Por que Curitiba é a Capital Ecológica do Brasil?

por Paula Braga Goveia
Por que Curitiba é a Capital Ecológica do Brasil?

Curitiba tem 70 m² de vegetação por habitante, cerca de 6 vezes mais que o ideal previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

Por: Paula Braga Goveia | Foto: Paulo Vilela

Segundo o atual Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR), Curitiba é a capital com melhor desempenho no cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas em 2015. O IDSC-BR é uma ferramenta desenvolvida pelo Programa Cidades Sustentáveis (PCS), em parceria com a Sustainable Development Solutions Network (SDSN), em uma iniciativa da ONU para estimular e monitorar o cumprimento dos ODS em seus países-membros. 

De acordo com a classificação para os municípios brasileiros, Curitiba chegou a pontuação de 66,03 em uma escala de 0 a 100, estando na 30ª posição no ranking geral dos 770 municípios analisados. Foi a melhor colocada em comparação com outras capitais. São Paulo, por exemplo, atingiu a pontuação de 64,86, e a cidade do Rio de Janeiro apenas 57,30. Ao todo, o índice é composto por 88 indicadores, referentes às várias áreas de atuação da administração pública.

A coordenadora do Programa Cidades Sustentáveis (PCS), Zuleica Goulart, considera que é cada vez mais necessária a promoção de políticas que visem o equilíbrio entre intervenções urbanas e preservação ambiental. “É notório que a capital paranaense há décadas tem se destacado no cenário nacional e internacional pela referência em planejamento para a sustentabilidade, o que resultou no recebimento de diversos prêmios nacionais e internacionais”, ressalta.

Goulart ainda menciona: “O planejamento urbano integrado, pautado pela sustentabilidade, com visão de futuro, capacidade de antecipação e de governança sobre as transformações econômicas, sociais e ambientais locais tem sido o grande diferencial das últimas gestões e tem cada vez mais colocado Curitiba no cenário internacional como referência”.

Em 2022, para alinhar-se a Agenda 2030, principal ação de desenvolvimento sustentável da ONU atualmente, a Prefeitura de Curitiba realizou o lançamento de uma plataforma exclusiva para apresentar detalhes dos indicadores e seus planejamentos na execução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. 

O site, estreado durante a programação do Smart City Expo Curitiba 2022, foi desenvolvido pelo Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP), e mostra o mapeamento dos programas da Prefeitura, seu plano estratégico alinhado a cada um dos 17 ODS e as 169 metas a serem atingidas até 2030. (Link de acesso: https://ods.curitiba.pr.gov.br/)

Além disso, outro fator que faz de Curitiba uma capital de destaque no âmbito da sustentabilidade, foi ter sido reconhecida como a cidade mais verde do país e da América Latina no relatório Green City Index (Índice Verde de Cidades), realizado pela Siemens com a Economist Intelligence Unit em 2015. 

Hoje, o ativo ambiental de Curitiba é formado por mais de 13 milhões e 406 mil m² de áreas verdes, representados por 1.145 Unidades de Conservação da Prefeitura, como o Jardim Botânico, Zoológico, Museu de História Natural Capão da Imbuia, 28 parques, 24 bosques (incluindo BCBUs), centenas de praças, jardins urbanos, lagos, eixos de animação, jardins ambientais, Áreas de Proteção Ambiental e Estações Ecológicas, além das 34 Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNMs).  

Quanto ao metro quadrado de vegetação por habitante de 12 m2/hab, considerado o ideal previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Curitiba é tida como exemplar, estando próxima dos 70 m2/hab, conforme os dados da Prefeitura Municipal.

A secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza do Carmo Oliveira Dias, reforça que a capital paranaense não apenas vem se mantendo como Capital Ecológica, mas busca ampliar ainda mais esse conceito.

“Uma prova disso é o retorno da Família Folhas, campanha que foi sucesso na década de 1990, para ensinar a separação de recicláveis, e que hoje vem com um papel mais abrangente de enfrentamento às mudanças climáticas, um assunto urgente para o planeta.”

Ela complementa dizendo que o compromisso da Secretaria Municipal do Meio Ambiente para tornar a cidade neutra em carbono passa pela gestão de resíduos sólidos. “Com a redução do uso dos aterros sanitários e a separação para reciclagem, pelo cuidado com as áreas verdes e rios, pelo plantio de árvores e pela busca de uma qualidade de vida cada vez melhor para a nossa população.”

Entre as cidades que fazem parte do Grupo de Liderança Climática C40, que reportaram suas emissões em acordo com a metodologia GPC, especificamente para o Nível de Reporte Básico para o ano-base de 2016, Curitiba encontra-se posicionada como uma das cidades com a menor quantidade de emissões totais e per capita. Estando em 6º lugar no ranking, à frente de Sydney, na Austrália, e San Francisco, nos Estados Unidos.

A C40 Cities é uma rede global de quase 100 cidades líderes unidas na colaboração de medidas urgentes de enfrentamento à crise climática, da qual Curitiba faz parte desde 2005. A capital também estabelece seu compromisso com o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima, passando a desenvolver, desde 2009, uma série de estratégias e ações para atuar de forma mais incisiva sobre a questão, criando dentro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o Fórum Curitiba sobre Mudança do Clima.

Com 100% de Atendimento Urbano e Água e Esgoto, Curitiba está na primeira colocação, entre capitais, no ranking da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) de Universalização do Saneamento edição 2021, que reúne 1670 municípios, representando cerca de 70% da população do país e 30% dos municípios brasileiros que forneceram ao SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, sendo a única a atingir a categoria mais alta – Rumo à Universalização.

No que se refere à Limpeza Urbana, segundo o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Prefeitura Municipal de Curitiba, atualizado em 2017, a população curitibana conta com diferentes serviços de limpeza pública, direcionando os seguintes resíduos: Domiciliar Comum – Aterro Sanitário, Reciclável – Associações de Catadores de Materiais Recicláveis credenciadas; Lixo Tóxico Domiciliar – Aterro Industrial e Vegetal – Geração de Energia.

Em 2021, Curitiba também assinou um termo de cooperação para implantação de uma Central de Logística Reversa na cidade, com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE).  

De acordo com o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana de 2021, criado para avaliar a gestão dos serviços e manejo de resíduos sólidos sob a ótica da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Curitiba está entre os municípios mais bem pontuados com população acima de 250 mil habitantes, estando na 19ª posição no total de 124 cidades.

Assim, Curitiba segue demonstrando de forma cada vez mais concreta a sua preocupação com o Meio Ambiente, e está fortalecendo o seu título de “Capital Ecológica”, com atuações em todas as esferas do Plano Urbano Sustentável, destacados na gestão da cidade desde a década de 90. 

Nessa época, o discurso ambiental da Prefeitura Municipal de Curitiba já estava integrado à política de desenvolvimento urbano, e a teoria ambientalista foi pela primeira vez divulgada para a população através do documento “Memória da Curitiba Urbana”, produzido pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) em 1992, cujo é denominado “Escola de Urbanismo Ecológico”.

A partir desse momento até hoje, a valorização dos recursos naturais e a qualidade de vida foram colocadas como base para as ações de preservação de espaços verdes, separação do lixo, transportes coletivos, entre outras práticas exercidas pela Prefeitura Municipal de Curitiba junto a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA).