Laboratório de Curitiba cria própria solução química para revelação de filmes

Marca se tornou o maior laboratório de revelação de filmes analógicos após desenvolver seu próprio composto químico, arrecadando um valor bruto de mais de R$ 10 mil por semana
Por Emilly Costa | Foto: Emilly Costa
O Lab Lab, um laboratório de revelação de filmes analógicos em Curitiba tem se destacado com os preços mais acessíveis do mercado depois que desenvolveu um composto químico próprio. A inovação veio como uma solução para evitar altas taxas de importação e uma limitação imposta pela Polícia Federal. O resultado foram revelações que saem até 14,29% a menos do que na concorrência.
A marca fortalece seu reconhecimento nacional depois de participar da produção dos slides que foram utilizados no filme “Ainda estou aqui”. Nesse processo, o laboratório precisou produzir 22 slides a partir de imagens digitais, com qualidade de impressão. O longa foi indicado ao Oscar e ganhou na categoria filme internacional.
A invenção do Lab Lab se chama LL-4, fórmula desenvolvida para a revelação de filmes coloridos — popularmente chamado de cromos. Para a marca cada revelação sai R$2,20 por filme, já o valor repassado para os clientes é de R$ 4.
Uma descoberta
Em 2017, dois anos antes da inauguração do LabLab, a Polícia Federal e a Polícia Civil passaram a limitar o acesso a um dos compostos químicos da Kodak utilizados na revelação de filmes. A fiscalização tinha como objetivo garantir a segurança pública. Por intermédio da Divisão de Controle de Produtos Químicos (DCPQ), a polícia passou a intensificar o controle da distribuição e importação de produtos químicos que possam ser utilizados como insumo na elaboração de drogas ilícitas, como o EDTA férrico amoniacal e dicromato de potássio que eram usados principalmente no branqueador.
O empresário Vitor Lopes, fundador do laboratório, conta que não se revelava mais cromos no Brasil devido a esse controle. Para contornar a situação, iniciou o desenvolvimento da LL-4, que demorou um ano e meio para ser concluída. A revelação do colorido positivo fez com que o Laboratório começasse a ter alcance nacional por seu valor acessível com entrega de alta qualidade. O profissional gastou para elaborar esta fórmula uma média de R$ 3 miL, mas conta que o maior “custo” foi o tempo dedicado e as tentativas falhas de muitas fórmulas e processos para chegar a um bom resultado.
Algumas empresas ainda utilizam o químico da Kodak, como a Ticollor que iniciou suas atividades em 1989. Essas empresas que compram de revendedores diretos pagam mais caro e consequentemente cobram um valor mais alto de seus clientes. O preço cobrado pela Ticollor na revelação e digitalização dos filmes é até 14,29% maior e gira em torno de R$ 48. No LabLab, a revelação sai por R$42, o que contribui para que a empresa tenha mais demanda e, consequentemente, mais lucro.
A Produtora cultural Sofia Milarski, entusiasta da fotografia analógica, comenta que, apesar de não ser um hobby barato, há coisas na vida que valem a pena serem registradas em um filme analógico. “Em São Paulo eu pagava em torno de R$ 30 por uma qualidade menor de fotos reveladas. Para revelar em alta qualidade custava em torno de R$50 um filme. A qualidade do LabLab é absurda e mais barata.”
Além dos filmes coloridos, existem os filmes P&B (preto e branco), no qual a fórmula química de revelação é diferente. O LabLab usa a fórmula D-76 da Kodak. No entanto, ao invés de comprar os kits do composto, que custam em média R$1.897, os técnicos sintetizam no próprio laboratório. Comprar os componentes base e preparar a mistura por conta própria faz com que o valor fique bem mais em conta, custando apenas R$1,38 por filme.
Durante o primeiro trimestre de 2025, o laboratório LabLab revelou no total 4.121 filmes. Considerando R$42 o preço médio da revelação e digitalização e tendo em média 343 filmes revelados por semana, a empresa consegue alcançar uma média de faturamento semanal de mais de R$ 10 mil.