PUCPR realoca 174 turmas do Bloco Azul após incêndio

Foto por Mariana Bonete
Com 51 anos de história, Bloco Azul da PUCPR enfrenta novo capítulo após incêndio e reorganização das aulas
Por Clara Iorhana, Mariana Bonete e Thiago Gura.
Por consequência da perda do Bloco Azul, mais de 150 turmas foram realocadas para os outros blocos da universidade num período extremamente curto. Entre os dias 15 e 22 de abril, no meio do feriado de Páscoa, a coordenação das Belas Artes e a reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) se uniram prezando pela continuidade das aulas, sem afetar a grade curricular.
O Reitor da PUCPR, Irmão Rogério Renato Mateucci, explica a complexidade do planejamento do ensalamento, pois foi intensa a corrida para inserir uma escola inteira nos espaços disponíveis no campus. Foi necessário analisar o tamanho dos espaços disponíveis, o tamanho das turmas e construir o ensalamento pensando nos professores que precisam se deslocar de um ponto para o outro em pouco tempo. Parte desse remanejamento foi elaborado durante o feriado de Tiradentes e da Páscoa por coordenadores de curso, pelos analistas de operações acadêmicas e a própria decana Angela. “Eu acho que esse é um grande gesto de uma comunidade preocupada em tirar do desafio uma possibilidade.”
Sheyla Cristina, Analista de Operações Acadêmicas e uma das colaboradoras do remanejamento, relatou a dor da notícia do incêndio e a necessidade de manterem a calma até terem a certeza de que todos estavam bem. Os momentos seguintes foram acompanhados de uma série de reuniões com os maiores impactados e colocando em prática uma ação de remanejamento. “Conseguimos isso graças à equipe responsável pelo horário e ensalamento da graduação da PUC, em que todos se prontificaram a rever seus ensalamentos e disponibilizar ambientes para os impactados.”
Segundo ela, todos os analistas das escolas (cursos da PUCPR), infraestrutura, as coordenações, os decanatos e a gerência direta estavam sobre aviso e atuando 24 horas por dia em ambas as frentes, planejamento e execução. Os analistas fazem o horário dos cursos e já possuem expertise para tal ação. Nenhum horário de aula foi alterado e o alinhamento foi feito em parceria com os coordenadores, que souberam conduzir a mensagem junto aos alunos e professores. Não houve confusão, pois todos estavam sensibilizados e compreensíveis. A comunicação foi realizada pelos meios da PUCPR, através das ferramentas já utilizadas pelos estudantes e docentes, gerando segurança e assertividade.
Em casos pontuais, a metodologia da disciplina do professor precisava de um ambiente específico. “Consideramos nesse caso ajuste fino.” Para ela, foi um aprendizado. Todos unidos em busca do mesmo objetivo tornou a situação mais leve, permitindo a fluidez do processo. “Acreditamos que o aprendizado já faz parte da equipe que é resolutiva e ágil desde a sua essência.” O maior desafio foi a busca por ambientes maiores, para comportar turmas com capacidades maiores.
“Realmente esperamos essa reforma,que ele volte melhor ainda, e que a gente volte a ter essa conexão com todas as outras turmas”.

Foto Mariana Bonete
A estudante do terceiro período de arquitetura Julia Engell foi uma das alunas remanejadas. Ao Comunicare, ela comentou sobre as dificuldades da adaptação, deslocada do Bloco azul que oferecia os materiais necessários, como mesas, espaços de estudo para o desenvolvimento de projetos e todos os trabalhos para pesquisa. As salas do bloco 10 não conseguem atender essas necessidades, já que as salas das Belas Artes eram projetadas especialmente para esses cursos. Contudo, mesmo com os desafios, nenhum horário foi alterado e não houveram pendências no cronograma do curso.
Júlia comenta sobre o choque que teve com as notícias sobre o incêndio que ocorreu na universidade e como a gestão por trás do remanejamento trabalhou muito rápido para adaptação dos alunos. “Eu acho que eles agiram bem rápido, remanejaram as turmas para voltarmos a ter aula, pra não ficar sem uma semana sem ter aula”. Em relação aos professores, ela lamentou pela perda, pois haviam professores que trabalhavam há muito tempo no Bloco Azul. “Chegamos a falar com professores e eles falaram que realmente era uma perda muito grande porque, por mais que seja faculdade, pra eles era uma casa.”
Com base na entrevista que realizamos com a estudante de Arquitetura, Júlia Engell, elaboramos um mapa que mostra as distâncias percorridas por ela entre os blocos da PUCPR, comparando sua rotina de deslocamento antes e depois do incêndio.