O empreendedorismo e a profissão autônoma como alternativas ao desemprego

por Carolina de Andrade
O empreendedorismo e a profissão autônoma como alternativas ao desemprego

Número de trabalhadores no mercado informal atinge recorde em 2018


Por Carolina de Andrade, Gabriel Dittert, Évelyn Rodrigues, Stefany Mello e Valeska Loureiro

Em 2019 o índice de desempregados no Brasil chegou a um total de 12,5% no primeiro trimestre de 2019, segundo dados divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Em contrapartida, o número de pessoas trabalhando no mercado informal bateu o recorde no final de 2018, chegando a 32 milhões de pessoas que atuam sem a carteira de trabalho.

Valeska Loureiro

Sul possuí o menor índice de desemprego do país

Em meio ao desemprego, algumas formas para o ganho ou o aumento de renda podem ser a abertura de um negócio, ou então a procura de trabalhos informais.

A estudante de psicologia, Samara Aparecida dos Santos, 28 anos, atua há quase dois anos como designer de unha e cabeleireira. Ela conta que resolveu empreender por conta própria após o marido ser demitido, e também pelo valor da  bolsa-auxílio de estágio ser muito baixa. “Meu companheiro tinha um cargo bom em uma empresa foi demitido há três anos e após isso não conseguiu nenhuma colocação no mercado de trabalho e também trabalha de forma autônoma”, relata.

Como sendo uma alternativa para resolver a vida financeira, Samara revela que já divulgou o trabalho pelo facebook e que também troca serviços através do site Permuta Livre, porém admite que teme não se aposentar. “Percebo que não sou contribuinte do INSS, fico com um pouco de receio e temo um dia a vir a precisar”, admite.

Renata Arrosi, 21 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, possuía dificuldade em achar um emprego ou estágio e precisava ter uma fonte de renda primária. Dessa forma, há 4 anos a jovem viu uma oportunidade de empreender em um nicho de pessoas que procuravam decorações românticas e presentes criativos, conseguindo uma boa renda anual.

Suas principais motivações para atuar na área foram o tempo de produção e o baixo custo. Sozinha, Renata faz todo o processo de produção e entrega dos produtos para os clientes.

No áudio a seguir, a estudante fala sobre o que acha de jovens como ela tomarem a decisão de empreender:

O mesmo acontece com Alyne Correa, 18 anos, estudante de Estética e Cosmética que há dez meses começou a  trabalhar com alongamento de cílios. A decisão da profissional por começar a atender em sua própria residência partiu ao observar que esse é um mercado que ainda está em crescimento. “No meu ramo de atuação acredito que o mercado ainda esteja inexplorado, o que facilita a inserção de novos microempreendedores nesse campo”, comenta.

Além disso, Alyne explica que esta técnica tem sido sua única fonte de renda e que tem lhe trazido muitas clientes. “Do dia 5 até o 20 é quando eu tenho mais movimento, e finais de semana. No final do ano foi quando mais tive cliente, por conta das festas e férias”, conta.

O economista Felipe Silveira avalia que o mercado de trabalho está surpreendendo as pessoas que estão se formando na faculdade. Isto porque para se ter um emprego, segundo o especialista, às solicitações de experiência tem sido altas, e o retorno financeiro, muito baixo.

“Existe a tendência, principalmente fora do país, de pessoas fazendo home office, aumentando a produtividade. Elas acabam trabalhando em um lugar mais agradável, e que tenham mais liberdade, porém não são todas as pessoas que preferem essa modalidade”, explica Silveira.

Um fator que pode explicar o surgimento de diferentes profissões e negócios, informais ou não, é a tecnologia. Para o sociólogo Lindomar Wessler, a tecnologia, não vem apenas para atender as necessidades humanas, e sim como forma de provocar novos processos sociais, isto é, eventos que ocorrem na sociedade e provocam algo, como a modernização.  “Neste universo de transformação, é que nós temos o aparecimento de novas profissões, novos saberes, novas necessidades” completa o professor.

Évelyn Rodrigues

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Apesar de o dia dos namorados ter o maior número de clientes, Renata consegue se manter o ano todo

Valeska Loureiro

[caption id=”attachment_33205″ align=”alignleft” width=”170″] Dados levantados em 2018 pelo Uber[/caption]

Um exemplo é Valdomiro Melo, de 50 anos, que abandonou o mercado de estofados para trabalhar como motorista de Uber. Melo conta que ingressou no ramo de estofaria em 1985, mas, nos últimos anos, decidiu parar de trabalhar de maneira autônoma nesse campo, uma vez que não conseguiu competir com os preços do mercado, pois precisava inserir o custo de sua mão de obra nos orçamentos dos móveis.

“A dificuldade sempre me forçou a ser autônomo”, declara Valdomiro Melo, que atualmente trabalha com o serviço de corridas através da Uber. “Acabei em uma profissão que, pelo menos, me permite pagar as dívidas. Sinto saudades do ramo de estofados. Foi um ramo no qual aprendi tudo de coração e dediquei muito investimento” relata.

Ainda que seja uma solução para não encontrar trabalho no mercado formal, empreender também não é um caminho fácil. A Prefeitura de Curitiba criou, para auxiliar nesse problema, o Espaço do Empreendedor. “Muitos empreendedores desistem de suas idéias e sonhos pelas dificuldades para formalizar e ter acesso a oportunidades”, conta o gerente técnico da Agência Curitiba, criadora do espaço.

Implantado em 2013, o projeto promove um ambiente empresarial suscitando serviços gratuitos ao cidadão que queira empreender, desde orientação e capacitação, até assessoria e consultoria. “Os nossos atendentes são capacitados e estendem essa capacitação para que o cidadão que pretende empreender possa ter chance de sucesso”, avalia Gerh.

No aspecto federal, como uma forma de estimular e desburocratizar a autonomia dos pequenos empreendedores, o Presidente da República criou a Medida Provisória (MP) nº 881/19, que institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, para qual estimula o empreendimento de diversas formas, como o fim de autorização prévia para atividades econômicas de baixo risco. A MP, porém, aguarda aprovação do Congresso Nacional para entrar em vigor.

Antes de se abrir um negócio, ou decidir procurar uma nova forma de ganhar dinheiro, alguns passos precisam ser pensados. Confira abaixo cinco dicas antes de empreender.

 

 

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