Reclamações envolvendo gatos em Curitiba diminuem em 33% no último trimestre

por Beatriz Tsutsumi
Reclamações envolvendo gatos em Curitiba diminuem em 33% no último trimestre

ONG relata aumento aproximado de 4 vezes nos abandonos a partir dos pedidos de resgates

Por Beatriz Tsutsumi | Foto: Beatriz Tsutsumi

No primeiro trimestre de 2022, as queixas (reclamação, denúncia e solicitação) envolvendo gatos na cidade de Curitiba diminuíram em 33,4% em relação ao ano passado. Os dados coletados baseiam-se nos últimos três meses disponibilizados na base de Dados Abertos da Central 156 da Prefeitura de Curitiba, principal canal de comunicação entre os cidadãos e a prefeitura da cidade. A plataforma possui diversas categorias, dentre elas informações, elogios, denúncias e reclamações. No primeiro trimestre de 2021, o número datado foi de 1446, já em 2022, um total de 962, mostrando uma queda em relação ao ano anterior.

Os serviços que envolvem animais são atendidos pela Rede de Proteção Animal de Curitiba. O setor, criado em 2009 voltado para a proteção e cuidados animais, conta com um sistema de ambulância, que atende as denúncias de maus tratos, situações de riscos e as solicitações, maior parte delas sendo a remoção de animais mortos ou atropelamentos. 

A veterinária da Rede de Proteção Jessica Valente detalha sobre o serviço da ambulância e explica que a maior parte dos resgates de gatos realizados pelo setor são geralmente situações de acúmulos. “A ambulância resgata todos os animais desde 2019. E a maior parte da nossa demanda, principalmente dos cães, vem dela. Já os gatos, alguns são casos de atropelamentos, mas a maioria dos resgates são condições mais críticas de pessoas em situações de acúmulos, e então a gente pega, castra e põe para adoção aqui na Rede.”

As adoções da ONG Crazy Cat Gang, que tem seu trabalho voltado apenas para felinos, também diminuíram no primeiro trimestre do ano, com uma baixa de 38% em comparação ao último ano. Os dados coletados são da própria entidade que ainda realiza resgates e a técnica de controle: captura, esterilização e devolução, mais conhecida como CED. No entanto, essa ação é aplicada aos gatos ferais ou que não estão acostumados com o contato humano, são apenas devolvidos e não adotados, sendo assim não computados.

A presidente da ONG Andreza Soinegg desabafa sobre a situação do abandono e mesmo que haja um número estimado de gatos abandonados na região, estima-se que seja maior devido a rápida reprodução dos felinos. “Resgatar não resolve o problema do abandono, ou da triplicação dos gatos de Curitiba, porque não existem dados que digam quantos animais felinos têm na região, não tem como contabilizar. Até tem um número aproximado, mas a gente acredita que seja 3 vezes maior por conta da reprodução mais rápida dos gatos”, diz.

Andreza relata ainda um aumento de cerca de 4 vezes nos abandonos com base nos pedidos e denúncias que a ONG recebe .”As pessoas têm abandonado 4 vezes mais hoje em dia, e o que tem acontecido bastante são pessoas que se mudam e largam os gatos, e esses gatos são de contato humano que não sabem caçar. Então eles começam a invadir os lugares e as pessoas não gostam, maltratam, ameaçam ou até envenenam.”

Também de Curitiba, outra ONG que realiza adoções e resgates exclusivos de gatos é a Casa dos Gatos. A responsável pelo projeto e engenheira Aline Marques Leutner conta que iniciou as atividades somente com o intuito de CED, mas que com o passar do tempo percebeu que os filhotes e alguns gatos eram doáveis. Apesar de ter suspendido suas atividades em 2020, o programa retornou em 2021 e realizou um total de 982 resgates e 879 adoções no ano. Os dados do projeto são anuais, mas em 2022 já foram realizados 390 resgates e 275 adoções, os valores têm como base até o mês de abril.

A engenheira reforça ainda sobre a conscientização das adoções com o “gatil” do projeto, dado que algumas vezes os adotantes se levam pelo embalo dos filhotes, e tardiamente percebem a responsabilidade de criar e cuidar de um animal. “A maior conscientização que a gente faz é chamar as pessoas para conhecerem o gatil antes de adotar, porque elas veem o tanto de gatos e filhotes aqui, mas na semana seguinte já vão ter outros diferentes, é um choque de realidade essa mudança”. Aline também explica que apesar de desagradável, é melhor para o animal voltar ao abrigo, já que receberá os cuidados necessários. “Eu facilito a devolução porque a gente sabe que ele vai ter os cuidados adequados, vai ser tratado caso fique doente e no fim vai ter o destino correto.”