Mulheres brasileiras se aproximam do feminismo

por Kimberley da Rocha Jones
Mulheres brasileiras se aproximam do feminismo

Pesquisa Ipsos indica que 51% das entrevistadas se declaram feministas. Coletivos fortalecem a luta por igualdade de direitos

Por: Kimberley da Rocha Jones

Mulheres brasileiras vêm se mostrando mais próximas do movimento feminista. Estudos recentes indicam que o conceito de feminismo, estigmatizado por décadas, começa a ser apropriado por uma parte relevante da população. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos para o Dia Internacional da Mulher 2022, 51% das brasileiras se declaram feministas. O dado pode ser comparado a resultados do Datafolha de 2019, que, com método diferente, indicam que 38% das mulheres brasileiras consideravam-se feministas.

A odontologista Maria Laura Liboni, ativista feminista, conta que conheceu o movimento na faculdade, onde começou a aprofundar-se no tema. Liboni começou a indagar-se sobre seus próprios conceitos e a questionar o fato de ser refém de um sistema que, segundo ela, “deseja a mulher presa e submetida a qualquer custo”. Para a ativista, o feminismo inicialmente traz libertação de padrões, mas, depois, torna-se algo muito maior. “A parte mais importante sem dúvidas é a de enxergar a outra mulher na sua existência completa”, afirma. “Não como rival, nem aliada. Mas como igual.” 

O Coletivo Juntas! Paraná é uma associação de mulheres que lutam pelos direitos da mulher e contra o patriarcado. A professora Angela Alves Machado conta que o coletivo se iniciou no estado com reuniões virtuais durante a pandemia, quando um grupo de mulheres se juntava para ler e debater artigos feministas. Ela afirma que o contexto político atual intensifica a luta por direitos, uma vez que muitos dos cargos de poder público na esfera federal são ocupados por figuras que manifestam posições machistas, o que gera mais sede de mudanças. Hoje, o Coletivo Juntas! Paraná trabalha com a organização de protestos, candidaturas a cargos políticos, distribuição de absorventes para mulheres de baixa renda ou em estado de vulnerabilidade social. O grupo também já atuou na assistência a mulheres que sofrem quaisquer tipos de abuso, como foi o caso de uma mulher em Toledo que foi presa em cárcere privado em 2021. 

Da França ao Brasil

Desde a Revolução Francesa, o feminismo vem tomando conta da sociedade mundial. O início do movimento é marcado pela edição do livro “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, escrito pela francesa Olympe de Gouges, em 1791, em contraposição à “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, escrito no ano da Revolução. Chega ao Brasil no século XIX com a luta pelos direitos femininos de educação, voto e abolição dos escravos. Hoje o movimento feminista é conhecido globalmente como a luta pela liberdade das mulheres.

Alguns dos ícones do feminismo brasileiro são mulheres como Nísia Augusta, autora das primeiras obras literárias feministas; Chiquinha Gonzaga, que se recusava a usar um pseudônimo masculino em suas canções; Bertha Lutz, com a luta pelo direito ao voto, juntamente de Leolinda Figueiredo Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino, e Dilma Rousseff, que conseguiu conquistar o título de primeira mulher a ser presidente do Brasil.

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