Evento online da PUCPR discute Black Mirror

por Eduardo Veiga Nogueira
Evento online da PUCPR discute Black Mirror

“O que há de nós em Black Mirror?” acontece no dia 17 e discutirá o tema através da filosofia

Por Eduardo Veiga Nogueira

No próximo dia 17 (terça-feira), às 19h30, ocorrerá o evento “O que há de nós em Black Mirror? II”. O projeto é uma iniciativa do Instituto Ciência e Fé, do Identidade Institucional PUCPR. O objetivo é discutir, a partir da série de TV Black Mirror, a presença da tecnologia em nosso dia a dia e a forma como lidamos com ela. O debate será feito pelos professores André Lemos – Universidade Federal da Bahia, pesquisador sobre ciberculturas e cidades digitais – e Kleber Candiotto – PUCPR, pesquisador sobre pós-humanismo e Inteligência Artificial. O evento será pela plataforma Zoom e é aberto também à comunidade externa. As inscrições podem ser feitas através do site do IDPUCPR

A primeira edição do projeto foi realizada no dia 24 de setembro. De acordo com a curadoria do evento, a principal diferença entre os dois encontros será a abordagem feita neste segundo. “Na primeira edição, nós convidamos a professora Lúcia Santaella, que discutiu Black Mirror a partir da semiótica. No dia 17, será dado um olhar filosófico para a discussão”, comenta Douglas Candido, Analista do Instituto Ciência e Fé. Ele também comenta que os os episódios debatidos nesta segunda edição não apareceram na primeira.

A criação de “O que há de nós em Black Mirror? se relaciona com o momento da pandemia. O isolamento social e o aumento do uso de tecnologias, segundo Douglas, impulsionou a discussão sobre o uso consciente e benéfico da tecnologia – problemática trazida pela série já em 2011. “O objetivo é despertar uma reflexão crítica sobre a forma como utilizamos a tecnologia no nosso dia a dia. Temos que ver o lado positivo sim, mas sem deixarmos de problematizar o consumo, por exemplo, das redes sociais”, afirma Douglas, ressaltando que “o humano é um ser de relações, mesmo que mediado por tecnologias”.

Motivados pelo debate realizado em setembro, professores da PUCPR criaram um grupo de estudos sobre filosofia da inteligência artificial. O grupo possui um canal no youtube chamado Futurosofia, onde são feitos vídeos e lives relacionadas ao tema. O Instituto Ciência e Fé afirma que houve bom engajamento dos estudantes no projeto, e a expectativa é de maior participação nesta segunda edição.

Serviço

    • Evento: O que há de nós em Black Mirror? II
    • Data e horário: Dia 17 de novembro (terça-feira), às 19h30
    • Local: Plataforma Zoom
    • Custo: Gratuito e aberto a todos
    • Inscrições: através do Identidade Institucional PUCPR

[box] “O que se coloca como possibilidade de futuro é sempre uma inquietação do presente”

Black Mirror está na 5ª temporada, lançada em 2019. O enredo da série não é contínuo, sendo que cada episódio possui uma narrativa própria. Para o crítico de cinema e professor da PUCPR Paulo Camargo, Black Mirror segue tradição das produções audiovisuais que trabalham com o “universo do fantástico”, adentrando os gêneros cinematográficos da ficção científica, do terror e do suspense. “São produções que trabalham com inquietações do tempo em que elas foram desenvolvidas”, comenta Paulo. O professor exemplifica as séries The Twilight Zone (Além da Imaginação) – de 1959, que abordou temas como a Guerra Fria e as armas nucleares – e The X-Files (Arquivo X) – que trabalhou, entre outros temas, com o terrorismo nas décadas de 1990 e 2000.

O professor comenta como Black Mirror, ao trabalhar a relação do homem com a tecnologia, expõe a desumanização provocada pelo estreitamento das relações do homem com o mundo. “Ao mesmo tempo em que você vê a internet aproximando pessoas que podem conversar em tempo real estando em dois pontos extremos do planeta, tornando assim a vida mais fácil, esse acesso irrestrito à tecnologia também torna a vida mais desumanizada”, afirma Camargo.

Ele relembra Nosedive (Queda Livre), 1º episódio da 3ª temporada da série. O enredo mostra uma sociedade em que as pessoas classificam suas interações realizadas online e pessoalmente. Essa classificação varia de zero a cinco estrelas. Ela é feita por meio de dispositivos móveis, sendo que a avaliação média de cada pessoa influencia em seu status socioeconômico. Para Camargo, o episódio impressiona pela proximidade com o mundo contemporâneo. “Nós damos avaliações quando pedimos um lanche pelo IFood, quando andamos de Uber”, e conclui que “sairmos disso para avaliar pessoas, não é tão distante”.[/box]