Com fim do autódromo local, pilotos buscam alternativas fora de Curitiba

por Letícia de Castro Nogueira
Com fim do autódromo local, pilotos buscam alternativas fora de Curitiba

Inexistência de um circuito adequado complicou prática esportiva, que passou a exigir deslocamentos mais frequentes para outras cidades e gerou perda de patrocínios locais

Por Letícia Nogueira | Foto: Letícia Nogueira

Desde 2021, Curitiba não possui infraestrutura para sediar competições de automobilismo. Isso tem causado impacto direto na carreira de pilotos locais, que acabam por buscar alternativas fora da capital paranaense como forma de se manter no esporte. 

Inaugurado em 1967, no município de Pinhais, o Autódromo Internacional de Curitiba (AIC) ou Circuito Raul Boesel passou por períodos difíceis. Em virtude da falta de manutenção adequada de sua infraestrutura, o AIC chegou a ser excluído do calendário de campeonatos da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e da Federação Paranaense de Automobilismo (FPRA) em 1975.

Após obras de revitalização e modernização em 1997, Curitiba voltou a ser um dos pólos do automobilismo nacional, movimentando a população e amantes do esporte. O autódromo foi palco de diversas categorias, como Fórmula Truck, Fórmula 3, Brasileiro de Arrancada, Campeonato Paranaense de Automobilismo, Fórmula Ford e Stock Car. Esta última, que ocorreu 68 vezes no AIC antes de seu fechamento, sendo o 3° circuito que mais sediou provas da categoria.  

O projeto do PARC Autódromo – novo bairro de Pinhais –  levou à destruição do autódromo. Com a desativação do circuito, o cenário do esporte e da cultura curitibana sofreu um impacto significativo, como afirma a integrante da Comissão Feminina de Automobilismo (CFA), Bruna Frazão. “Sabemos que várias equipes tinham sede em Curitiba e acabaram fechando as portas. Acho que cada autódromo tem sua história e conta um pedacinho da história de cada cultura local.”, comenta a integrante da CFA..

Receber em março o “Red Bull Showrun”, despertou nos entusiastas do esporte uma certa frustração com a falta do incentivo ao automobilismo por parte do poder público. “Eles não estão preocupados com o automobilismo, eles estão preocupados com o ‘pão e circo’, com o voto”, diz Fernando de Andrade, fundador da Business Network e amante do esporte. “A falta de um autódromo é um fator que acaba atrapalhando muito o crescimento do automobilismo”, complementa.

As consequências da perda do autódromo também foram sentidas no desenvolvimento de novos atletas, visto que, junto com ele, foi perdido um kartódromo renomado que fazia parte do mesmo complexo. “A falta de um autódromo em Curitiba com certeza afeta novos talentos, hoje a gente tem muitas poucas crianças começando no Kart por não ter uma base boa de pista”, conta Zezinho Muggiati, piloto curitibano da Stock Car que já conquistou diversos títulos, incluindo o de campeão da Stock Light em 2023.

A inexistência de um circuito adequado complicou a trajetória dos pilotos, que passaram a necessitar de deslocamentos mais frequentes para outras cidades e perderam patrocínios significativos de empresários locais. O vencedor curitibano da Stock Light reforça que o patrocínio é de grande importância, pois o esporte tem custo elevado e sua carreira não teria sido a mesma sem o AIC.

Segundo o presidente da FPRA, Rubens Gatti, existem alguns projetos para a construção de um substituto do Circuito Raul Boesel, mas não há nada concreto. Conseguir licenças ambientais, disponibilidade de terreno, legislações específicas e o alinhamento do setor público com o privado exige um grande interesse por parte dos políticos e empresários. A paixão do curitibano pelo automobilismo demonstrada no evento da Red Bull, que contou com um público de 100 mil pessoas, ajuda a entender a movimentação da população quando se trata do esporte a motor e pode, talvez, despertar esse interesse.

Veja a justaposição de imagens de satélite do circuito e Street View da entrada do autódromo

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