Calor recorde desafia manutenção de parques e praças em Curitiba

Verão de 2025 foi o mais quente dos últimos anos na capital paranaense e exigiu medidas extras da Prefeitura para preservar a vegetação urbana
Por Joana Bueno | Foto: Joana Bueno
O verão de 2025 foi marcado por altas temperaturas em Curitiba, com termômetros ultrapassando os 31°C, segundo dados do Simepar. Embora não tenha sido classificado como um período de calor extremo, o aumento da temperatura média e a falta de chuvas colocaram à prova a resistência das áreas verdes da cidade e a capacidade de resposta da administração municipal. De acordo com o Climatempo, a onda de calor que atingiu a capital paranaense foi causada por um sistema de alta pressão que impediu a formação de nuvens, mantendo o tempo seco e ensolarado por longos períodos. A consequência foi um aquecimento contínuo do solo e do ar, dificultando o resfriamento natural da cidade.
A análise dos últimos cinco verões em Curitiba confirma uma tendência de elevação nas temperaturas e variação no regime de chuvas. Segundo dados do BDMEP/INMET, o verão de 2024-2025 registrou uma precipitação total de 558,8 mm, com temperatura máxima diária de 28,11°C, média de 21,87°C e mínima de 18,39°C. Já o verão de 2022-2023 apresentou um volume de chuvas inferior (343,6 mm) e temperaturas um pouco mais amenas, com máxima de 26,86°C e média de 20,91°C.
Frente a esse cenário, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente precisou reforçar os cuidados com parques e praças. “Não houve calor extremo, mas as temperaturas ficaram acima da média histórica. Isso exigiu mais atenção com a vegetação, especialmente com as flores”, explica Giovando Amorim Romanine, diretor de Parques e Praças da pasta.
A principal medida adotada foi o aumento da irrigação. Caminhões-pipa abastecidos com água de poços artesianos da Prefeitura foram mobilizados para garantir a hidratação das flores e plantas recém-plantadas, especialmente nos primeiros 25 dias após o plantio, período mais sensível para a vegetação. “Durante o verão, a irrigação passou a ser feita quase diariamente, o que exigiu um esforço maior das equipes de manutenção”, afirma Romanine.
Alguns parques, no entanto, sofrem mais que outros com o calor. O Parque Tanguá, por exemplo, tem sido um dos mais impactados pelas ondas de calor nos últimos verões. Os períodos prolongados de seca e as temperaturas elevadas têm causado um desgaste perceptível, com maior incidência de flores queimadas e ressecadas. Mesmo com irrigação reforçada a cada dois dias na ausência de chuvas, o calor intenso tem comprometido a vitalidade da vegetação.
Já o Passeio Público sofre menos com os efeitos do calor por conta da sua densa arborização, que cria um microclima mais ameno e protege os jardins da incidência direta do sol. Ainda assim, nos dias mais quentes, a irrigação precisa ser intensificada. Quando não chove, os canteiros são regados a cada dois dias por caminhões-pipa. Apesar desse cuidado, algumas áreas centrais do parque apresentam flores murchas e pétalas queimadas, especialmente quando há atrasos na irrigação. A situação, porém, é menos crítica do que em outros pontos da cidade.
O desafio, no entanto, não é isolado. A elevação das temperaturas nos últimos anos já é vista como uma tendência e tem exigido adaptação constante das políticas ambientais da cidade. Nesse sentido, a Prefeitura conta com o Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas (PlanClima), que estabelece metas e ações para tornar Curitiba uma cidade mais resiliente aos efeitos das mudanças climáticas.
Entre as iniciativas previstas no PlanClima estão projetos como a Pirâmide Solar de Curitiba, o Bairro Novo da Caximba, o programa Amigo dos Rios, o plantio de meio milhão de árvores e a implantação de ônibus elétricos no Inter 2 e no BRT. A meta é clara: transformar Curitiba em uma cidade neutra em emissões de carbono até 2050, alinhando-se aos compromissos do Acordo de Paris e da Agenda 2030 da ONU.
Além das ações práticas, a cidade também aposta na educação ambiental como ferramenta de conscientização. Campanhas promovidas pela Família Folhas buscam engajar crianças e adultos na preservação do meio ambiente e no cuidado com os espaços públicos.