Número de vagas para acolher pessoas em situação de rua no inverno de Curitiba é inferior ao de cadastrados

O número de vagas para acolhimento em Curitiba aumenta, mas o índice de pessoas em situação de rua também cresce
Por Julia Sobkowiak | Foto: Comunicação FAS
Mesmo com aumento no número de vagas para o inverno 2022, a estrutura de acolhimento oferecida pela Fundação de Ação Social de Curitiba pode ser insuficiente para atender o número total estimado de pessoas que vivem em situação de rua na cidade. Neste ano, a “Ação Inverno – Curitiba que Acolhe” vai oferecer 1194 vagas, o que representaria, segundo a Prefeitura da cidade, um aumento de 18% na comparação com o ano passado. No entanto, dados do Cadastro Único, que mantém o registro de famílias de baixa renda, demonstram que o número de moradores de rua também subiu. Seriam pelo menos 3 mil na capital paranaense.
O número mais recente de famílias em situação de rua cadastradas no CadÚnico é de 3000 em 2021. De acordo com o cadastro, esse número indica um aumento de 20% na comparação com o ano anterior. O índice levanta a dúvida sobre a capacidade de o sistema conseguir acolher todas as pessoas que precisarem de atendimento.
A ação municipal de inverno começou no dia 15 de maio e passou por reformulações. Além do aumento no número de vagas, o horário de resgate também foi ampliado. Agora, o serviço de abordagem e resgate social vai das 18h e até a 1h. A ação também passou a ser regionalizada, ou seja, cada núcleo regional ficará responsável por desenvolver suas ações de acordo com as diretrizes do projeto. Neste ano a ação será estendida até 15 de setembro.
O coordenador do Observatório Estadual dos Direitos Humanos da população em situação de rua no Paraná, Rodrigo Alvarenga questiona o planejamento realizado pela Prefeitura de Curitiba para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade. “Você consegue perceber um déficit de vagas pra acolher essas pessoas comparando os números do cadastramento com o de vagas anunciadas”, afirma Alvarenga. Segundo ele, a estimativa é de que, inclusive, o cadastro tenha um número subestimado, uma vez que nem todas as pessoas em situação de rua são registradas.
Rodrigo ainda ressalta que para melhorar esses serviços a prefeitura deveria estreitar seu relacionamento com as pessoas em situação de rua e seus representantes. “O ideal seria se a prefeitura conversasse com essa população e as entidades que as representam, existe um movimento social das pessoas em situação de rua, que a prefeitura deveria buscar para fazer o planejamentos dessas ações.”
Em nota, a prefeitura alega que o número de vagas disponíveis pode aumentar de acordo com a demanda e a abertura de centros de atendimento emergenciais, além disso, neste ano voluntários poderão se cadastrar em um portal para participar das ações de resgate e acolhimento. Na nota enviada como resposta aos questionamentos da reportagem, a FAS não comenta a diferença entre o número de pessoas cadastradas e as vagas de acolhimento ofertadas.