Curitiba recebe mais de seis mil pedidos de limpeza em terrenos baldios no primeiro trimestre de 2025

por Caio Zelak
Curitiba recebe mais de seis mil pedidos de limpeza em terrenos baldios no primeiro trimestre de 2025

De acordo com a plataforma do 156, que recebe denúncias e solicitações da população, foram 6013 pedidos de janeiro a março deste ano

Por Caio Zelak | Foto: Caio Zelak

O descarte irregular de lixo em terrenos baldios tem se tornado um problema em certos locais de Curitiba, afetando diretamente a qualidade de vida dos moradores. Os dados mostram que só nos três primeiros meses de 2025 foram feitas mais de seis mil denúncias de terrenos baldios que estavam sujos na cidade. As áreas vazias acumulam resíduos domésticos, entulhos e materiais recicláveis, que, além de poluírem e atraírem moradores de rua, acabam se transformando em pontos de proliferação de animais peçonhentos, ratos e insetos transmissores de doenças.

Se comparado ao ano de 2023, houve um aumento significativo no número de pedidos de limpeza dos terrenos, passando de 4095 para 6013. Um dos bairros em que houve mais solicitações foi o Portão. Por lá, próximo ao terminal de ônibus, existe um terreno baldio aberto para a rua com uma boa quantidade de lixo, além de estar servindo de abrigo para moradores de rua.

Enquanto isso, moradores reclamam dos entulhos jogados nos terrenos e ficam preocupados pelo efeito colateral que esses locais causam. “Eu vejo muito lixo, sacos de lixo espalhados. Tem usuários de droga na região. As pessoas que precisam usar o estacionamento ficam com receio de deixar o carro próximo. É bem inapropriado”, relata Daline Morais, professora que trabalha próxima à região.

Além do incômodo diário, os riscos à saúde são preocupantes. A bióloga Maria Dolores alerta que esses terrenos são locais propícios para a reprodução do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. “O acúmulo de lixo retém água da chuva, criando criadouros perfeitos para o mosquito. Isso contribui diretamente para o aumento dos casos dessas doenças na cidade”, explica.

Além dos insetos transmissores de doenças, Dolores destaca outro risco frequentemente ignorado: a presença de animais peçonhentos. “Terrenos baldios cheios de lixo, entulho e mato alto são ambientes ideais para cobras e escorpiões. Esses animais se escondem nestes locais e podem acabar entrando nas casas próximas em busca de alimento ou abrigo, aumentando o risco de possíveis acidentes”, alerta.

No bairro Parolin, um terreno baldio com muito lixo espalhado tanto dentro, quanto fora do local, tem incomodado moradores e donos de comércio da região. “Desde que estamos aqui tem lixo, há cerca de um ano. Fica difícil andar pela calçada, tem que ir pela rua. Fora o medo que o pessoal têm, não sabemos em quem podemos confiar, há moradores de rua vivendo no local”, relata Leonardo Lombardi, empreendedor de um comércio próximo ao terreno.

Ele ainda completa dizendo que já acionou várias vezes a Prefeitura e espera uma ação mais efetiva. “Já fiz quatro denúncias. Eles sinalizaram para o proprietário do terreno e chegaram a limpar por fora uma vez, mas já está tudo lá de novo”.

A Prefeitura afirma que, ao receber uma reclamação, a equipe de fiscalização inspeciona o local e, se necessário, notifica o proprietário do terreno para realizar a limpeza com um prazo de 30 dias. Caso haja potencial foco de dengue, o prazo é de três dias. Se houver reincidência, podem ser aplicadas multas.

Em outros locais nem os muros altos são capazes de conter a invasão e o acúmulo de lixo nos terrenos baldios. A região do Prado Velho, por exemplo, tem diversas ruas que contém áreas inutilizadas, como a Comendador Roseira, Francisco Nunes e, principalmente, a rua Piquiri, com quatro. O Centro da cidade não foge da estatística, pois também tem terrenos que geram incômodo em ruas como Barão do Rio Branco e entre a Treze de Maio e a Duque de Caxias.

Para evitar situações e locais assim, a Vigilância Sanitária recomenda que a população denuncie terrenos com lixo acumulado pelos canais da Prefeitura, como o telefone 156 ou o aplicativo Curitiba 156. A conscientização dos próprios moradores também é essencial para reduzir o descarte irregular, visto que a responsabilidade pela limpeza é do proprietário.

 

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