O ensino de fotojornalismo foi um dos destaques no segundo dia de Enejor

Segunda mesa de debate apresentou os desafios e dilemas que o ensino de fotojornalismo possui em meio à novas configurações das mídias e da comunicação
Por: Ricardo de Siqueira |Foto: Yudi Hiroki
Na manhã desta terça-feira, o 24º Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo (Enejor), organizado pela Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (Abej), e sediado pela PUCPR promoveu uma mesa de discussão sobre fotojornalismo, com o tema “Ensino de fotojornalismo: pedagogia, gênero, memória e convergência”. O encontro ocorreu na Arena Digital da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
A mesa de discussão foi mediada pela jornalista, fotógrafa, pesquisadora e docente de fotojornalismo da Universidade Federal da Paraíba, Agda Aquino, e pela doutora em comunicação e docente em jornalismo da Universidade Federal de Goiás, Lisbeth Oliveira. A jornalista, pesquisadora, fotógrafa e curadora independente, Heloisa Nichele e o Professor do Departamento de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Rafael Schoenherr foram os convidados para compor a mesa e participar da discussão.
Cada um dos profissionais teve um tempo para exposição de ideias e apresentação de seus projetos e pesquisas relacionadas ao tema.
Agda Aquino relembrou a importância e a relevância do evento na comemoração de 20 anos da Abej. Após, ela contou sobre a luta para fortalecer o ensino do fotojornalismo com uma pedagogia própria, baseada na pedagogia da fotografia e do jornalismo, sem ser apenas uma extensão dessas duas áreas. Aquino destaca que a produção fotojornalística vai além de um recurso imagético para textos jornalísticos.
A jornalista também chamou a atenção para a desvalorização dos fotojornalistas e da perda de postos de trabalho com carteira assinada, por conta da não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão e da preferência das empresas de comunicação em terceirizar com profissionais autônomos. Lisbeth Oliveira reforçou os pontos ditos por Aquino, e falou sobre convergência e mudanças que a mídia pode ter causado no processo de criação da imagem.
A jornalista Heloisa Nichele comentou sobre a pesquisa que produziu acerca da produção fotojornalística das mulheres no mundo contemporâneo. Nichele mostrou algumas obras das mulheres que trouxe para sua pesquisa, as fotojornalistas Lucília Guimarães e Lina Faria. As fotos registraram manifestações e atos políticos, no qual as mulheres tiveram participação importante. A jornalista ainda provocou uma reflexão sobre que emoção ou memória coletiva uma fotografia pode mobilizar, e como a técnica auxilia no processo conceitual de uma fotografia.
Ao final, o professor Rafael Schoenherr apresentou um projeto laboratorial no qual ele coordena na UEPG. O projeto, batizado de Lente Quente, produz diversas coberturas fotojornalísticas, e possui uma rotina diária inspirada no modelo tradicional das redações jornalísticas, incluindo divisão de tarefas e reunião de pautas.
O Lente Quente também proporciona atividades extensionistas que realizaram diversas coberturas de cunho social, político e cultural. Entre as coberturas que citou, Schoenherr destacou a cobertura da operação da Polícia Militar contra a greve dos professores da rede estadual do Paraná em 29 de abril de 2015 no Centro Cívico, que deixou mais de 200 feridos. Outra cobertura realizada pelo projeto, foi a da ocupação dos colégios da rede estadual do Paraná por estudantes que protestavam contra a reforma do ensino médio, em 2016.