Crise financeira afeta times de menor porte no Paraná

por Leonardo Cezar Ossovski
Crise financeira afeta times de menor porte no Paraná

FPF ainda não definiu data para volta do campeonato paranaense

Por: Leonardo Cezar Ossovski e Maria Eduarda Souza | Foto por: Gellinger/Pixabay

Devido às medidas de distanciamento social, causadas pela pandemia do novo coronavírus, os clubes de futebol do Paraná tiveram suas atividades paralisadas, fazendo com que haja perda de patrocínios e investimentos. Times de menor porte são os mais prejudicados.

De acordo com a projeção do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), o país caminha para um cenário de longo prazo da quarentena, que deve se estender para o mês de julho. O Instituto diz que, com este cenário a receita será diretamente impactada pelo mercado de venda de jogadores e de pacotes de sócio-torcedor, que reduzirá significativamente sua atividade e consequentemente afetará o andamento dos times de futebol.

A projeção se faz presente em grande parte dos clubes paranaenses, principalmente os de menor porte, como é o caso do Rio Branco Sport Club, que recentemente perdeu patrocínio do empresário Dado Salau e aguarda por maior ajuda financeira da Federação Paranaense de Futebol, a fim de assegurar pagamento de atletas e funcionários. Desse modo, desde a suspensão do campeonato estadual o clube busca por alternativas para diminuir prejuízos, como o lançamento no dia 30 de maio, de uma nova edição de camisetas no valor de R$ 79,90, que homenageiam profissionais da saúde na linha de frente do combate à doença. Além dessas medidas, o clube segue em atividade realizando a manutenção do estádio Nelson Medrado Dias enquanto aguarda o retorno da competição.

Em entrevista, o goleiro do Rio Branco Sport Club, Dalton Munaretto, mencionou a compreensão por parte dos jogadores com o atual estado do clube. “Todos foram pegos de surpresa. Nenhum time estava preparado para isso. O Rio Branco vinha cumprindo todas as suas promessas [financeiras] até a pandemia. Nós, jogadores, entendemos que é um momento difícil para o time”, ressalta o jogador.

Com a iminente falta de recursos, o goleiro ainda nos relatou como está cuidando de seu porte físico para evitar uma possível queda de desempenho: “Cada jogador entende que seu corpo é sua própria empresa. Todos os jogadores estão se cuidando, de acordo com a possibilidade de cada um. Eu tenho um amigo que é preparador de goleiro e está me ajudando nesse período difícil”, declara o arqueiro.

Outro time que se viu prejudicado pela pandemia foi o FC Cascavel. No início, o time teve que fechar as portas para funcionários e atletas por conta das medidas preventivas impostas pelo estado. Além disso, o clube do interior teve que reduzir salários devido à falta de circulação monetária em suas finanças, e ao serem questionados sobre possíveis perdas de patrocínios, mencionou que de fato teve alguns contratos suspensos, mas que estes puderam ser renegociados a partir da normalização da situação atual.

Henrique Campos, meia-atacante do FC Cascavel, ressalta que, apesar das reduções e cortes salariais, o clube conseguiu se adaptar ao longo da pandemia. “No começo, quando fomos mandados para casa, o clube se preparou e ajudou cada atleta em suas respectivas necessidades. Tivemos também treinos online, onde os preparadores nos auxiliavam para manter a forma”, afirma o jogador.

O FC Cascavel retomou treinos presenciais há uma semana, mesmo sem a definição da FPF para o retorno do campeonato. “Acredito que se o campeonato voltar amanhã, nosso grupo vai estar preparado para buscarmos esse título importante pro clube.” Apesar do retorno dos treinos, o clube afirma ter realizado a testagem em todos atletas, comissão técnica e demais funcionários, para garantia da segurança e das medidas recomendadas pela Secretaria de Estado da Saúde.

 

Federação 

Em nota, no dia 4 de junho, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) relatou como tem tido diversas dificuldades em meio a pandemia, mas que vem buscando avaliar a situação na tentativa de se preparar para os próximos passos. Apesar de seguirem em recesso desde o dia 15 de maio, continuam em contato frequente com filiados e com o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto, para o planejamento de uma volta gradativa aos campos, porém, sem data programada para o retorno da competição.

A FPF acredita que com a volta dos treinos físicos individuais, o próximo passo é o retorno de atividades coletivas para então poderem dar continuidade ao campeonato, diante da garantia de segurança sanitária e mantendo medidas de distanciamento social, sem a presença de torcedores nos estádios.

 

Perspectiva dos grandes clubes do Paraná

Nenhum clube encontra-se imune aos danos causados pela pandemia, segundo estudo lançado pelo Sports Value, sobre o impacto do coronavírus para a  indústria esportiva. Estima-se que os danos globais da pandemia estão situados em US$ 15 bilhões e como forma de enfrentamento da crise a empresa avalia que a melhor saída é a partir da utilização de recursos digitais a fim de atrair o público.

Dessa forma, clubes maiores, como Athletico Paranaense e Coritiba, além da realização de cortes de 25% no salário de jogadores e funcionários, durante boa parte deste momento realizaram treinos de forma remota, e atualmente com autorização da federação, os clubes voltaram aos campos, ainda de forma restrita, para realização de atividades presenciais.

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