Audiência de telejornais aumentou 17% com a pandemia

por Eduarda Fiori
Audiência de telejornais  aumentou 17% com a pandemia

Aumento se deu principalmente porque a televisão é principal fonte de informações sobre o Covid-19 para os brasileiros, segundo o Datafolha

Por Eduarda Fiori

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, a procura pela informação no Brasil e no mundo trouxe um aumento significativo de audiência para os programas jornalísticos de televisão, com um crescimento de 17% em março, segundo dados do Kantar IBOPE Media. Principalmente no início da pandemia, no dia 11 de março, a televisão foi a principal fonte informação sobre a Covid-19, segundo 81% dos entrevistados pelo Datafolha.

Mesmo com o forte impacto da Era Digital que vivenciamos, a televisão sempre foi – e continua sendo – extremamente importante na vida dos brasileiros, explica Maura Oliveira Martins, jornalista e doutora em Ciências da Comunicação. “Estamos vendo que as pessoas passam mais tempo em casa, em home office ou outras funções e por isso estão assistindo à televisão mais tempo que o normal.”

O Jornal Nacional foi o telejornal mais assistido pelos brasileiros, com uma audiência de 34,2 pontos nas 15 capitais pesquisadas, entre 16 à 22 de março. O aumento foi de 7,5% em relação ao ano anterior durante o mesmo período. O Jornal da Record veio em seguida com 9,3 pontos nas 15 capitais e contou com um aumento de 5% na audiência. Por último veio o Jornal da Band, com 3,5 pontos que obteve um aumento de 1%, segundo dados do Kantar IBOPE Media.

O aumento de audiência não aconteceu apenas no Brasil. Os chineses gastaram mais da metade do tempo assistindo aos noticiários em 2020, com 18,5 horas por semana contra 9 horas no ano passado. O Reino Unido, os Estados Unidos, a Alemanha, a Espanha, a Coreia do Sul e a Argentina, obtiveram um aumento de 5% no consumo de notícias no início pandemia, segundo levantamento da Reuters Institute. É importante destacar que os bons índices de audiência provavelmente serão provisórios e podem não permanecer após a pandemia, explica Maura.

O consumo de televisão entre os telespectadores mais jovens também está aumentando em época de pandemia, seguido por redes sociais, com 29%. No Brasil, o crescimento do público de 12 à 17 anos na audiência é de 30%, quando analisamos os dados de 18 de março, segundo o Kantar IBOPE Media. O Reino Unido também observou um mesmo aumento de 32% entre pessoas com menos 35 anos na audiência da televisão, em relação a audiência de antes da pandemia, segundo a pesquisa da Reuters Institute. No caso dos mais jovens, o consumo de televisão tem grande influência pelo complemento de celulares e redes sociais, “Chamamos de segunda tela, é um fenômeno em que as pessoas assistem TV e compartilham suas opiniões sobre os programas, ao mesmo tempo, em suas redes sociais.” refere a jornalista.

“Por estar presa dentro de casa, acabo assistindo a mais telejornal”, comenta Marina Foresti, estudante de 20 anos, que mesmo assistindo à programas jornalísticos, prefere se informar pelas redes sociais. Por outro lado, Isabelly Soares, administradora de 22 anos, conta que não possui tempo para assistir televisão, além de preferir ler reportagens online. “O telejornal acaba mostrando muitas coisas ruins também, que acaba me afetando emocionalmente.” 

Pesquisas divulgaram os principais motivos para consumo de telejornais no Brasil, a atuação do governo federal contou com 81,46% de procura, sendo o principal deles, principalmente pelo cenário de insegurança e incertezas que a pandemia proporcionou, de acordo com Maura. Logo em seguida a divulgação de descobertas científicas obteve 73,89% e números total de óbitos e casos confirmados da doença com 59%, segundo pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Em situações como a pandemia, fontes confiáveis que centralizam as informações trazem mais segurança para telespectadores. “Apesar do discurso anti-jornalismo que se espalha por várias frentes, creio que seu efeito ainda é impactante e boa parte da população confia mais nas instituições jornalísticas profissionais do que nas amadoras”, avalia Maura. A jornalista ainda completa que a televisão desempenha uma função mais complexa que a informativa, pois também serve de companhia e conforto para seus consumidores.