públicos, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social e também privados – como farmácias, supermercados e bancos, dentre outros. A iniciativa fez com que o estado do Paraná fosse um dos primeiros a implementar a política.
Segundo o último levantamento da Celepar, empresa responsável pela emissão da CIPTEA, mais de 35 mil carteiras de identificação já foram emitidas em todo o estado do Paraná. Em contrapartida, aproximadamente 73 mil pessoas autistas ainda não possuem a carteira, que resulta em 108 mil pessoas com o diagnóstico.
A influenciadora Luciana do Rocio Mallon, 50 anos, está inserida dentro do Espectro, e conta que desde muito nova sofre com a falta de acessibilidade. A profissional afirma que não possui a carteira de identificação do Espectro Autista e que para os autistas nível 1 de suporte é muito difícil adquiri-lá. “O nível 1 de Autismo era conhecido como Síndrome de Asperger e tinha o apelido de: ‘autista que pode trabalhar’”, explica.
A psicóloga Pâmela de Castro Nogueira, especialista em Análise do Comportamento Aplicada, defende a importância da CIPTEA para pessoas inseridas no espectro autista. “A carteira tornou mais visíveis os direitos humanos para quem está no espectro e facilitou por vias legais a inclusão dentro de instituições.”
Pâmela avalia que a acessibilidade é essencial para o desenvolvimento de uma criança com autismo. Isso garante melhora na qualidade de vida não só de quem está no espectro, mas também aqueles que convivem todo dia com o transtorno – sejam pais, avós, tios ou responsáveis.
Mais acessibilidades em Curitiba
Outras iniciativas buscam ampliar a acessibilidade para pessoas dentro do espectro autista nas cidades. É o caso da lei que torna obrigatória a previsão de espaços multissensoriais em aeroportos e oferece estímulos visuais, táteis e auditivos para os mais de 200 mil autistas que viajam pelo Brasil mensalmente. Na grande Curitiba, o Aeroporto Internacional Afonso Pena ainda não possui a sala adaptada, que preza garantir mais acessibilidade a passageiros autistas.
Outra iniciativa é a lei que prevê que toda pessoa com TEA deve ter acesso ao cinema. O problema é que apenas 2% das sessões são inclusivas. Em Curitiba, cinemas como Cinesystem e a Cinemateca têm sessões adaptadas. Uma vez ao mês essas redes proporcionam sessões com um som mais baixo e com menos estímulos luminosos.
O Museu Oscar Niemeyer (MON) tem uma sala multissensorial, criada pelo Núcleo de Acesso e Participação, e também pelo projeto MON Para Todos, criado em 2022. No ambiente, ocorrem estímulos sensoriais que buscam reduzir os sons externos, como as músicas e outros visitantes do MON, de modo a evitar que possa influenciar a experiência.
Confira a entrevista completa com a influenciadora Luciana Mallon
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