Festivais de música em Curitiba e região abrem portas para artistas locais

por Luiza Braz
Festivais de música em Curitiba e região abrem portas para artistas locais

O Festival Coolritiba contou, no dia 21/05/2022, com mais de 18 mil espectadores

Por: Luiza Braz | Foto: Luiza Braz

 

Tendo se tornado importante palco cultural em cenário nacional, Curitiba já sediou, no ano de 2022, o Curitiba Blues Festival, realizado no Museu Oscar Niemeyer e o Festival Coolritiba, na Pedreira Paulo Leminski. O município de Morretes, localizado a aproximadamente 70km da capital paranaense, recebeu nos dias 18 e 19 de Junho, o Morretes Blues Festival.

O Curitiba Blues Festival, realizado em abril, contou com a presença de 6 artistas regionais do gênero musical. O evento foi realizado em conjunto com importantes marcas locais, como a revista Top View, Planeta Brasil e Porks.

Em maio de 2022, o Festival Coolritiba, evento de grande visibilidade, contou com mais de 18 mil espectadores, tendo a lineup formada tanto por artistas nacionalmente/internacionalmente conhecidos, quanto por cantores e bandas locais. Neste último grupo, destaca-se a participação da banda Jovem Dionísio, e das cantoras Rê Gugli e Elana Dara.

Organizado com apoio da Prefeitura Municipal de Morretes, o Morretes Blues Festival contou com mais de 20 shows gratuitos, sendo muitos deles de artistas regionais, como a banda Mamba Blues, Anne Glober & Banda e Guicah Project.

Os festivais e eventos musicais realizados em Curitiba e região beneficiam e incentivam a população a consumir cultura em geral, impactando diretamente na economia local. Conforme argumenta uma das organizadoras do Coolritiba, Caroline Hecke, o festival vem em uma crescente visibilidade, sendo reconhecido como um dos grandes eventos de música do país.

De acordo com a cantora da região e atração do Morretes Blues Festival, Anne Glober, seria muito bom para a cena local ter um maior incentivo público na realização dos eventos, pois a região tem muitos músicos de qualidade e que muitas vezes não conseguem ter visibilidade. Para ela, o ideal seria ter vários festivais durante o ano, com cachês dignos da qualidade dos músicos que participam, uma vez que os valores ainda são baixos, já que a maioria dos eventos é organizado por bares e cervejarias, e não por governantes.

No mesmo sentido, Rê Gugli defende que haja esse envolvimento, e que o Poder Público, a Prefeitura, o Governo Estadual incentivem festivais como esse e outros mais acessíveis para a população e em várias regiões da cidade, não somente nas centrais, mas também nas periféricas.

Conforme relata Anne Glober, a visibilidade que Festivais como Curitiba e Morretes Blues Festival têm para artistas locais é muito grande, especialmente pela forte divulgação dos eventos que é feita nas mídias sociais dos organizadores e empresas parceiras. A artista conta que já participou de alguns festivais como esses: “Já participei de alguns festivais quando fazia parte da Milk’n Blues, festivais de blues e jazz no Espírito Santo, São Paulo, Paraná, e participei também do Blues Festival em Curitiba, já com o projeto que eu tenho atualmente, que leva meu nome.”.

Além da conexão existente entre os eventos, o que facilita a presença dos artistas nos próximos festivais, o incentivo e a realização destes eventos com artistas variados, possibilita ainda o crescimento em cenário nacional de cantores locais. Isso se deve pela oportunidade de que produtores e artistas de maior expressão conheçam os demais trabalhos. A cantora Rê Gugli relatou sua experiência no Coolritiba: “no Backstage foi muito legal, conheci artistas (…) Vitor Kley, Gilsons, muito legal poder trocar com pessoas que estão no ramo há mais tempo.

De acordo com Caroline Hecke, deve-se destacar a importância de um setlist bem variado. Para ela, “o Coolritiba é hoje um dos maiores festivais de música do Brasil, então existe a necessidade de um line composto por nomes de destaque nacional, mas, desde a primeira edição, sempre buscamos abrir espaço aos artistas locais com carreiras em ascendência, valorizando artistas do Paraná.” Caroline ressalta que em todas as edições, o evento contou com atrações locais em todos os palcos do festival.

Papel da Prefeitura de Curitiba e do Governo Federal no incentivo à cultura

A cidade de Curitiba se tornou destino cultural atrativo para artistas nacionais e internacionais, como foi o caso do Festival Coolritiba, que, entretanto, não contou com o apoio da Fundação Cultural de Curitiba, tendo partido de iniciativa privada. Porém, paralelamente ao crescimento do município no cenário artístico, a Prefeitura Municipal de Curitiba incentiva de alguma forma a prática de atividades culturais e faz parte da organização de eventos relacionados ao tema.

A Fundação Cultural de Curitiba (FCC) promove anualmente a Oficina de Música de Curitiba. De acordo com informações fornecidas pela assessoria da FCC, neste ano de 2022, em sua 39ª edição, o evento ocorrerá no período de 30 de junho a 10 de julho e contará com cursos, shows e concertos que contemplam a música erudita, a música antiga e a música popular brasileira.

O trabalho da FCC nos festivais culturais, se dá através de parceira em eventos tradicionais do calendário cultural, como o FIMS – Festival Internacional de Música do Sul, Olhar de Cinema, Festival de Inverno, Mia Cara, Bienal de Quadrinhos e Bienal de Curitiba. O apoio se dá na cessão de espaços para as apresentações e exposições, na divulgação em todos os canais da Prefeitura e da FCC, e na logística de produção.

Além disso, em âmbito nacional, a importância de que eventos culturais sejam promovidos pelos governos locais e federal, é relacionada com o montante que a cultura representa para a economia brasileira. De acordo com um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) no ano de 2019, o último sem interferência dos efeitos da Pandemia da Covid-19 e o último em que o trabalho dos artistas não estava prejudicado, o segmento cultural levantava em média R$171,5 bilhões anualmente na economia, agregando valores superiores ao setor imobiliário, por exemplo.

Neste sentido, levando em conta o valor que a cultura agrega tanto em cenário nacional, quanto regional, os artistas destacam a importância de que os governantes valorizem e incentivem esse ramo.

A cantora curitibana, e participante do Festival Coolritiba, Rê Gugli, acredita que o incentivo à cultura não afeta somente os artistas, mas também a coletividade em geral, defendendo que “o Poder Público tem que olhar, porque é o setor cultural que desperta consciência crítica, reflexão, questionamentos, uma população mais ativa, mais envolvida, mas talvez seja por isso que não queiram fomentar esse setor.”.

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