Por falta de insumos, catadores de recicláveis enfrentam redução da renda familiar

por Julia Barossi
Por falta de insumos, catadores de recicláveis enfrentam redução da renda familiar

Embora o preço de venda dos recicláveis tenha aumentado, coletores têm dificuldade de encontrar materiais

Por Julia Barossi | Foto: Julia Barossi

Desde o início da pandemia e com diversos decretos de lockdown, estabelecimentos comerciais que foram fechados passaram a produzir uma quantidade menor de resíduos. Com isso e com o aumento do índice de desemprego, inúmeros catadores de recicláveis de Curitiba e região metropolitana têm enfrentado concorrência maior e dificuldade para produzir renda.

Em decorrência do aumento das demissões e fechamento de empresas, trabalhadores não veem alternativas a não ser procurar outra forma de ganhar dinheiro. Consequentemente, a coleta de recicláveis para venda se torna uma possibilidade viável e o aumento do número de catadores cresce durante a pandemia. Por outro lado, a produção de insumos diminuiu por conta de empresas fechando definitivamente ou temporariamente, fazendo com que o preço dos recicláveis tenha subido no mercado.

No centro de reciclagem BR Sucatas, em Campo Largo, o aumento no número de pessoas que realizam a coleta é perceptível. A dona da empresa, Andreia Sales, atribui o fenômeno ao aumento do desemprego. “Eu conhecia um rapaz que vendia salgado e bolo para nós”, conta a empresária. “Ele está catando recicláveis também, e falou que está valendo mais a pena do que ficar vendendo os alimentos.”

Hoje a latinha está sendo comprada a R$ 4,50 o quilo. Há quatro meses, o preço era de R$ 3,50. Segundo Sales, o valor sempre varia e a cada uma ou duas semanas há um aumento. 

Moradora de Curitiba, Margarida de Fátima Gonçalves dos Santos, de 52 anos, tira seu sustento apenas das coletas. “Minha renda vem apenas do reciclável. Devido à minha idade e aparência, as empresas não abrem muitas oportunidades”, diz a coletora. “O preço do material aumentou, só que tem muito carrinheiro e caminhão. Aí, tem vezes que tem bastante [papelão] e tem vezes que não… está um pouco difícil.” Margarida recolhe os recicláveis tanto em uma empresa da região que produz muito resíduo, quanto na rua, enquanto caminha.