Instalação da Electrolux em São José dos Pinhais exigirá investimentos em formação profissional

por Emilly Kauana Alves
Instalação da Electrolux em São José dos Pinhais exigirá investimentos em formação profissional

O projeto de lei para a desapropriação de terrenos, que permite a instalação da empresa na região do Agaraú, foi aprovado no final de março

Por Emilly Kauana Alves, Larissa Croisfett e Milena Bilino | Foto: Divulgação Electrolux

Depois de anunciada a intenção da multinacional Electrolux instalar em São José dos Pinhais uma nova planta, representantes dos trabalhadores na indústria de eletrodomésticos e autoridades municipais cobram investimentos na formação de profissionais. No final de janeiro, foi assinado o Protocolo de Intenções entre a multinacional Electrolux e a Prefeitura de São José dos Pinhais, documentando o interesse da empresa em um terreno de 1,6 milhão de metros quadrados na região do bairro Agaraú.

A partir daí, foi criada uma Comissão Especial para garantir a transparência nas negociações. A Comissão, presidida pelo vereador Samuel Pinheiro (PRB), aprovou, no dia 30 de março, o PL 677/2023, que permite a desapropriação por utilidade pública de imóveis privados para conceder terrenos de construção à empresa.

De acordo com o relatório final, a firma pretende investir R$ 700 milhões na primeira fase de instalação, e gerar cerca de 1,9 mil empregos (diretos e indiretos) até o final desta fase. No entanto, de acordo com o vereador Alex Purkote (Cidadania), membro da Comissão, não é possível ter uma estimativa exata da quantidade de empregos que serão ofertados aos moradores de São José. “Pode chegar a 20%, a 30%, até mais, mas isso vai depender da qualificação”.

Cursos profissionalizantes

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Aparelhos de Refrigeração, Aquecimento, Tratamento de Ar e Similares de Curitiba e Região (Seletroar) reafirma a relevância da formação técnica para a população local: “O processo de automação de atividades industriais é um processo irreversível que ocorre no mundo todo.

Ele acarreta, por um lado, a diminuição de postos de trabalho de atividades mais repetitivas e limitadas; e, por outro lado, gera um aumento de demanda de trabalhadores com habilidades e conhecimentos mais especializados. Por isso ,é fundamental os programas de capacitação de qualificação da nossa força de trabalho”. Apesar disso, ainda não há negociações em relação a isso.

Na comissão especial realizada no dia 30 de março deste ano, foi citada a necessidade do município com parceria ao SINE ( Sistema Nacional de Emprego).  O vereador Alex Purkote  ainda comentou que a empresa sugeriu ofertar cursos que possam garantir a mão de obra partindo da comunidade local assim que as funções forem decididas. Além disso, ele afirmou que há um “pré- acordo de que essas vagas partem do próprio SINE de São José, dando preferência inicial para os moradores da cidade.

Dito isso, o governador Carlos Massa Ratinho Junior e o presidente da Electrolux América Latina, Leandro Jasiocha, assinaram oficialmente nessa terça-feira (2) o protocolo de intenções que inclui o projeto no programa de incentivos fiscais do Estado. A nova unidade contará com um sistema sustentável, sendo apenas a primeira na América Latina com zero emissões de carbono e com operação de energia 100% renovável.

 

Imagem da sessão ordinária que aprovou em segundo turno Projetos de Lei para a cidade| Foto: Câmara Municipal de São José dos Pinhais

 

Desapropriação dos imóveis  

“A Prefeitura está tratando agora do pagamento das indenizações dos terrenos, que isso ainda leva mais uns 30 dias. A partir daí começa as novidades, que eu acredito que deve ser a parte de infraestrutura, novos projetos e atendendo a questão da geração de empregos”, diz o vereador Alex Purkote (Cidadania).

Em relação às negociações sobre os terrenos, ainda existem opiniões divididas. O valor inicial proposto pela Comissão Especial seria entre R$20,00 e R$30,00 por metro quadrado. Porém, pelo valor do mercado imobiliário atual, os terrenos valem entre R$30,00 E R$35,00. De modo geral, as expectativas sobre a instalação da multinacional são otimistas. “Nossa expectativa geral em relação ao processo de ampliação da atividade produtiva da Electrolux é muito positiva pois investimentos na área industrial de nosso país e, especificamente, em nosso estado são sempre bem vindos.”

“A gente espera que com a empresa as coisas aconteçam realmente conforme combinado, conforme a audiência que eles prometeram, a infraestrutura, melhorias, valorização, melhoria do comércio local, questões sociais. Então é isso que eu vou esperar. Meu papel daqui pra frente quando isso acontecer, que se instale realmente a empresa, é acompanhar para que aquilo que foi combinado seja cumprido. Acho que esse é o nosso principal fator daqui pra frente.”

Até agora, está decidido a concessão da área por 25 anos à Electrolux, incentivos tributários como a redução de alíquota de alguns serviços e isenções de IPTU e ISS durante a construção do empreendimento.  Também, a população espera o comprometimento da Prefeitura em fornecer transporte, vias de acesso, entornos para o escoamento da produção; e com o suporte do governo estadual, energia elétrica, água e esgoto, gás natural e rede de comunicação e internet.

Para o morador Guilherme Buhrer,  “parece ser algo vantajoso para as pessoas que moram nas proximidades pela geração de novas oportunidades de emprego e também pela valorização dos terrenos/imóveis próximos a região”. Guilherme também cita pontos negativos: “A questão de quem terá seus terrenos comprados por preços inferiores ao normal, sendo muito barato, pode prejudicar algumas pessoas, além da poluição visual, poluição sonora e o impacto ambiental ao decorrer do tempo”.