Transporte público e “fuga” de Ducci e Pimentel são destaque em debate do Plural

Debate aconteceu na última quinta-feira (12), no campus Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná, com seis dos 10 candidatos à Prefeitura de Curitiba
Por: Beatriz Agustini Carpes e Ricardo de Siqueira |Foto: Tami Taketani
Propostas para reduzir a tarifa de ônibus de Curitiba e críticas à ausência dos candidatos Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB) marcaram o debate entre candidatos(as) à Prefeitura de Curitiba realizado pelo jornal Plural. Além de críticas e ataques à atual gestão da cidade, os seis candidatos aproveitaram o tempo de fala para protestar contra a distribuição de tempo na propaganda eleitoral obrigatória. O evento aconteceu na última quinta-feira (12), no câmpus Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Seis candidatos(as) compareceram ao debate: Andrea Caldas (PSOL), Cristina Graeml (PMB), Luizão Goulart (Solidariedade), Ney Leprevost (União Brasil), Roberto Requião (Mobiliza) e Samuel de Mattos (PSTU). Quatro candidatos se ausentaram: Eduardo Pimentel (PSD), Felipe Bombardelli (PCO), Luciano Ducci (PSB) e Maria Victória (PP). Houve dois blocos com perguntas da sociedade civil e dois blocos de confrontos diretos entre os concorrentes.
Confira, abaixo, o debate na íntegra.
Mesmo não comparecendo, os candidatos Pimentel e Ducci estiveram entre as principais pautas da noite. Todos os concorrentes presentes fizeram duras críticas aos ausentes, acusando-os de fugir do debate, com medo dos demais, por terem argumentos fracos e não terem candidaturas consistentes. Os ataques também foram direcionadas ao atual prefeito, Rafael Greca (PSD).
O debate contou com um clima pacífico e de moderação entre os candidatos, com exceção de apenas um confronto entre Samuel de Mattos e Cristina Graeml. Representantes das ideologias da esquerda e direita respectivamente, os candidatos se enfrentaram com discurso ideológico e, em certo momento, cômico, envolvendo temas como aborto e privatização. Outros confrontos diretos entre os demais debatedores tiveram cordialidade, mas com poucas propostas concretas.
O transporte público foi outro tema muito abordado no evento. A capital paranaense tem a maior tarifa do país atualmente: R$ 6. Devido ao vencimento do atual contrato de concessão com as empresas que gerenciam o sistema, em 2025, o tópico está sendo muito citado durante as campanhas. Todos os candidatos prometeram reduzir o preço das passagens de ônibus e implementar novidades no transporte coletivo.
As queimadas em todo o Brasil e o meio ambiente também foram citadas no debate. Candidatos afirmam que trabalharão na prevenção de desastres naturais, de modo a recuperar os rios da cidade e realocar famílias que moram perto dos rios, além de mapear as zonas de alagamento.
O aumento das taxas como IPTU e multas de trânsito e a alegada falta de investimento do atual prefeito também foram alvos de críticas dos concorrentes. Leprevost, por exemplo, afirmou que, no último ano, foram arrecadados mais de R$ 220 milhões em multas e radares de trânsito e que apenas 1% desse valor foi investido na educação e conscientização do trânsito.
Participação dos candidatos
Andrea Caldas (PSOL)
Com postura moderada até o fim do debate, apresentou ideias para as áreas da assistência social, implementando políticas públicas para atender pessoas em situação de rua. Ela disse que irá reduzir a tarifa da passagem de ônibus. Teceu criticas à atual gestão da cidade, principalmente aos títulos de smart city e capital ecológica. A candidata acenou para os eleitores indecisos da cidade.
Cristina Graeml (PMB)
Colocou-se, em mais de um momento, como a verdadeira candidata conservadora da cidade. Defendeu a intervenção religiosa para pessoas em situação de rua. Disse que vai reduzir a fila de espera nas creches, por meio de parcerias privadas. Afirmou que quer implementar novos modais para o transporte público. Com discurso ideológico, mostrou-se contrariada com a ausência do concorrente Pimentel, já que ambos disputam os votos dos conservadores da cidade. A candidata ressaltou que não tem espaço na campanha eleitoral obrigatória em rádio e televisão e que só pode ir a debates caso seja convidada, pois seu partido não possui representatividade suficiente no Congresso Nacional.
Luizão Gourlart (Soliedariedade)
Apresentou-se como um gestor que sabe o que faz e como fazer. Valendo-se da experiência como prefeito da cidade de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o candidato disse que pretende remanejar as famílias que vivem às margens de rios da cidade, por meio de um plano habitacional que prevê cinco mil unidades por ano, utilizando 3% do orçamento da cidade. O candidato também criticou a atual gestão e disse que Curitiba deve ter soluções para problemas simples, tornando-se, assim, efetivamente uma cidade inteligente. Em relação ao transporte público, o candidato afirmou que é preciso acabar com o lobby das empresas de transporte da cidade. Ele também fez apelo a eleitores indecisos.
Ney Leprevost (União Brasil)
Apresentou-se como um candidato de centro, que quer transformar Curitiba em uma cidade humana. Apresentou propostas para o atendimento a pessoas em situação de rua, incluindo o internamento e os chamados C.R.I.S.T.O.S. Ele se comprometeu a valorizar os servidores públicos e a realizar estudos para reduzir a tarifa de ônibus – citou a viabilidade de uma tarifa de R$ 5. Disse que Greca e Pimentel são “negacionistas do meio ambiente”, em relação ao corte de árvores na Avenida Arthur Bernardes. Também nomeou a atual gestão de “indústria das multas”, por conta da alta arrecadação de tributos sobre penalidades no trânsito. Desde a entrada no auditório, o candidato manteve uma atitude diplomática e convidou a candidata Andrea Caldas para colaborar em um futuro governo, em relação à aplicação de políticas para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Requião (Mobiliza)
Foi o candidato que demonstrou maior insatisfação pela ausência dos candidatos Eduardo Pimentel e Luciano Ducci. Desde a fala de apresentação, Requião fez várias críticas a esses candidatos e, também, ao prefeito Rafael Greca. Ele culpou Ducci pelo contrato do transporte público feito em sua gestão. Quanto a quem chamou de “menino Pimentel”, criticou o que chamou de “mercantilização” na gestão da prefeitura, com a privatização de setores do serviço público. Ainda sobre as privatizações, Requião fez críticas à venda da Copel. Ele propôs estatizar o transporte público de Curitiba e fomentar a formação continuada dos servidores públicos.
Samuel de Mattos (PSTU)
Posicionou-se como um candidato de oposição e fez críticas até ao presidente Luiz Inácio Lula da Lula (PT). Chamou o candidato Pimentel de “piá de prédio”, pois “não sabe o que é uma carteira assinada”. Defendeu a legalização do aborto, a demarcação de terras indígenas e, também, a estatização do transporte público. Citou as queimadas e responsabilizou o agronegócio pela crise ambiental que o país vem sofrendo.