Calçadão da Rua XV é palco a céu aberto para artistas de rua levarem arte e cultura para a população

por Pedro Fernandes
Calçadão da Rua XV é palco a céu aberto para artistas de rua levarem arte e cultura para a população

Artistas da Rua XV de Novembro encantam quem passa pelo centro de Curitiba

Por Pedro Felix Fernandes | Foto: Pedro Felix Fernandes

Quem passa pelo calçadão da Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba, principalmente no trecho entre a Rua XV e a Praça Osório, tem o privilégio de apreciar, e talvez até dar boas risadas, com as apresentações e espetáculos de arte de rua. Numa manhã de sábado, pelo menos meia dúzia deles decoram a via, entre estátuas vivas, músicos e dançarinos e palhaços. Esses espetáculos criam uma identidade cultural para a cidade, transformando o ponto turístico em um palco ao ar livre.

Conhecida como Rua das Flores, o calçadão da XV é um dos principais cartões postais da capital paranaense. Palco de discussões importantes como o movimento “Diretas Já” e “Caras-pintadas”, foi o primeiro calçadão exclusivo para pedestres do Brasil, inaugurado em 1972. Estima-se que mais de 140 mil pessoas circulam por ela diariamente, incluindo turistas, trabalhadores e estudantes. Para os artistas de rua, é um espaço de visibilidade e sustento, funcionando como um grande palco onde qualquer um pode se apresentar e interagir com o público.

É em frente à Boca Maldita que Lucas Santos Oliveira e Tais Souza, um casal de músicos curitibanos, se apresentam com o filho Gabriel, tocando música gospel à tarde. Ele toca saxofone, enquanto ela canta e toca violão. Gabriel, de 7 anos, toca bateria. A família se apresenta junta todo fim de semana, nos últimos 5 anos, buscando compartilhar mensagens positivas para todos que passam pelo calçadão, ao mesmo tempo em que complementam a renda familiar.

“A música, para mim, é uma forma de conectar as pessoas e transmitir o que as palavras não conseguem expressar. Cada vez que a gente se apresenta e alguém se junta a nós para cantar, é como se criássemos uma conexão. A música tem esse poder incrível de transformar o ambiente, de unir as pessoas, e eu amo isso”, revelou Taís ao Comunicare. Os transeuntes que passam não deixam de parar para apreciar o show e aproveitar a cantoria.

A espectadora Simone Oliveira, que trabalha a mais de 10 anos na Galeria Ritz da Rua XV, comenta que sempre que pode se vê parando para assistir às apresentações. “Não é a primeira vez que eu paro para assistir eles cantando, mas a energia e a mensagem da música são realmente tocantes. É impressionante como mesmo na rua eles conseguem transmitir tanta paz e emoção.” Ela também contribui quando pode. “Acho importante apoiar o que faz bem para nós. Algo que seja positivo.”

Segundo a Fundação Cultural de Curitiba, mais de 500 artistas de rua atuam em Curitiba, incluindo músicos, palhaços, dançarinos, malabaristas e atores. A Prefeitura regulamentou as apresentações públicas com a Lei nº 14.701/2015, permitindo performances em praças e vias públicas entre 8h e 22h, conforme a Lei do Silêncio. Além disso, a legislação foi atualizada em 2018 com o Decreto nº 1422, criando regras para o cadastramento dos artistas e limitando o número de apresentações em determinados locais. Essas medidas buscam organizar as atividades, beneficiando tanto os artistas quanto o público.

Arte e Solidariedade

Entre aqueles que buscam conquistar a atenção do público está Tom Atiensen, um artista de rua que circula pelo calçadão equilibrado em suas pernas de pau. Com figurino colorido e carisma cativante, ele alegra crianças e adultos com suas performances. Por trás da diversão, há também um propósito solidário: todo o dinheiro arrecadado com suas apresentações é destinado a um projeto social que leva doces para crianças da Vila Capanema. “Meu objetivo é ajudar as crianças. Todo o valor vai para o projeto”, revela. “Mesmo que eu não ganhe muito, de pouco em pouco a gente consegue fazer a diferença”.

Autor