Pandemia afeta instituições que recebem dinheiro das corridas de rua de Curitiba

Provas que beneficiam financeiramente causas sociais são adiadas por conta da pandemia de Covid-19
Por Felipe Worliczeck Martins, Vinicius Bittencourt e Vanessa Guimarães | Foto: Respro Polska (Pixabay)
O adiamento das corridas de rua de Curitiba, como a The Hardest Run e a 16° Corrida Noturna da Unimed, trouxe consequências às organizações amparadas por essas provas. As competições aconteceriam, respectivamente, em 17 de maio e 4 de abril, porém foram suspensas, e sem data definida. O dinheiro das inscrições da Corrida Unimed seria doado para a Associação de Ginástica Rítmica de Curitiba (Clube AGIR), o Instituto Compartilhar e a Associação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP). Enquanto o da The Hardest Run serviria para a construção do hospital Erastinho, primeiro hospital Oncopediátrico do Brasil.
A pandemia do novo coronavírus, que teve seu primeiro caso no Brasil há aproximadamente dois meses, fez com que muitos estados e empresas gradualmente adiassem ou cancelassem eventos, e estimulassem o isolamento social, algo necessário para a saúde pública e uma das medidas básicas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle da doença.
Um dos setores da sociedade que têm encontrado várias dificuldades têm sido as corridas de rua, especialmente aquelas que apoiam financeiramente causas e projetos, por conta dos eventos promoverem aglomerações. Em consequência disso, o adiamento ou futuro incerto dessas provas causam problemas para as suas organizações, além de suas causas serem afetadas pela crise de Covid-19 de diversas maneiras.
The Hardest Run
Provas como a The Hardest Run, que começou como um movimento para a doação de medula óssea em 2012, vem sofrendo dificuldades na execução de sua prova em meio à crise de Covid-19. O movimento, desde 2019, tem o objetivo de angariar fundos para a construção do Erastinho, obra ligada ao Hospital Erasto Gaertner.
O idealizador, Marcelo Alves, afirma que, com o passar dos anos, o movimento começou a tomar grande proporção, e desejava realizar essa proposta visando à durabilidade da causa, visto que a doação de sangue para o tratamento de medula óssea é uma necessidade constante dos hospitais. Por causa disso, o idealizador enfatiza a necessidade de um movimento estável, escolhendo ajudar financeiramente a construção do Erastinho, parceria que começou em 2019.
No ano passado, a prova teve 10 mil participantes. E, neste ano, antes de ser confirmado o adiamento, já havia 12 mil inscritos. Ao ser questionado, Alves confirma que estão estudando diversas novas datas, porém não é viável para os órgãos competentes confirmarem ou não um novo dia, já que não se sabe até quando irá durar a quarentena. E, ainda, estima que o evento possa ocorrer no último trimestre deste ano.
Não é só a corrida, porém, que enfrenta problemas diretos com a pandemia. O Hospital Erasto tem 45 casos suspeitos de Covid-19, como informa a direção, e não poderá realizar sua festa de inauguração em meio à expansão do vírus, segundo o superintendente da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, Adriano Rocha Lago. Rocha diz ainda que a data de finalização da obra, a qual custou um total de R$29 milhões, continua a mesma, prevista para o fim de maio/início de junho.
Corrida Unimed
A 16ª Corrida Noturna da Unimed é outro evento que foi afetado pela atual crise do novo coronavírus. O trajeto, que aconteceria no dia 4 de abril, foi adiado e ainda não tem uma nova data prevista. Essa corrida irá doar 100% do seu dinheiro arrecadado para instituições que têm como objetivo melhorar a sociedade por meio de atividades físicas, sendo elas o Instituto Compartilhar, o Clube Agir e a Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP).
Cintia Miranda, vendedora de materiais odontológicos, participa da Corrida Noturna da Unimed desde 2018. Mesmo com o adiamento das provas, Miranda se mantém esperançosa para voltar às ruas, e prevê o retorno por volta de setembro. “Se as organizações não se reinventarem, provavelmente a adesão vai diminuir bastante.” A corredora já participou, também, da The Hardest Run em 2019.
A ADFP e o coronavírus
Junior Ongaro, presidente da ADFP, uma das entidades assistidas pela corrida Unimed, que tem como objetivo desenvolver a independência de pessoas com deficiência física, fala dos impactos do surto da doença na empresa: “A nossa arrecadação caiu em mais de 50%, nós tivemos que demitir alguns funcionários, e afastar outros”. Ongaro também aponta perda de parte do apoio financeiro do governo: “Alguns projetos sociais, mesmo os que a gente tinha feito com o governo, foram cancelados porque o dinheiro que seria repassado para a gente foi todo movimentado para o caso da pandemia”.
Além disso, o adiamento da prova teve sérias consequências para a associação, por conta de nenhum dinheiro ter sido repassado. Recursos que, segundo Ongaro, seriam usados pela ADFP para melhorar o atendimento com os usuários, contratar novamente o psicólogo da associação e realizar mais projetos.
Recomendações da Organização Mundial da Saúde
No caso de você necessitar sair de casa durante o isolamento social, siga sempre as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de manter uma distância de 1,5 metros das pessoas. Evite tocar nos olhos, na boca e no nariz, além de usar uma máscara, algo que já é obrigatório em Curitiba.