Beta discutiu investigação e jornalismo independente

Evento reuniu palestrantes de diferentes áreas
Por Bruna Martins Oliveira
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Pensando nas novas vertentes do jornalismo e das alternativas para se fazer jornalismo sério com diferentes formatos é que foi organizada a 3ª edição do Beta Jornalismo, promovida pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da PUCPR. A primeira parte do evento se focou nos temas de radiojornalismo, investigação jornalística e produção independente.
A abertura contou a apresentação dos organizadores e uma observação do reitor da universidade Waldemiro Gremski. “Se o aluno adentra uma universidade, ele tem, na verdade a chance de cursar duas. Uma na sala de aula, e outra fora dela. É importante pensar no cenário do jornalismo atual e temos temas desafiadores aqui”.
Beatriz Wagner fala de radiojornalismo
Diretamente da Austrália, o evento começou com palestra da jornalista Beatriz Wagner, que atua como diretora de um programa voltado aos portugueses que vivem na Austrália, na Rádio SBS. Beatriz, formada na UFSC, contou que logo quis vivenciar novas experiências, por isto decidiu continuar estudando fora e já está há 21 anos na rádio.
Ela relatou que o principal propósito da emissora, que é pública, é produzir conteúdo com base na língua, tanto que o programa em que ela dirige é destinado ao público que fala português. Além disso, a SBS também produz conteúdo para mais de 120 países e conta com cerca de 250 jornalistas espalhados nestes núcleos.
A profissional revela, que além de multicultural, seu trabalho é totalmente multimídia. “Eu faço pauta, sou repórter, faço operação de mesa, edito, escrevo, ou seja, faço tudo. ”. E que a principal diferença do jornalismo brasileiro para o mercado de imprensa australiano é a liberdade e o respeito à informação.
“O limite é a tua capacidade de contar histórias e contar bem. Nós não trabalhamos para o governo. E, aqui existe um jornalismo mais sério. O respeito ao judiciário por exemplo, é algo muito forte. Na Austrália não se pode tocar em um assunto antes do julgamento acabar e as informações forem confirmadas, embora o jornalista acompanhe a situação no tribunal. No Brasil, a própria mídia faz o julgamento”, destaca.
R.U.A. Fotocoletivo: fotógrafos contam muitas histórias
Não se limitar a contar histórias também é o propósito do R.U.A. Fotocoletivo, um movimento que surgiu há dois anos, em São Paulo, e reúne o trabalho de fotógrafos ativistas sobre a realidade urbana, nas periferias, nos protestos e a vida na cidade.
Da dureza das ruas, surras, violência, convivência com tráfico de drogas e a realidade brasileira, o movimento não tem líder e é formado por profissionais que deixaram o jornalismo factual para contar histórias através da lente de uma câmera. O financiamento do grupo é independente, pois o projeto conta com doações, vendas de materiais próprios e até mesmo dinheiro dos integrantes.
Rodrigo Zaim, um dos fotógrafos e palestrante se emociona ao falar das situações em que já viveu. “Não é porque eu tenho uma câmera na mão e ele (traficante) tem um fuzil que somos diferentes. Tem que chegar na humilde, leva tempo. Na rua tem muita coisa e você não sabe o que vai ter amanhã e é isso que fascina. Eu não sou o fotógrafo Rodrigo Zaim, sou um fotógrafo coletivo e o lanche de você trabalhar no coletivo muda sua percepção de vida”.
Sobre apresentar as propostas alternativas no meio universitário, Zaim avalia positivamente. Além disto fala da sua inspiração e a do projeto do qual participa;
“Acho que falar sobre isso em uma universidade de comunicação é a iniciativa correta. A comunicação é muito volátil né, hoje você aprende uma coisa daqui dois três anos é uma coisa diferentes. A informação na periferia demora muito para chegar e quando chega, chega distorcida. Pensei, pô, eu quero fazer notícia , não quero ser munido e depender de outros”.
Jornalismo independente e alternativas
Ainda sob o víes da criatividade e da inovação, os jornalistas investigativos Leandro Demori e James Alberti fizeram um bate papo com os alunos. Leandro falou sobre financiamento coletivo em aplicativos, organizações e sites colaborativos e como isto muda a forma de fazer jornalismo e incentiva este jornalismo mais trabalhado em questões de profundidade e de tempo.
“O que a gente tem hoje não é só uma revolução digital e sim uma revolução social. Se você quer fazer isso, vai atrás de financiamento, vai atrás de pauta”, destacou Leandro.
O jornalista ainda falou sobre seu trabalho um Trem para Banglândia que levou nove meses para ser produzido e foi trabalhado em formato multimídia na qual o tema central é a corrupção de um empresário italiano e um político brasileiro, ao cogitar a construção de um trem bala ligando os dos países em plena Copa do Mundo.
O jornalista já passou por processos, stress e coisas comuns da atividade que exerce. Assim como ele, o jornalista James Alberti falou de sua experiência, ao ter que sair do país por conta de uma reportagem do cenário político do Paraná. Para Alberti, fazer jornalismo é ir além da informação por si só e esmiuçar o assunto das mais diversas formas.