PUCPR recebe organizadores do show icônico de Ludmilla no Rock in Rio

por Giovana Juliatto Bordini
PUCPR recebe organizadores do show icônico de Ludmilla no Rock in Rio

Líderes da equipe criativa que realizaram o show contaram bastidores da produção e mostraram as possibilidades do mercado

Por Ana Rossini, Annelise Mariano, Giovana Bordini, Lorena Motter, Valentina Nunes e Victor Gambetta | Foto: Helene Mendes

A Escola de Belas Artes da PUCPR recebeu, na última sexta-feira (21), seis profissionais que integraram a equipe criativa que montou a apresentação da cantora Ludmilla no Rock In Rio 2022. Os convidados revelaram detalhes do processo criativo e arquitetônico do espetáculo, que foi realizado no festival em 10 de setembro, além de compartilharem histórias dos bastidores. O evento com a equipe de produtores ocorreu no auditório Maria Montessori, no Bloco Amarelo da PUCPR, em Curitiba.

[box type=”bio”] Ludmilla fez o melhor show nacional no Rock In Rio 2022

Estreando seu primeiro show solo no Rock In Rio, Ludmilla ganhou título de “Melhor Show de Artista Nacional da Edição” em 2022. Na noite do último dia do festival, realizado em 11 de setembro, na Cidade do Rock, a artista reuniu multidões para o show de encerramento no Palco Sunset, o segundo maior, depois do Palco Mundo.

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O evento foi mediado e organizado pela professora do curso de Arquitetura e Urbanismo Juliana Cararo. De acordo com a docente, um dos principais objetivos da realização do evento – que, inicialmente, seria realizado em sala de aula, mas foi ampliado para o auditório – era mostrar como a produção do show se valeu de competências de todos os cursos da Escola de Belas Artes. “De início, nosso evento era somente para o curso de Arquitetura. No entanto, um show assim tem coisas muito além do cenário, e percebemos que havia muitos profissionais envolvidos, cada um trabalhando com a própria especialidade. A colaboração é muito importante para se criar um show como esse”, disse a professora.

A atual tendência multiprofissional do mercado também foi citada pela organizadora do evento. Para Juliana, é importante que os estudantes tenham clareza sobre a possibilidade de customizar o próprio curso dentro da universidade, expandindo as áreas de conhecimento, para que haja melhor comunicação e trabalho em equipe.


Show buscou transformar Ludmilla em “ícone” 

Ex-estudante de Design Gráfico e agora professora de pós-graduação Digital da PUCPR, Drica Lara foi a pessoa por trás de toda a direção criativa da apresentação de Ludmilla no Rock In Rio. A egressa ficou muito emocionada ao relembrar a própria trajetória com alguns antigos professores que integraram sua carreira acadêmica. Durante todo o processo, uma das tarefas mais importantes para tornar o projeto realidade era entender a dinâmica do espetáculo, tanto presencial quanto da transmissão na TV. “Uma das nossas preocupações era que o show estivesse sendo assistido pelo pessoal de casa com a mesma emoção das pessoas que estivessem lá. Queríamos um momento inesquecível”, comenta a designer.

Drica, inicialmente, recebeu o convite através de um briefing preparado pela equipe da cantora. Dentro do projeto, foi requisitado um vídeo de abertura, a ambientação da performance em cima da música “Rainha da Favela” e, também, a retomada das cores da bandeira brasileira, com a estética Brasil Core, com roupas em verde e amarelo.  Ao mesmo tempo, foi pedido que se mantivesse o entretenimento durante toda performance “Nós precisamos transformar a Lud em um ícone”, disse Drica. 

Após todas as demandas, os organizadores buscaram referências em shows de artistas internacionais, sendo as principais delas as cantoras Doja Cat e Meghan The Stallion, que se apresentaram no festival Coachella  de 2022; e o rapper Kanye West. “Queríamos mudar o mundo, fazer todos olharem para o palco Sunset. E, bom… pelo o que vimos, nós conseguimos”, celebrou Drica.

Ana Sikorski e Katia Azevedo, do Moca Arquitetura, foram as responsáveis por pensar na estrutura do palco e seu funcionamento. Elas contaram que a cantora participou ativamente de todo o processo, e que muito foi exigido para trazer à tona o que Ludmilla tinha em mente, pois o essencial era atingir suas expectativas. “Pela primeira vez, o palco Sunset foi alterado”, contaram.

A equipe ficou 10 dias no Rio de Janeiro e relevou que trabalhou em ritmo frenético nesse período. Mariana Pitta, do Laboratório de Entretenimento, conta sobre o tempo curto de 20 minutos para a montagem do cenário e a imensidão dos 60 minutos de apresentação. “O tempo inteiro a gente tem que lidar com improviso, mudanças de planos e correr riscos. Nós resolvíamos um problema e surgia outro”, relata. “Existia um cubo no meio da passarela que subia durante a apresentação, e eu só consegui respirar aliviada depois que ele desceu”, exemplifica Mariana.

A produção musical ficou sob responsabilidade do produtor Nave Beatz, ganhador do Grammy Latino. A trilha do vídeo de abertura foi inspirada na versão orquestral do filme “Pantera Negra”, de 2016. “A artista queria algo que representasse tudo o que culminou naquele momento em sua carreira, que foi uma trajetória triste e desafiadora, durante esses 10 anos”.

Por conflitos de agenda de trabalho, o estilista de Ludmilla, Alexandre Vorgo, não pôde comparecer ao evento na PUCPR, mas Drica apresentou brevemente o que foi feito por ele. Cerca de quatro looks foram idealizados para a cantora, além dos figurinos para os dançarinos do balé da cantora. A equipe de styling precisava deixar explícito o empoderamento que a Ludmilla traz consigo por ser uma mulher preta, periférica e bissexual.

Complexidade da produção impressionou estudantes 

Os seis profissionais finalizaram a palestra contando o quão gratificante foi ver todo o espetáculo pronto. Outro ponto recompensador foi a repercussão que o projeto teve nas mídias, já que o show juntou a expertise de profissionais de variadas áreas.

Ao final do evento na PUCPR, a professora Juliana ressaltou que espera que os alunos tenham sentido um crescimento com o vislumbre das oportunidades que existem de se trabalhar com profissionais multicompetentes.

Para os estudantes que participaram do evento, o que ficou marcado foi a possibilidade de integrar outras áreas de atuação em suas graduações, podendo ingressar em campos para além dos usualmente conhecidos. A estudante de arquitetura Ellen Kido elogiou a dinâmica da palestra, e citou que houve interesse em buscar mais sobre os assuntos abordados. “Apesar de saber que a arquitetura é uma área muito ampla, ainda não tinha conhecimento de que a produção de cenários também pode fazer parte”, comentou Ellen. A parte que mais chamou a atenção da aluna foi a complexidade que existiu por trás do show.