ONGS de Proteção Animal enfrentam crise financeira e falta de voluntários em Curitiba

por Beatriz Agustini Carpes
ONGS de Proteção Animal enfrentam crise financeira e falta de voluntários em Curitiba

Mesmo com o apoio do Programa Nota Paraná, as despesas sobressaem e as políticas públicas falham para algumas ONGS. Mais de 146 mil animais, gatos e cachorros, ainda estão nas ruas da capital paranaense

Por: Beatriz Agustini Carpes, Eduardo Bruscagin, Isabella Iglesias e Yudi Hiroki | Foto: Yudi Hiroki 

As Organizações Não Governamentais (ONGs) que lidam com a causa animal em Curitiba relatam dificuldades para manter as portas abertas. Falta de apoio financeiro, de voluntários e de políticas públicas são as principais reclamações por parte das organizações. A Prefeitura divulgou os resultados do Censo Animal 2023, realizado entre março e junho, que apontam que Curitiba possui 584.661 cães, dos quais 13% (cerca de 76 mil) estão abandonados nas ruas.

Além das dificuldades estruturais, o alto custo da alimentação dos animais também é um problema que preocupa as instituições. Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (DIEESE), a inflação de alimentos para pets teve um aumento de 22,9% em 12 meses, deixando as despesas mensais dos institutos ainda maiores. 

Fundado há 15 anos, O Instituto Fica Comigo, que hoje abriga 280 animais, sofre sérias dificuldades para manter as atividades. Com despesas mensais que ultrapassam R$ 80 mil, os gastos incluem alimentação, vacinação, veterinário e outros cuidados. O abrigo depende majoritariamente de doações e dos apadrinhamentos e do Programa Nota Paraná. 

A voluntária fixa desde 2023, Raissa Perrotte, afirma que as arrecadações caíram drasticamente depois de uma reforma no programa Nota Paraná, no qual o consumidor recebe de volta parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), recolhidos pelo estabelecimento. O retorno financeiro caiu de 15% para 10% sobre o valor da aquisição ou bem adquiridos, conforme a resolução nº 1570 da Secretaria da Fazenda do Paraná.

Abrigos que não contam com o apoio governamental enfrentam ainda mais problemas financeiros. Leticia Tavares, fundadora da ONG Adote um Vira-Lata, afirma que tem um gasto fixo de R$13 mil por mês para manter 58 animais no abrigo e em hotéis, que dependem majoritariamente de doações e eventos. 

A fundadora afirma que a principal renda vem do Puppy Yoga, evento promovido para arrecadar fundos e promover adoções. Trata-se de sessões de yoga, que contam com a presença de filhotes. Porém, muitas vezes o valor arrecadado não cobre as despesas, afetando o funcionamento da organização e a qualidade de vida dos animais resgatados. A dívida da ONG hoje é de R$ 7 mil.

Também enfrentam problemas com as políticas públicas já existentes. Em dezembro de 2024, foi inaugurado o Hospital Veterinário Municipal de Curitiba, que oferece atendimentos de média a alta complexidade gratuitamente. “É uma ação muito legal na teoria, mas na prática é uma caixinha de surpresas”, destaca Leticia Presidente da Adote um vira-lata.

A falta de voluntários é outra preocupação. As ONGs contam com ajudantes fixos, porém, eles não cobrem todo o trabalho necessário para manter as portas abertas. Ficam sobrecarregadas e às vezes têm de priorizar uma função em relação a outra.  “Muitas pessoas vão ajudar só para dizer que estão ajudando e disponibilizam pouco tempo e disponibilidade a longo prazo para a causa.”, afirma Paula Manfredini, coordenadora do setor de adoção e redes sociais da ONG Crazy Cat Gang. 

Uma forma de apoio é fornecida pelo Grupo de Proteção Animal Quatro Patas, que divulga as ONGs com foco na adoção dos bichinhos e recolhimento dos animais de rua. Para a arrecadação de recursos, o Quatro Patas conta com as contribuições mensais dos associados e com vendas de produtos como camisetas, moletons, canecas, adesivos, batons e canetas.

Conteúdo Extra: Veja os animais que estão para adoção nas Ongs visitadas.

ONG ADOTE UM VIRA-LATA

Amstel, Praya e Skol

Leona
INSTITUTO FICA COMIGO

Bia

Lady

Lord

Soneca e Marley

 

 

 

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