PUCPR é palco do ENEJor 2025

Pontifícia Universidade Católica do Paraná recebeu na segunda-feira (28) a solenidade e mesa de abertura do 24° Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo
Por Letícia Nogueira | Foto: Emilly Vieira
Na noite do dia 28 de abril, ocorreu a iniciação do ENEJor 2025 no auditório John Henry Newman, localizado na biblioteca da faculdade. O tema da conferência foi “Ensino de jornalismo nas reconfigurações do ecossistema midiático: desafios e possibilidades”, ministrado pelo Professor Dr. João Canavilhas.
Gustavo Xavier, estudante de jornalismo da PUCPR, deu início a Solenidade e explicou como foi o processo de criação da identidade visual do ENEJOR 2025. “Nossa ideia foi misturar modernidade com tradição e sair um pouco do óbvio para representar Curitiba”, comenta Gustavo.
O símbolo escolhido foi a Gralha Azul, que, segundo tradição e lenda curitibana, é responsável por semear as sementes de Araucária. “O jornalista na comunicação é como se fosse a Gralha Azul do nosso ramo, que mantém a diversidade no ambiente mundial”, ressalta o estudante.
A Mesa de Abertura foi composta pelo Professor Dr. Ericson Falabretti, Professora Dra. Angela Leitão, Professora Dra. Mônica Fort, Professora Dra. Suyanne Tolentino e a Professora Dra. Marluce Zacariotti. Falabretti proferiu elogios ao tema da conferência e à programação. “Não poderia ser um tema mais atual falando sobre o ensino de jornalismo”, diz Ericson.
Suyanne Tolentino, coordenadora do eixo Multicom da PUCPR e vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ), comemora os 20 anos da ABEJ e diz que o ENEJOR é um momento de esperança, resiliência e inovação. “Ao longo dessas duas décadas, a gente pôde discutir o ensino de jornalismo com ainda mais profundidade e compromisso social”, enfatiza a coordenadora.
Marluce Zacariotti, presidente da ABEJ, apontou como a forma de pensar no jornalismo não vai ser alterada em função de uma tecnologia específica, o comprometimento com a verdade sempre será a base do jornalismo. Além disso, comentou sobre o papel da ABEJ, que luta pela defesa da qualidade de ensino de jornalismo e formação jornalística.
O conferencista da noite foi o Professor Dr. João Canavilhas, professor catedrático na Universidade da Beira Interior e investigador na unidade de investigação Labcom. A palestra abordou o processo de evolução tecnológica e a forma como o mundo jornalístico acompanhou todo o período de digitalização, criação da internet, criação dos dispositivos móveis e ascendência da inteligência artificial.
Canavilhas afirma que o risco do jornalismo é a perda da centralidade enquanto fornecedores de informação: “A partir do momento que nos tornamos irrelevantes, deixamos de ter qualquer importância para a sociedade”. Apesar disso, ele ressalta que em tempos de incerteza a sociedade acaba buscando por informações em sites de notícias e não em redes sociais. Segundo o conferencista, as pessoas buscam por notícias mais atualizadas, imediatas, precisas e vindas de jornalistas formados.
O professor também mencionou quatro mudanças no jornalismo, sendo elas a digitalização, o “World Wide Web”, os dispositivos móveis e a inteligência artificial. Todos eles contribuíram para o desenvolvimento do jornalismo atual, que demanda novas competências técnicas, novas aptidões, novas valências narrativas e o aperfeiçoamento geral de competências.
Ao adentrar na questão da inteligência artificial, mencionou como essa evolução tecnológica ameaça diversas profissões. Porém, salienta que não é sobre ter medo e sim sobre pensar como é possível utilizar essa ferramenta. “Eu não estou preocupado que a inteligência artificial esteja a escrever como jornalistas, estou preocupado é ver os jornalistas escreverem como a inteligência artificial. Esse que é verdadeiramente um problema”
Caminhando para o encerramento, o professor fala sobre os cinco desafios para o ensino. Na visão de Canavilhas, na vertente profissional é essencial aprofundar conhecimentos tradicionais no campo do jornalismo. Na área de conhecimento tecnológico, afirma que não há necessidade de dominar tudo, mas é necessário ter domínio da linguagem média de tudo que está presente no processo de produção jornalística.
Em relação à formação profissional, ele acredita que é de extrema importância incentivar a autonomia e desenvolver a criatividade. “Temos que deixar que eles pensem fora da caixa. Claro, vão errar, mas toda vez que errarem vão aprender algo a mais”, ressalta João.
Depois da participação do público com perguntas feitas ao conferencista, o primeiro dia do ENEJOR 2025 teve seu encerramento.