Seções eleitorais serão instaladas em lar de idosos e hospitais para promover inclusão

Projeto Cidadania Plena promove resgate da cidadania e inclusão para mais 300 pessoas através do voto
Por Adriano Sirius, Ana Rossini, Eduardo Albano e Juliana Boff
Criado em março deste ano, o projeto Cidadania Plena promove a inclusão do voto em hospitais e instituições de longa permanência para idosos. A cooperação entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) possibilitará a instalação de seções eleitorais no Hospital Erasto Gaertner, Hospital de Clínicas e Socorro aos Necessitados – Lar de Idosos.
No total, em Curitiba, segundo o TRE-PR, 308 pessoas serão beneficiadas pela inclusão do voto. Além da capital, o projeto também atende outras três cidades: Londrina, Maringá e Cascavel. Ao todo, 990 eleitores poderão ter acesso à urna eletrônica.
Por ser um projeto piloto, a seleção das instituições se deu a partir de uma mediação entre a gerente do projeto, Claudia Afanio, e as superintendências dos hospitais. Após a assinatura do acordo de cooperação entre o TRE e a entidade, uma visita técnica foi realizada pelo responsável da zona eleitoral da região para avaliar as condições de segurança do voto e garantir salas acessíveis para o público externo e interno.
A iniciativa também atende a comunidade local e profissionais da saúde, houve ainda a possibilidade da transferência do título para a zona eleitoral criada a partir do projeto Cidadania Plena. A instalação da seção eleitoral é supervisionada pela Polícia Militar e acontece um dia antes da votação – exatamente como todas as outras zonas. O cuidado com a acessibilidade também é garantido por um especialista no dia da votação, caso haja necessidade.
De acordo com o cientista político Mário Sérgio Lepre, professor de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de Londrina, iniciativas como essa contribuem com o avanço da democracia brasileira. “Mesmo que a nossa democracia avance lentamente, o projeto é um sinal de progresso. Fazer com que essas pessoas tenham compreensão do processo eleitoral é muito importante. Há uma dificuldade muito grande no cotidiano dessas pessoas e, muitas vezes, elas não veem a necessidade de participar como algo primordial. Então esse ambiente precisa ser conectado e é um esforço que vale a pena ser feito!”.
O professor acredita que, além da importância de levar as seções eleitorais a essas pessoas, o projeto deve ser mais divulgado para que a sociedade civil também possa contribuir com o seu avanço. “O mais importante é buscar disseminar ideias, fazer palestras e mostrar como funciona realmente. O trabalho está sendo realizado em comunidades, hospitais e instituições de longa permanência, mas é importante que seja mostrado o que está sendo feito para que outras pessoas tenham acesso e ampliem a atuação do projeto.”
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os idosos acima de 60 anos representam 20,85% de um total de 8.367.339 eleitores paranaenses. Incluí-los no processo eleitoral representa um resgate de sua cidadania e dignidade que havia sido esquecida, como é o caso de Wilmar Sandro Pereira, 65. “Eu achei essa iniciativa muito boa porque veio de encontro a uma expectativa que eu havia levantado quando começou a pandemia e nós ficamos privados do direito de votar por estarmos na terceira idade e na linha de frente da contaminação. Mas, eu sempre achei que deveria existir uma prerrogativa nos beneficiasse para que nós não perdêssemos o nosso direito.” Em conversas com colegas e profissionais do Lar de Idosos, pelo fato de serem culturalmente isolados no Brasil, ele avalia que é importante que exista uma maneira de serem valorizados e o voto representa muito nesse sentido.
A assistente social Josélia Pires Lopes, que trabalha há 20 anos no Lar de Idosos, conta que o TRE isentou as multas por abstenção e renovou os títulos de eleitores irregulares na própria instituição. “A parceria é muito boa, pois tem idosos de 90 anos que irão votar e estão contentes por ajudar o país a melhorar”.
O voto representa um grande evento para a parcela mais idosa da população, diz Joselia. “Para eles é uma grande honra e, alguns estão até guardando camisa para votação, porque dão muito valor e já estão se preparando para esse dia. É uma grande vitória para os moradores do Lar, pela idade e pela vida que tiveram.”
ENTIDADES E ELEITORES DO PROJETO CIDADANIA PLENA