No aniversário de 40 anos do título, torcedores do Coxa não comemoram

Com a perda de mais de 10 mil sócios, torcedores do Coxa se mostram indignados no ano de comemoração do título brasileiro de 1985
Por Pedro Bucko | Foto: Pedro Bucko
Em má fase há algum tempo, torcedores do Coritiba não tem motivo para comemorar o marco histórico celebrado pelo clube em 2025. Há 40 anos, o Coxa ganhou o título mais importante da sua história, quando em julho de 1985 derrotou o Bangu no Maracanã, conquistando o campeonato brasileiro daquele ano.
Pela fase que o clube vivia na época, o resultado não era algo tão fora do comum quanto parece hoje. O biólogo Eduardo Discher, torcedor que viveu o título, conta que tinha 15 anos na data da vitória. Na época, era comum o Coritiba chegar nas finais do campeonato brasileiro. Em 1979 e 80 chegou em terceiro. Então era uma coisa que eu esperava acontecer.
Pela fase atual do clube, a comemoração se torna difícil por parte dos torcedores, que veem o Coxa passando pela sua pior fase nesta década. A atual situação se dá principalmente pelos últimos dois anos, já que em 2023 o Coxa fez a sua pior campanha na história da Série A do Brasileirão. Foi rebaixado em 19º com 30 pontos e, em 2024, realizou a sua pior campanha na Série B, acabando o campeonato em 12º, o que gerou um atrito da torcida com a diretoria.
Essa revolta com a diretoria também afeta outros momentos da torcida com o clube, como a comemoração do título de 85. Renan “Fone” de Paula, vice-presidente da principal torcida organizada do clube, defende que é possível comemorar a conquista histórica do time em meio a essa fase complicada. “É um marco histórico para o clube, uma conquista que deverá sempre ser lembrada, independente do momento. Comemorar já é diferente, não existe motivo, temos que conquistar hoje, para comemorar o presente. O passado sempre será lembrado, por nossa história e tradição”.
Justamente por ser a principal torcida organizada do clube, a Império é quem organiza alguns dos protestos que rolam no estádio. Recentemente, em um amistoso contra o Santos, a torcida pendurou faixas com mensagens negativas em relação a SAF, com escritas do tipo “Treegolpe” e “SAF de Mendigo”.
Renan revela que a torcida percebeu que seriam necessários alguns protestos. “Na transição para aSAF, tivemos a pior série A da história do clube.Já no ano seguinte foi a pior série B da história, e com os maiores orçamentos da história. Ou seja, desde o início tivemos esta percepção. A cobrança, ainda que direta, sempre existiu.”
A torcida diante desses fatos começou a mostrar sua insatisfação. Não apenas em protestos, mas também com o número de sócios. Desde que a SAF assumiu o clube, houve uma perda de um pouco mais de 10 mil sócios. Eduardo Discher é um dos vários torcedores que pararam de pagar. O sócio explica o motivo da sua decisão. “Encheu o saco e eu desanimei, não via mais sentido de pagar sem retorno do clube. Ainda tentei voltar esse ano, mas para voltar queriam cobrar 6 meses adiantado, e não consegui achar nada que me motivasse a pagar seis meses sem nenhuma resposta positiva do clube”.
Para os torcedores do Coritiba só resta aguardar pelo desenrolar do ano de 2025, que já no paranaense não se mostrou promissor, com o clube desclassificado nas quartas de final da competição. Se for para procurar uma luz no fim do túnel, com o comando da SAF, o clube se vê mais estruturado e organizado quanto clube, com contas e processos em dia.
Em meio à nostalgia do título de 85 e à frustração com a má fase atual, a torcida do Coritiba vive um momento de incerteza. A significativa perda de sócios demonstra a desilusão com a gestão, e a esperança reside na promessa de uma nova estrutura sob a SAF, que precisa reconquistar a paixão dos torcedores e transformar o passado glorioso em motivação para um futuro vitorioso.
Foto por: Guilherme Berrios